Polícia

“Queria que fosse eu no lugar dele”, diz avô de menino morto por bala perdida em Viana

A família de Elias Martins Simplício, de dez anos, que morreu após ser atingido por uma bala perdida em Viana, está inconformada com o crime e quer que a justiça seja feita.

O avô do menino, Felix Simplício, conta o quanto a morte do neto foi injusta. “Aonde nós vamos parar, nós pessoas de bem? Estão matando pessoas da nossa família de graça e nós estamos com as mãos atadas. Como eu, um homem de 70 anos, vou me achar agora? Queria que fosse eu no lugar dele, já vivi muito, já apanhei muito desse mundo”, desabafa.

A revolta e a indignação do avô traduzem a destruição provocada à família pela perda precoce do estudante. A mãe de Elias, Maria Martins Luciano, fala sobre a personalidade do filho. “Ele era carinhoso demais, era meu filho caçula. Ele morava com o pai, vai ser sempre o meu caçulinha”, disse.

Para o irmão Wesley Martins, Elias vai fazer muita falta. “Eu achei que ele iria me ver morrendo e não ao contrário, ele era o xodó de todo mundo. Agora, vão restar só as lembranças, lembranças do sorriso dele”, afirma. 

Segundo a diarista Maria Creuza Correia, a insegurança é um problema na região. “O bairro está muito violento. A polícia só aparece depois que aconteceu o fato, depois que mataram o menino”, disse.

Entenda o crime

Elias Martins Simplício, de 10 anos, morreu após ser atingido por uma bala perdida na noite da última quinta-feira (1), no bairro Nova Betânia, em Viana. 

O mecânico Jobes Freire, de 40 anos, pai do menino, havia levado o estudante para fazer um lanche. Enquanto esperavam o pedido ficar pronto, o tiroteio começou e o menino foi atingido por uma bala no peito. O pai tentou socorrer o filho, mas Elias não resistiu. 

Os sonhos do menino, que completou 10 anos no último dia 23, foram interrompidos. “Ele sempre falava que ele queria ser policial, mas infelizmente não foi possível”, declarou o pai. 

Policiais disseram que o alvo dos tiros era Diego Rafael Araujo, de 25 anos. Segundo testemunhas, ele foi abordado por dois homens que estavam em uma moto, exatamente em frente a lanchonete onde Jobes e o filho aguardavam seus pedidos. Vários tiros foram disparados e Diego morreu na hora. De acordo com a perícia, no corpo dele foram encontradas 15 perfurações. Militares contaram que ele tinha passagens pela justiça por tráfico e uso de drogas. Os suspeitos não foram localizados. 

O delegado Paulo Expedito Amaral, da Delegacia de Crimes Contra a Vida de Viana, abriu inquérito para apurar o crime. Policiais estão nas ruas do município, apurando mais informações sobre os dois homicídios para identificar e prender os suspeitos.