Quase três anos após a morte de um jovem inocente durante uma tentativa de assalto em um ônibus, em Vitória, a Justiça decidiu que o subtenente Claudison Barbosa, suspeito de cometer os disparos que mataram Cleverton Oliveira Cabral, irá a júri popular.
Em depoimento à polícia, o militar assumiu a autoria dos tiros, mas alegou que os fatos relatados não aconteceram da maneira como foram narrados pelas testemunhas. Segundo Barbosa, o homem apontado como autor do assalto teria reagido no momento da abordagem e, por isso, o policial efetuou dois disparos contra o suspeito. Ainda de acordo com o militar, Cleverton teria esboçado reação após a sequência de tiros e, por isso, o subtenente também atirou contra o rapaz.
Depoimento do assaltante
Fábio Pereira dos Santos, na época com 36 anos, apontado como autor do assalto, disse, em depoimento à polícia, ter visto o jovem caído com a cabeça no chão e os pés na escada do meio do ônibus. Ele afirmou ter reconhecido a vítima como sendo o menino escolhido para recolher os pertences dos passageiros.
Santos foi condenado, em outubro de 2017, pelo crime de roubo, com pena estipulada em 11 anos no regime fechado. Segundo a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), o criminoso permanece detido na Penitenciária de Segurança Máxima I, em Viana.
Inquérito Policial
De acordo com a Polícia Militar, o Inquérito Policial Militar foi finalizado, na época dos fatos, com existência de indícios de crime, já que houve reação por parte do subtenente após sentir-se ameaçado. A assessoria informou ainda que o policial se encontra na ativa e sem restrições para exercer as atividades policiais.
Já o advogado do subtenente informou que ele agiu em legítima defesa e no cumprimento do devido dever legal. Disse ainda que analisa a decisão do juiz de levar o réu a júri popular, para resolver se vai entrar com recurso.
Entenda o caso
O fiscal de loja Cleverton Oliveira Cabral, de 29 anos, morreu após Claudison reagir a uma tentativa de assalto a um ônibus do sistema Transcol, em Vitória, em novembro de 2016. O rapaz, segundo as investigações, não teria envolvimento com o assalto, tendo sido escolhido pelo assaltante para recolher os objetos dos outros passageiros durante o crime.
De acordo com o motorista do coletivo, o criminoso embarcou próximo a um shopping e ficou na parte da frente do coletivo. Em um ponto no cruzamento da Avenida Adalberto Simão Nader com a Dante Michelini, o suspeito, identificado como Fábio Pereira dos Santos, na época com 36 anos, anunciou o assalto portanto um simulacro de arma de fogo.
Fábio deu uma bolsa para Cleverton e disse para ele recolher os pertences dos demais. Quando percebeu que o rapaz estava nervoso, o suspeito pulou a roleta e ordenou que o jovem continuasse com a ação.
O colega de trabalho de Cleverton, que estava no coletivo no momento em que tudo aconteceu, contou que o suspeito pediu para que os passageiros abaixassem a cabeça. “Foi nessa hora que a porta abriu e esse nosso colega, que estava na nossa frente, assustado, saiu do ônibus. Foi quando atiraram nele”, disse o passageiro.
O policial à paisana Claudison Barbosa, que estava nos fundos do coletivo, é o suspeito de efetuar os disparos. Outro passageiro também foi baleado e encaminhado para um hospital na Serra. “Eu só escutei os tiros porque estava de cabeça baixa. Eu não vi quem atirou e quando olhei pela janela vi que era o nosso amigo”, contou a segunda vítima.
* As informações são da TV Vitória/Record TV