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Polícia conclui inquérito e madrasta é indiciada por torturar criança em Cachoeiro

Além da mulher, o pai do menino de três anos também foi indiciado por assumir riscos de que a vítima fosse torturada. Ela já havia confessado o crime

O menino foi assassinado por asfixia Foto: TV Vitória

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte do menino Samuel Macedo Neves, de três anos. O crime aconteceu em Cachoeiro de Itapemirim no último dia 4. De acordo com a polícia, a madrasta Juliana Vicente Pereira, de 25 anos, foi indiciada por tortura e homicídio, e o pai da criança, Eliú Rosa Neves, foi indiciado por assumir riscos de que a vítima fosse torturada.

Na manhã do dia 6 deste mês Juliana foi presa. A princípio ela alegou que o menino havia se afogado dentro de um balde de água, mas a perícia concluiu que o menino não morreu por afogamento, mas por asfixia mecânica. Além disso, segundo o delegado, a criança possuía diversas lesões na cabeça, nas costas e nos braços. A criança ainda chegou a ser levada para o Hospital Infantil, mas morreu antes de ser atendida pelos médicos.

“Ela disse que ouviu vozes do além, vozes ocultas, que mandaram ela fazer isso. Disse que não queria matar a criança”, contou o delegado.

De acordo com o delegado Guilherme Eugênio, a madrasta disse que não percebeu que estava sufocando o garoto. “O Samuel foi morto pela madrasta em um ato conhecido como asfixia indireta, que é quando uma pessoa muito mais forte do que a outra imprime o tórax da vítima até que ela não consiga inspirar ou expirar o ar. Então o que a Juliana confirma ter feito foi abraçar o peito do Samuel com muita força, impedindo-o de respirar. Ela disse que não mediu a força e que não percebeu que estava matando o menino”.

O vídeo foi divulgado pela mãe de Samuel Foto: Reprodução

Marcas de agressão 

Após o crime, a mãe de Samuel divulgou um vídeo no qual o menino aparece falando que teria sido agredido pelo próprio pai. Na gravação, Lorena Macedo pergunta à criança se Eliú havia lhe dado um soco, o que é confirmado pela criança.

Samuel morava com a avó materna em Atílio Vivácqua, também no sul do Estado, e estava passando um período na casa do pai, no bairro Nova Brasília, em Cachoeiro. Os pais dele eram separados e, por autorização do Conselho Tutelar, a criança passava alguns dias com o pai e a madrasta.

“Vozes ocultas”

A mulher surpreendeu a polícia com o novo depoimento Foto: Divulgação

Em novo depoimento à Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) do município, Juliana Vicente Pereira, de 25 anos, alegou que cometeu o crime porque ouviu “vozes ocultas”, que teriam ordenado ela a matar o menino. “Apresentada ao laudo cadavérico da criança, que revela lesões expressivas no nariz e boca do Samuel, ela confessou que de fato comprimiu o nariz e a boca do menino até que ele morresse. Inclusive gravamos o depoimento”, contou o delegado. 

No entanto, o que mais surpreendeu a polícia foi o motivo alegado por Juliana para ter matado o enteado. “Ela disse que ouviu vozes do além, vozes ocultas, que mandaram ela fazer isso. Disse que não queria matar a criança, mas que uma voz muito forte impulsionou ela a fazer isso. Não é a ideia que nós acreditamos. Nós achamos que a motivação está relacionada ao pagamento da pensão alimentícia que o Eliú (pai da vítima e companheiro da acusada) pagava ao Samuel, em desproveito do filho que a Juliana tinha com o Eliú”, ressaltou Eugênio.