Após passar dois anos preso por um homicídio que garante não ter cometido e do qual foi absolvido pela Justiça, o jovem Ronaldy Rodrigues Rocha saiu do Centro de Detenção Provisória, em Viana, disposto a recomeçar: pagar as dívidas da família com advogados e retomar a vida de onde parou, em dezembro de 2011.
“Até hoje temos dívidas de empréstimos feitos para pagar os advogados para tirarmos Ronaldy da prisão”, conta Valdicéia Rodrigues Rocha, que é mãe do jovem. Segundo ela, foram gastos mais de R$ 20 mil.
Mas o que o rapaz de 24 anos não contava era que há duas semanas, um ano após a sua liberdade, receberia em casa uma nova visita de um oficial de Justiça, com uma intimação relacionada a um novo homicídio. O mais chocante é que, quando o assassinato ocorreu, em junho de 2012, Ronaldy estava preso, cumprindo pena pelo primeiro crime.
“Quando a intimação chegou, pensei que a Justiça tivesse recorrido do primeiro caso; no momento em que o oficial disse a data do crime fiquei perplexo: no dia do crime eu estava preso há seis meses”, enfatiza o rapaz.
O homicídio do qual Ronaldy teria participado quando preso foi a execução de Leonardo Carlot do Nascimento, morto com dez tiros na Pedra do Urubu, em Cariacica.
O processo é de responsabilidade da Divisão de Homicídios da Polícia Civil e possui centenas de páginas sem que o nome do rapaz seja citado. Mesmo assim, no relatório final, o delegado responsável pelo caso indiciou o rapaz.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo informou que revogou o mandado de prisão de Ronaldy pelo segundo homicídio e que não comentará a decisão da juíza responsável pelo caso.
Já a Polícia Civil disse o nome de Ronaldy Rodrigues Rocha não está como indiciado nesse inquérito.