O sistema prisional do Espírito Santo conta atualmente com uma população carcerária de quase 18 mil detentos. Deste total, 200 são idosos com mais de 60 anos. Na cadeia, os condenados passam o tempo trabalhando na esperança da chegada da tão sonhada liberdade.
Agenito Martins, de 79 anos, vive há quase sete dentro de um presídio. O olhar de Agenito parece muitas vezes perdido, olhando para o passado. Em 1992, o homem foi condenado a mais de 30 anos de prisão por homicídio. Agora espera um dia voltar a respirar a liberdade e reencontrar principalmente os bisnetos. “Só Deus que me acudia. A gente não pode perder a esperança”, diz Agenito.
Por todo sistema prisional do Estado, não é difícil encontrar pessoas acima dos 60 anos de idade, só na penitenciária Estadual de Vila Velha II, são 15 deles. Condenado há 15 anos por homicídio, Antonio Filomeno Pereira passou mais um aniversário atrás das grades. Participar da reportagem da TV Vitória/Record, por coincidência, foi o grande presente recebido.
“Nós já somos idosos e temos que dar exemplo para os mais jovens. Nós somos pessoas de idade e tenho sorte de estar em um projeto como esse. Eu estou feliz assim”, diz Antonio.
O Brasil é o país com a quarta maior população carcerária do mundo. Só no Espírito Santo, são 17,7 mil presos, um número que cresce a cada ano já que cada vez mais jovens, adultos e idosos são atraídos pela criminalidade.
“O que a gente percebe é que a maioria esmagadora dos presos são de jovens, faixa etária de 18 a 25 anos que coincidentemente é a mesma faixa etária de quem está morrendo nas ruas. Esses casos dos idosos, a gente trabalha com programas especiais para que eles tenham condições de acordo com a característica de saúde que ele tenha de participar”, conta o secretário Estadual de Justiça, Eugênio Ricas.
No sistema prisional capixaba são aproximadamente 200 pessoas acima dos 60 anos de idade, como Edvaldo Nunes. O empresário ainda deve cumprir mais sete anos atrás das grades, tempo que jamais voltará atrás. “Há oito anos eu estou aqui totalmente diferente em termos tecnológicos, sinceramente, eu nem sei como seria lá fora hoje”, diz Ednalvo.
Depois de anos vivendo confinados, eles que, pela idade já têm experiência de sobra para dar conselhos, podem contar mais uma história para os mais novos e esperam que ela não se repita com eles.
“Eu digo para você que aquele que está no fim saia urgentemente. As pessoas dizem que você vai receber muito dinheiro, ficar rico, o que não é verdade. O crime não compensa”, conta Antonio.