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A Polícia Civil do Espírito Santo investiga agências que teriam vendido pacotes de viagem a clientes, mas cancelaram os passeios e não devolveram o dinheiro. Há denúncias do tipo envolvendo pelo menos duas empresas.
Uma mulher de 37 anos, que preferiu não ser identificada, contou à reportagem do jornal online Folha Vitória que estava com tudo pronto para passar um fim de semana de lazer e descanso em Paraty, litoral Sul do Rio de Janeiro. No entanto, segundo ela, o que era para ser uma viagem dos sonhos, no dia 10 de dezembro do ano passado, virou um pesadelo.
A mulher viu a oportunidade de realizar o passeio ao ver o anúncio da agência de viagens No Limite no Instagram. Interessada pelo pacote, pagou, por transferência bancária, o valor de R$ 399.
O pagamento foi realizado no dia 27 de outubro, ou seja, pouco mais de um mês antes do passeio. O responsável pela agência chegou a confirmar a viagem. No entanto, um dia antes da data marcada, ela estranhou o fato de não ter recebido nenhuma orientação da agência. Foi aí que a dor de cabeça começou.
“Eu entrei em contato pelo WhatsApp, com o número da agência, no dia 9 (véspera da viagem), mas ele só me respondeu no dia 10, informando que ela havia sido cancelada. Ele disse ainda que não sabia o motivo de eu não ter sido informada e que iria me reembolsar até o dia 16”, contou.
A data prometida chegou e ela não recebeu o dinheiro de volta. Para piorar a situação, a mulher disse que o responsável pela agência de viagens parou de responder suas mensagens.
Ela, no entanto, não foi a única a reclamar da mesma empresa. Outro cliente, que também não quis ser identificado, contou que contratou uma viagem prevista para ocorrer no dia 25 de junho do ano passado, às 20h.
Segundo registro em boletim de ocorrência, às 14h do mesmo dia, ele foi comunicado que o passeio estava cancelado por não ter o número de pessoas suficientes.
O cliente chegou a questionar sobre o estorno, mas foi informado que o dinheiro seria devolvido em até um ano. Ele afirma que, no contrato, está descrito que o aviso de cancelamento seria realizado com 24 horas de antecedência.
“Me bloquearam nas redes sociais e não consegui mais contato com eles. Expondo minha situação na internet, conheci outras pessoas que também foram lesadas por esta mesma empresa e da mesma forma que aconteceu comigo”, relatou.
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Outro grupo está tendo problemas parecidos. No entanto, dessa vez as viagens foram compradas com a agência Pé na Estrada.
O servidor público Wanderson Crisander contou que, por indicação de conhecidos, ele e um grupo de mais sete amigos compraram pacotes de uma viagem que seria realizada em fevereiro. Segundo ele, poucos dias antes da data marcada, um grupo chegou a ser criado no WhatsApp.
“Na semana da viagem, eles criaram um grupo com todos que iriam e mandaram até um contrato para lermos, mas não havia assinatura e nem reconhecimento em cartório. Um dia antes ele até disse que seria preciso efetuar mais R$ 150 de pagamento, pois o valor da alta temporada havia aumentado os custos. Com isso, muitos desistiram”, contou.
O servidor disse, ainda, que tentaram pedir, antes mesmo do dia da viagem, o reembolso de quatro pessoas, que já tinham desistido. No entanto, não houve respostas.
“Tentei fazer uma reclamação no Procon, mas verificamos que o CNPJ dele já está inativo. Com isso, só realizei o registro do boletim na polícia”, disse Wanderson, que aguarda um reembolso prometido para o dia 10 de março.
Outros clientes da mesma agência também procuraram a reportagem do Folha Vitória com reclamações parecidas. Um deles chegou a relatar que pagou cerca de R$ 3 mil para uma viagem a Gramado, mas ainda não foi reembolsado.
O que dizem as agências de viagens
Procurada pela reportagem do Folha Vitória, o responsável pela agência de viagens No Limite informou que os clientes afetados pelo cancelamento das viagens podem usar o crédito em uma nova data ou pedir o reembolso.
“Estamos trabalhando dia e noite para colocar todas as contas em dia. Com a pandemia, ficamos meses parados e agora estamos tendo pouca procura. Esse cenário de covid e a situação financeira da população não foi favorável para o turismo. Já efetuamos cerca de R$ 80 mil de estornos e agora ainda faltam uns R$ 30 mil. Acreditamos e temos fé em Deus que em uns sete meses tudo já vai estar normalizado”.
Já a agência Pé na Estrada não deu retorno até a publicação da reportagem. No entanto, na última terça-feira (22), uma publicação no Instagram informava que as atividades foram encerradas e que os clientes poderiam remarcar as viagens com outra agência.
O que diz a polícia
O Folha Vitória também procurou a Polícia Civil, com o número do boletim de ocorrência, para saber como estão as investigações. A polícia informou que o caso está sob apuração do 4º Distrito Policial.
A Polícia Civil destacou, ainda, que a população tem um papel importante nas investigações e pode contribuir com informações de forma anônima por meio do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas.