Armas e pistolas foram encontradas na casa do médium João de Deus em Abadiânia (GO), durante buscas realizadas na tarde de terça-feira, 18, pela Polícia Civil de Goiás.
Nesta quarta-feira, 19, a Polícia Civil deverá divulgar detalhes da operação. Além da casa do médium, buscas foram realizadas na Casa Dom Inácio de Loyola, onde o líder espiritual faz atendimentos para fiéis. O médium está preso preventivamente desde domingo, acusado de abusar sexualmente de mulheres.
Título de cidadão espírito-santense
O médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, perdeu o título de cidadão espírito-santense. Em sessão ordinária na Assembleia Legislativa (Ales) nesta terça-feira (18), foi lido o PL 334/2018 revogando a Lei 6.395/2000, que concedeu o título ao médium.
O PL é de autoria da deputada Janete de Sá (PMN) e foi debatido e aprovado em sessão extraordinária proposta pela autora do projeto. “Conseguimos reverter uma situação que traz desconforto ao povo capixaba. São mais de 500 mulheres relatando contra ele. Ser capixaba e ser do Espírito Santo é uma honra para nós, e não poderíamos deixar que (o título) continuasse na mão de João de Deus que usa da fé alheia para cometer crimes”, disse Janete.
O Espírito Santo tem pelo menos um possível caso de vítima de abuso sexual supostamente cometido pelo médium João de Deus. A deputada Cláudia Lemos (PRB) também fez comentários sobre a importância do projeto e as denúncias contra João que estão “assombrando o cenário nacional pelas suas atitudes. Nós agora fazemos justiça a todas as mulheres”, assegurou.
Prisão
O médium João de Deus foi preso neste domingo (16) após denúncias de abuso sexual. O líder religioso, que estava foragido desde a tarde deste sábado (15), se entregou à polícia mais de 24 horas após ter sua prisão decretada pela Justiça de Goiás, na sexta-feira (14).
Denúncias
A força-tarefa, criada pelo Ministério Público de Goiás, para apurar as acusações de abuso sexual contra o médium já recebeu 506 relatos de mulheres que denunciam crimes sexuais envolvendo o médium. Há uma semana, desde que o grupo foi criado, o número de denúncias aumenta.
O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, confirmou que o pedido de prisão preventiva contra João de Deus se baseou em 15 denúncias, já formalizadas, aos policiais. Nelas, as mulheres prestaram depoimento separadamente e contaram relatos semelhantes sobre o suposto modo de agir do médium.
De acordo com o Ministério Público, há possíveis vítimas também no Ceará, Mato Grosso e Rio Grande do Norte. Anteriormente, as investigações se concentravam no Espírito Santo, em Goiás, no Distrito Federal, em Minas Gerais, em São Paulo, no Paraná, no Rio de Janeiro, em Pernambuco, Rio Grande do Sul, no Mato Grosso do Sul, no Pará, em Santa Catarina, no Piauí e no Maranhão.
Há, ainda, relatos de suspeitas em seis países: Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça. As vítimas podem fazer os relatos para [email protected].
A força-tarefa foi instituída pelo procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, e é formada por seis promotores e duas psicólogas da equipe do MP.
Há seis dias, o procurador-geral de Justiça também encaminhou um ofício-circular aos procuradores-gerais de Justiça dos MPs Estaduais e do Distrito Federal solicitando que sejam designadas unidades de atendimento para coleta de depoimentos de possíveis vítimas do médium.
Com informações da Agência Brasil!