Abuso sexual

Pastor é preso suspeito de abusar de filhas de fiéis na Serra

As vítimas, hoje adultas, denunciaram que foram violentadas quando tinham entre 6 e 12 anos. "Pastor" as convidava para banho de piscina

Foto: Montagem/ Folha Vitória
Foto: Montagem/ Folha Vitória

Um homem, de 65 anos, que se apresentava como pastor e hoje trabalha como motorista de trator, foi preso no município da Serra suspeito de estuprar pelo menos seis meninas, com idades entre 6 e 12 anos. Os abusos aconteciam após o investigado convidar as vítimas para tomar banho de piscina.

Segundo a Polícia Civil, as vítimas, que atualmente possuem de 18 a 28 anos, denunciaram os abusos para a corporação no dia 23 de janeiro.

Uma delas, após frequentar um psicólogo, conseguiu revelar o crime para a irmã, que a incentivou a levar o caso para a polícia. Três vítimas eram filhas de sobrinhos e outras sobrinhas.

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Quatro vítimas compareceram à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) com uma advogada, onde relataram os abusos.

Depois da denúncia, outras duas vitimas também relataram o crime, que acontecia desde 2005.

Em entrevista coletiva realizada na tarde desta quinta-feira (30), a titular da DPCA, delegada Thais Cruz, explicou que entre as vítimas estão duas sobrinhas do abusador. Ela narrou como o criminoso agia.

“Ele acabava convidando, pedindo autorização dos pais, para levar as filhas para tomar banho de piscina e brincar com as filhas. Os pais acabavam deixando por ele ser casado e um homem íntegro da igreja”, narrou a delegada.

Pastor praticava os abusos na piscina de casa

A delegada descreveu, conforme relato dado pelas vítimas, que o pastor praticava os abusos no momento que chamava as crianças para tomar banho de piscina na casa, que estava em construção.

Ele falava que ia fazer uma brincadeira de redemoinho e mexer as mãos. No momento que mexia as mãos, a água ficava agitada, ele aproveitava para passar a mão nas partes íntimas delas. Muitas vezes por dentro da roupa, por dentro do biquíni. Ele também levava as crianças para uma ‘casinha’, onde abusava sexualmente delas”, disse.

Além disso, diante da situação de construção da casa, o pastor fazia as crianças brincarem com cimento, com objetivo das meninas ficarem sujas e dar banho nelas.

“Ele dava banho nelas e aproveitava para abusar. Forçava a dar beijos e obrigava a praticar sexo oral nele”.

Ainda segundo a delegada, o suspeito era casado, entretanto, a esposa não tinha conhecimento dos abusos.

“Ela estava em casa, trabalhando ou fazendo trabalho de casa, nunca presente no momento dos abusos”.

Vítima falou sobre abusos após anos

Durante a investigação, foi identificado que uma das vítimas tomou coragem de relatar a violência sofrida durante uma sessão de terapia com um psicólogo.

“Apesar dos abusos terem acontecidos há mais de 10 ou 15 anos, muitas vítimas ficam marcadas. A denúncia começou quando uma delas, durante uma sessão de terapia, conseguiu revelar o abuso sexual sofrido na infância”, narra a delegada.

A partir da situação, a mulher revelou para um conhecido, sendo constatado que outras crianças poderiam ser vítimas.

Outras vítimas surgiram com o passar dos anos

Com as investigações, a DPCA conseguiu identificar seis vítimas, entretanto, a delegada desconfia da possibilidade de outros abusos terem sido realizados pelo pastor.

“Possivelmente teremos outras vítimas, porque todas falaram que outras crianças frequentavam a casa dele até hoje para tomar banho de piscina. Por isso, a gente representou para a prisão dele”, destacou.

O mandado de prisão foi cumprido no dia 27 de janeiro. Segundo a Polícia Civil, o pastor negou todas as acusações e afirmou que a denúncia iria “cair por terra”.

Ele negou, falou que não sabe o motivo, que a acusação iria ‘cair por terra por ele ser religioso’. Inclusive, no deslocamento da prisão dele até a DPCA, ele veio orando e cantando, falando que ‘Deus iria tirar a acusação’”, diz a delegada.

Delegado-geral alerta pais e mães

O delegado-geral José Darcy Arruda alerta pais e educadores a ficarem atentos até mesmo às pessoas que se passam por cidadãos “de boa-fé”.

”Ele usava a boa-fé das pessoas. Queremos alertar aos pais, mães, que fiquem atentos. Tem pessoas que não agem de boa-fé e quando isso acontece cria um trauma quase irreversivel na vida dessas crianças. Pedimos aos pais que olhem e observem essas pessoas e caso ocorra, vamos encontrar e prendê-los”, disse.

O suspeito foi preso preventivamente e vai responder pelos crimes de estupro de vulnerável.

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão Produtor Web
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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória