Moradores de bairros e comunidades de Vitória dominados por facções criminosas relatam um cotidiano pautado por medo e violência. Muitos criticam as ações ou a falta da presença das forças de segurança pública.
“Parece até que a polícia está envolvida com eles. Porque os traficantes passam pelas ruas, a polícia passa também. Soltam aquele monte de foguete e a polícia não faz nada”, reclama uma moradora.
> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas pelo WhatsApp? Clique aqui e participe do nosso grupo de notícias!
Dando continuidade a uma reportagem especial exclusiva, a equipe da TV Vitória/RecordTV conversou com quem enfrenta um cotidiano pautado pelo fogo cruzado do tráfico de drogas e fica de mãos atadas diante da violência.
Por questões de segurança, a identidade dos entrevistados, homens e mulheres de bairros como Bairro da Penha, Bonfim, São Benedito, Consolação, Gurigica e Itararé, será preservada.
Eles reclamam que a presença da Polícia Militar e Civil surte pouco efeito frente às atividades de grupos criminosos, que continuam depois que os agentes de segurança vão embora.
LEIA TAMBÉM:
> PCV: facção treina crianças para atuarem como soldados do tráfico; moradores relatam dias de medo
> PCV: entenda como funciona a maior organização criminosa do ES
“A gente vê a polícia passando quando acontece alguma coisa. Tem tiroteio e, daí a pouco, a gente vê a polícia. Eu não costumo ver muita polícia não. Antigamente tinha uma base da polícia na pracinha na época em que aconteciam vários assassinatos. Depois que diminuiu na pracinha, a polícia não fica mais”, relata uma mulher.
Polícia Militar diz que táticas diferentes são utilizadas conforme situações
A Polícia Militar diz que mantém a presença constante nas comunidades e bairros de Vitória afetados por grupos criminosos e que realiza estratégias diferenciadas, de acordo com as situações.
“Nós temos um patrulhamento no Bairro da Penha e em São Benedito com 12 horas, contando com 12 homens fortemente armados. Eles fazem patrulhamento e recolhem informações nos locais, alimentando nossa equipe de inteligência. Essa equipe de inteligência abastece os demais policiais com essas informações. Temos informações também vindas do Disque-Denúncia, pelo 181, que também se une ao nosso trabalho. Fora os meios eletrônicos que temos a fim de detectarmos esses indivíduos criminosos”, explica o coronel Douglas Caus, comandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo.
Nos bairros em que o tráfico de drogas é muito presente, as estratégias de atuação da polícia são diferentes para agir em cada área. Nos locais dominados pelas facções, a força armada nem sempre é o melhor caminho.
“Se você tem um traficante não-faccionado, que age somente naquele bairro, nós vamos com a rádio patrulha, com a inteligência, para prender o gerente do tráfico. Quando você vai para as regiões em disputa pelas facções, a polícia realiza patrulhamento, serviço de inteligência e mais a saturação qualificada com a Força Tática, Batalhão de Missões Especiais e o Baque”, explica o coronel.
A lei do silêncio é imposta como regra clara nas comunidades. Quem fala o que não deve, pode ser punido por bandidos, mas, às vezes, o medo de perder a vida de forma inocente é maior que o de passar informações.
“A gente pede ao cidadão capixaba que use o Disque-Denúncia. O 181 tem nos ajudado muito. O sigilo de quem usa o serviço é preservado na íntegra”, garante o coronel.
“A própria tropa que faz o percurso do patrulhamento recebe informações de moradores em que eles apontam nomes e onde os suspeitos estão escondidos. Isso também colabora com o trabalho da Polícia Militar”, acrescenta.
* Com informações da repórter Nathália Munhão, da TV Vitória/RecordTV