Polícia

Presa quadrilha suspeita de aplicar golpes em militares aposentados do ES e MG

No Espírito Santo, ações foram realizadas em Vila Velha e Piúma. Segundo as investigações, principal alvo dos criminosos eram pessoas idosas ou portadoras de doenças graves

Operação foi comandada pelo Ministério Público de MG Foto: Divulgação

Uma operação contra uma organização criminosa suspeita de aplicar golpes em policiais militares e militares das forças armadas da reserva e pensionistas foi deflagrada, nesta quarta-feira (21), no Espírito Santo e em Minas Gerais. A ação, comandada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), ocorreu em Vila Velha e Piúma, além de cinco municípios mineiros – Belo Horizonte, Contagem, Ibirité, Itaguara e São João do Manteninha.

De acordo com as investigações do MPMG, o grupo atuava, em sua maioria, contra pessoas idosas ou portadoras de doenças graves. Os levantamentos ainda não foram concluídos, mas as investigações apontam para a existência de mais de 500 vítimas do grupo criminoso.

Segundo o Ministério Público mineiro, os investigados atuavam ludibriando as vítimas com falsas alegações de que teriam direito a vantagens em dinheiro em virtude de ações judiciais exitosas contra entidades de previdência privada ou de seguros de vida.

Ainda de acordo com o MPMG, com uma história bem arquitetada e com a estrutura disponibilizada pela organização, os criminosos conseguiam convencer as vítimas a depositar grandes valores em dinheiro referentes a falsos honorários ou custas processuais em contas bancárias informadas pelo grupo, sob a alegação de que deveriam efetuar os pagamentos para obter a liberação do dinheiro. Os criminosos utilizavam, ainda, nomes de autoridades do alto comando da Polícia Militar para conferir mais credibilidade aos argumentos ardilosos do grupo.

Nesta quarta-feira, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão e a 15 mandados de prisão preventiva, expedidos pelo Juízo da Vara de Inquéritos Policiais da Comarca de Belo Horizonte. Os mandados foram cumpridos em estabelecimentos comerciais e nas residências dos investigados, que responderão pelos crimes de estelionato e lavagem de dinheiro.

A operação, denominada Monte di Pietà, contou com a participação de dois promotores de justiça, um delegado de Polícia Civil e 92 policiais militares de Minas Gerais, além de um promotor de justiça e 18 policiais militares do Espírito Santo. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde se localizava a maioria dos locais das buscas e dos membros da organização presos, a ação contou com o apoio de policiais do Batalhão Rotam.

A reportagem entrou em contato com os Ministérios Públicos de Minas Gerais e do Espírito Santo, além da Polícia Militar capixaba, mas até o início da noite desta quarta-feira não havia sido informado o número de pessoas presas nos dois estados.

Monte di Pietá 

A operação foi batizada de Monte di Pietá em alusão às instituições de caridade e sociedades privadas de ingresso voluntário surgidas no século XV,  na Itália, como forma de combater a usura. Nelas, os pobres poderiam obter uma quantidade de dinheiro e penhorar seus pertences para satisfazer suas necessidades mais básicas no futuro, tais como amparo em caso de doença, prisão, incapacidade e morte. 

As instituições italianas deram origem aos montepios no Brasil, entidades mais antigas de previdência social, referidas pela organização criminosa em diversas ocasiões para enganar suas vítimas.