Pastores capixabas reagiram à prisão de um homem de 29 anos após invadir uma igreja durante um culto em Nova Itaparica, Vila Velha, na noite de domingo (15). O homem chegou a subir ao altar da igreja e arrancar uma bandeira de Israel, que estava no púlpito. O suspeito ameaçou o pastor e todos os fiéis de morte no local.
Para o pastor Romerito Oliveira da Encarnação, presidente do Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política do Espírito Santo (Fenasp-ES), o ato foi uma demonstração de preconceito religioso contra os frequentadores da igreja.
De acordo com o religioso, diversos cristãos têm sido vítima de preconceito no Brasil por conta da prática de sua fé e do apoio dispensado a Israel no conflito contra o grupo terrorista Hamas, no Oriente Médio.
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“O FENASP/ES tem orientado os pastores para estejam atentos durante os cultos e celebrações nas igrejas, Cristãos estão sendo vítimas de intolerância religiosa por meio de ofensas, ameaças e agressões simplesmente por orar pela paz em Israel”, afirmou.
Ainda segundo ele, a invasão deve ser punida pelas autoridades competentes. Além disso, o pastor afirma que é necessária a união para a preservação da pluralidade de ideias e de religião no país.
“Esse é um episódio absurdo de intolerância religiosa que deve ser rechaçado por todos que defendem a preservação do Estado Democrático de Direito, bem como a diversidade e pluralidade de pensamento e religião, não se pode admitir que ameaças, hostilidades e agressões contra igrejas sejam aceitáveis em uma democracia como o Brasil”, disse.
“Não acredito que se trata de intolerância”, diz presidente da Apev
Ainda que o susto tenha sido grande durante o tumulto no último domingo, alguns religiosos não acreditam que o ato represente intolerância religiosa, mas sim um episódio isolado.
É o caso do pastor João da Penha Brito Filho, presidente da Associação de Pastores de Vitória (Apev) e da Missão Evangélica Cristo Vive, no mesmo município.
Para o religioso, o ato seria um episódio isolado e motivada por desconhecimento dos textos bíblicos, principalmente sobre como a escritura se refere a Israel e também à Palestina.
“Acredito ser um fato isolado, vindo de alguém que dentro do contexto atual vivido na região de Israel, teve esta atitude diferente. A Bíblia nos ensina que o amor de Deus e a salvação é para todos, incluindo os Palestinos”, disse.
Segundo o pastor, a decisão de hastear a bandeira de Israel no púlpito demonstra o compromisso de oração que algumas denominações firmam, assim ocorre com a bandeira do Brasil e do Espírito Santo.
Apesar disso, o religioso afirma que o caso deve ser apurado e o responsável deve responder por suas atitudes durante a invasão da igreja.
“O que se espera é que como todo ato que infrinja a lei e a liberdade de expressão do outro, seja apurado e o executor devidamente responsabilizado pelas autoridades”, finalizou.
Homem afirmou ser do Hamas e do Comando Vermelho
O homem de 29 anos que invadiu o culto de uma igreja no bairro Nova Itaparica, em Vila Velha, teria afirmado ser membro do Hamas e até da facção criminosa Comando Vermelho, enquanto estava no local.
O pastor que ministrava o culto contou ao Folha Vitória que o fato aconteceu logo no início da celebração, quando todos estavam de joelhos, em oração. Segundo ele, o homem participava da reunião a convite de um dos membros da igreja.
“Ele disse que Deus mataria todos que estavam na igreja, nos xingou e ameaçou matar quem se aproximasse dele, para tentar retirá-lo do altar. Em um momento, ele disse que pertencia ao Hamas (grupo terrorista islâmico que está em conflito com Israel), mas em outro disse que era do Comando Vermelho (organização criminosa do Rio de Janeiro). Estava totalmente fora de si.”
Segundo a Polícia Civil, o homem foi autuado em flagrante por ameaça, injúria e intolerância religiosa. Em seguida, ele foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana.
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