Aumentou para seis o número de pessoas que foram detidas na Grande Vitória acusadas de participação em um esquema criminoso no setor atacadista e varejista de bebidas no Espírito Santo. Sandra da Penha da Silva Corteletti se entregou na tarde desta quarta-feira (28).
Sandra é mulher do empresário Ricardo Corteletti, que também está detido. Ela se entregou acompanhada de um advogado no Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPES).
Outro empresário detido é Frederico de Lima e Silva Leone. Além de Sandra, Frederico e Ricardo, os outros detidos foram Cristiano da Silva, João Batista Tomás de Carvalho e Juscelino de Jesus Carvalho. Apontados como intermediários do esquema, os três foram ouvidos prestaram depoimento ao Ministério Público nesta quarta-feira (28).
As prisões fazem parte da “Operação Sanguinello”, deflagrada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES). De acordo com o MPES, somente no Espírito Santo, o esquema de sonegação teria desviado cerca de R$ 230 milhões.
Em Minas Gerais, tiveram a prisão decretada: Eire Salomão Barbosa, Daniel Angelo Lima, Gilvan Inacio Villefort, Waleska Veloso de Souza, Solange Aparecida Silva Borges e Lacy Junior.
Apurou-se ainda que a empresa NEWRED, uma importadora de bebidas sediada em Vila Velha/ES, emitia documentos fiscais para acobertar a venda de mercadorias para Brasília/DF e outros Estados da Federação. Esses produtos, na verdade, eram descarregados em MG, em empresas localizadas na região do Ceasa/MG, os reais beneficiários do esquema criminoso. Para justificar a entrada da mercadoria e acertar o estoque, os verdadeiros destinatários valiam-se de notas fiscais “emitidas” por empresas fictícias, a maioria delas de Itaúna/MG. A estratégia permitia que o ICMS incidente nas operações fosse assumido por essas empresas de fachada, constituídas em nome de “laranjas”.
A operação consiste no cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária, emitidos pela Vara da Central de Inquéritos de Vitória, além da realização de diligências fiscais e efetivação de ordens judiciais de sequestro de bens, ativos e valores supostamente desviados, visando à restituição das quantias sonegadas.
Os trabalhos visam a estancar todas as causas e vertentes do esquema fraudulento, bem como colher provas e informações para futuras autuações fiscais e ações penais, além de atingir os mentores, executores e beneficiados das práticas investigadas, e ainda possibilitar o cálculo dos reais prejuízos aos cofres públicos.
A operação e as investigações são realizadas em parceria com Ministério Público, a Secretaria da Fazenda e a Polícia Civil de Minas Gerais, onde também são realizadas buscas e apreensões, tendo em vista que as fraudes se estenderam por municípios de Minas Gerais e Rio de Janeiro. A Fazenda e a polícia mineira enviaram servidores para colaborar com as ações no Estado.
No Espírito Santo, a operação mobiliza cinco promotores de Justiça, 30 auditores fiscais e 50 policiais militares, além de servidores de todas essas instituições. Em Minas Gerais, conta com a participação direta de quatro promotores de Justiça, 32 auditores fiscais e 60 policiais civis.
As investigações tiveram início em outubro de 2013, a partir de levantamentos feitos pela Receita Estadual e o Ministério Público do Espírito Santo e de Minas Gerais. Os fatos se tornaram mais evidentes a partir de fevereiro de 2014, quando um empresário, proprietário de um restaurante em Vila Velha, denunciou crimes de sonegação fiscal, associação criminosa e falsidades de toda ordem em sua página de uma rede social pouco antes de suicidar. O episódio corroborou com o trabalho que já vinha sendo executado pelo Ministério Público e a Receita Estadual do Espírito Santo.