Três homens e uma mulher foram presos suspeitos de envolvimento na morte de Antônio Batista da Fonseca, de 74 anos. Ele foi assassinado no dia 30 de maio (domingo), em Central Carapina, na Serra, a pauladas após boatos de que teria abusado sexualmente de duas crianças de 4 e 9 anos.
Os presos são (na ordem da foto): André Luiz Alves Ferreira de Souza, 29 anos, Jocimar Lima Ferreira, 35 anos, Marcia dos Santos, 31 anos e Patrick Joe Cabrini Alvarenga.
O delegado Rodrigo Sandi Mori, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil afirmou que Antônio nunca tocou nas crianças.
“Foi juntado os laudos de conjunção carnal, cujo os resultados foram negativos para as crianças e foi realizado atendimento psicossocial com as duas crianças também”.
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Entenda a história
Antônio morava em um prédio de três andares e o imóvel pertencia a família dele. No início do ano, uma jovem de 27 anos, que não teve o nome divulgado, foi morar no local e começou a se insinuar para o idoso, dizendo que estava solteira, carente e que precisava de alguém por perto. Antônio começou a namorar com a jovem, e segundo familiares, ele dava tudo, comida, compras e presentes para a namorada.
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Ela tem duas filhas, uma de 4 e outra de 9 anos, que também eram sustentadas pelo idoso. O relacionamento de Antônio e Márcia começou a ficar conturbado e ele pediu o celular que havia dado para ela. Com raiva, a mulher inventou a história e espalhou pelo bairro que o idoso havia estuprado as duas filhas dela.
“Quando intimada pela segunda vez a prestar depoimento na delegacia, ela resolveu confessar o crime. Ela disse que mandou a filha de 3 anos falar para o pai que Antônio teria machucado a vagina dela. Mandou a de 9 anos dizer que Antônio teria acariciado os seios e a vagina dela”, explicou o delegado o delegado.
Ainda de acordo com o o delegado, ela se aproveitou do fato da filha mais nova estar com assaduras para incorporar a denúncia de abuso no dia 12 de março. Além de contar a mentira, a mulher registrou um boletim de ocorrência, junto com o pai das meninas, André Luiz Alves Ferreira de Souza, 29 anos.
“No dia 13 de março, eles registraram um boletim de ocorrência em Laranjeiras. O André e a mãe das crianças não procuraram a delegacia de Proteção à Criança e Adolescente para dar continuidade à apuração e nem procuraram saber do resultado do laudo das crianças”, relatou o delegado.
Após espalhar boatos, mulher se mudou para MG
Depois de espalhar o boato, a mulher foi embora com as crianças para Minas Gerais.
No dia 30 de maio, dia do crime, amigos da mulher identificados como Márcia dos Santos, de 31 anos, e o marido Jocimar Lima Ferreira, de 35 anos, viram o idoso em um bar, foram até ele, o encurralaram e ligaram para o amigo e pai das meninas.
“Jocimar e Márcia se encontravam em um bar, quando avistaram o Antônio passando na rua. O Jocimar segurou a vítima e tirou uma foto, que mandou para André. Ele confirmou que Antônio teria abusado sexualmente das filhas e pediu para segurar a vítima até ele chegar”.
“Enquanto aguardavam, encurralaram ele no muro e começaram a agredir com chutes. A Márcia incitava a população falando que era estuprador e tinha que morrer. Desferiram dois golpes com pedaço de madeira com pregos. Além de pauladas no rosto e no corpo”.
Segundo a polícia foi André que assassinou o idoso, junto com o casal de amigos e um outro morador que estava no local. Esse morador é Patrick Cabrini, de 33 anos. O delegado explicou o que aconteceu na noite do crime.
“Os quatro, em depoimento, confessaram a participação no crime. Foram indiciados por homicídio qualificado pelo motivo de meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima pelo fato da vítima ser maior de 60 anos”.
Antônio foi morto a pauladas no meio desta rua, próximo a pracinha da Central Carapina. Em vídeo, é possível ver o momento das agressões. Nele, Márcia aparece incitando a população e fazendo acusações falsas. Assista:
O delegado explicou que todos os quatro agora são réus do processo e que vão responder por vários crimes.
“A partir do Boletim de Ocorrência e das provas será instaurado o crime de denunciação criminosa. A pena é de dois a 8 anos”.
Mãe não foi presa
A mãe das crianças, que inventou toda história do abuso está solta, mas ainda pode ser indiciada.
“Ela não vai responder pelo homicídio, pois não participou diretamente do crime, mas vai responder pelo crime de denunciação criminosa”.
Sobrinha tentou impedir
Na época, a sobrinha de Antônio, Ivone Ferreira de Souza, partiu em defesa do tio. Ela entrou na briga para tentar salvá-lo da população revoltada.
“Meu tio, além de idoso, nem tinha passagem na polícia e não brigava com ninguém. Era uma pessoa maravilhosa. As pessoas aqui conhecem ele há mais de 40 anos. Essas pessoas que estavam no dia e entraram na briga, que repensem a atitude, pensem que talvez seja uma injustiça, como foi com ele. Se tivessem se juntado para proteger ele, talvez não teria acontecido”, lamentou.
Assista na íntegra a coletiva:
*Com informações da TV Vitória / RecordTV