Até então apontado como o criminoso mais procurado do Espírito Santo, Fernando Moraes Pereira Pimenta, conhecido como Marujo, foi preso há uma semana, em Vitória, durante uma operação realizada pela Polícia Civil.
Desde que foi preso, em 8 de março, Marujo tem restrição de visita de familiares na cadeia, a Penitenciária de Segurança Máxima 2, em Viana. No entanto, informação foi obtida com exclusividade pela TV Vitória/Record aponta que o criminoso recebe em média 10 visitas de advogados todos os dias.
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Relatório de atendimento jurídico de Marujo conseguido pela reportagem mostra, por exemplo, que nesta quarta-feira (13) ele recebeu cinco advogados diferentes no intervalo de menos de oito horas, de 10h40 às 19h. Além disso, da cadeia, ele conversa com dois, três e até cinco advogados diferentes todos os dias.
A relação entre o chefe do tráfico e visitas de advogados no presídio é alvo de investigações há mais de cinco anos.
Em 2019, a Operação Armistício revelou que Marujo mandava recados por meio de advogados para Carlos Alberto Furtado da Silva, conhecido como “Beto”. Ele estava preso e, na época, seria o superior de Marujo no mundo do crime.
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A preocupação das forças de segurança agora é sobre quem vai assumir o lugar de Marujo no comando do crime no Estado.
“Temos que estudar o que vai acontecer com o Primeiro Comando de Vitória (PCV). Já surgem alguns nomes emergentes para assumir a liderança, e, é claro, que a facção não vai acabar. Nós vamos continuar as investigações sobre os possíveis chefes, quem pode assumir“, explicou o delegado Alan de Andrade.
O superintendente da Polícia Especializada, Romualdo Gianordi, afirma que, por enquanto, o Primeiro Comando de Vitória tem agido de forma pacífica, mas que a polícia já prepara estratégias para ações futuras.
“A gente espera que a liderança seja substituída. Parece que estão tomando um viés mais pacífico, mas se forem tomar um viés de guerra, estaremos preparados para prender o próximo, com certeza“, pontuou.
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Marujo é investigado há 10 anos
Fernando Marujo é investigado há pelo menos dez anos. Desde 2017, quando assumiu a liderança do PCV, o criminoso possuía seis mandados de prisão aberto, a maioria por homicídios.
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Após ficar no tipo da lista dos criminosos mais procurados do Estado, Marujo foi para o Rio de Janeiro e de lá comandava o tráfico de drogas em Vitória e em outras cidades capixabas.
Em território carioca, ele era respeitado entre os criminosos. O nome dele circulava em festas clandestinas, como mostra um dos vídeos ao qual à reportagem teve acesso.
“Ele passava grande parte do tempo no Rio de Janeiro, vinha para o Estado poucas vezes. Em outubro, tivemos a informação de que ele tinha chegado ao Espírito Santo para continuar com a guerra. No Rio, ele tinha bastante respeito dos traficantes locais, até porque ele comprava também droga com eles. Havia uma relação comercial entre eles“, contou Alan de Andrade.
Considerado como perigoso, engenhoso, frio e cruel, o traficante mandava matar da própria casa. Segundo a Polícia Civil, ele foi o responsável por mandar arrancar a cabeça de um homem e abandonar o corpo em uma estrada. O crime ocorreu em 2019, na Serra.
Polícia usou caminhão-baú em operação que prendeu Marujo
Vídeo obtido com exclusividade pela TV Vitória/Record mostra bastidores da operação que prendeu Marujo.
Agentes da segurança pública do Espírito Santo descreveram como Operação Siricário Xeque-Mate, em referência à jogada que representa o fim de uma partida de xadrez.
Naquela manhã, 60 policiais ocupavam o baú de um caminhão para realizar uma das operações mais importantes da segurança pública capixaba. Drones também foram usados para monitorar a movimentação.
“Fomos em um veículo totalmente descaracterizado, evitando chamar atenção dos olheiros. A gente sabe que no morro qualquer 30 segundos que você ganha sem ser visto já é muito. Chegamos muito rápido na casa. Era um portão mais fino, foi apenas cortar o cadeado. Chamamos antes, mas ninguém atendeu. Depois disso, havia um portão que nós não conseguíamos arrombar, então fizemos um buraco na parede, foi a única maneira de entrar“, relatou Romualdo.
Depois, já dentro da residência, o trabalho foi buscar o esconderijo. Os policiais buscavam, inicialmente, algo subterrâneo, olhando debaixo do sofá e da geladeira. Quando chegaram ao espaço onde Marujo estava, começaram a bater na parede.
“Entramos na casa e encontramos o primeiro andar aparentemente vazio, com muita bagunça. Nós sabíamos que tinha um esconderijo, então começamos a procurar no chão, movimentando sofá e geladeira. Chegamos na parte do bar e vimos algumas coisas diferentes. Batemos na parede e vimos um barulho, foi quando ele verbalizou e disse que iria sair“, contou.
Veja como era o esconderijo de Marujo:
Sem saber se o traficante estava acompanhado de outros criminosos ou armado, a polícia precisou cercar o espaço para que Marujo se rendesse.
No local onde ele estava escondido foram encontrados radiocomunicadores, três celulares e um cilindro de oxigênio para durar até um dia.
Caso Fernando Marujo seja condenado por todos os crimes que é investigado, ele pode pegar mais de 100 anos de prisão.
A reportagem da TV Vitória/Record tentou contato com os advogados de Marujo que aparecem no relatório de atendimento jurídico que teve acesso, mas não houve retorno.
*Com informações da repórter Nathália Munhão, da TV Vitória/Record.