Desde o início da semana, os moradores do bairro Itararé, em Vitória, vivem momentos de tensão. Durante a madrugada desta terça-feira (10), um intenso tiroteio deixou a população do bairro e do entorno assustada.
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Durante a manhã, o carro de um policial militar da reserva foi incendiado no Bairro da Penha, que fica próximo à região. No período da tarde, um adolescente de 15 anos foi morto a tiros.
Por conta da onda de violência, as linhas de ônibus que atentem ao bairro e as regiões de Bairro da Penha, São Benedito e Consolação não seguem até o ponto final.
A região é conhecida pelo intenso movimento do tráfico de drogas. Os bairros da região do Complexo da Penha são dominados por lideranças de facções criminosas.
O QUE MOTIVA TIROTEIOS E MORTES EM ITARARÉ
1. Contexto
Segundo informações apuradas pelas forças de segurança e divulgadas pelo secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, coronel Alexandre Ramalho, a ruptura entre lideranças do tráfico de drogas na região pode ter motivado os ataques registrados nesta semana.
“São duas organizações criminosas que coordenam ações ligadas ao tráfico em todo o Estado. Em algumas regiões, elas dividem as atuações. Agora, elas racharam. Começaram a determinar a sua base — na maioria das vezes jovens afastados da educação, do mercado de trabalho formal, de suas famílias — que vão à comunidade rival e execute, que mate os rivais“, disse.
As ações dos criminosos começaram a despertar a atenção da polícia após a apreensão de um fuzil em Vitória no fim de setembro. Na ocasião, um fuzil foi apreendido após um confronto armado.
O armamento foi encontrado depois que policiais militares surpreenderam cerca de 15 indivíduos no Morro do Cabral. Chamou a atenção dos policiais o fato do fuzil ser de grosso calibre e possuir um dispositivo chamado “mira holográfica”, que pode aumentar a precisão do disparo.
2. Marujo
Fernando Ferreira Pimenta, conhecido como “Marujo”, é personagem central quando se trata da violência gerada pelo tráfico de drogas no Espírito Santo. Ele é considerado um dos traficantes mais perigosos do Estado e o mais procurado pela Justiça capixaba.
Ele seria o responsável por comandar a organização criminosa que atua e aterroriza comunidades do Bairro da Penha, Bonfim, São Benedito, Consolação, Gurigica e Itararé.
“Ele é uma das lideranças que ordena seus soldados. Usando da covardia, manda que lideres do tráfico ordem que os jovens da base cometam esses crimes, usam essa ‘mão de obra’. É um indivíduo que estamos atrás. Se tiver informações sobre esse cara, denuncie que vamos atrás dele“, destacou Ramalho.
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3. Guerra de milícias no Rio de Janeiro
Uma das preocupações das forças de segurança do Estado é a relação dos criminosos que atuam no Espírito Santo com grupos de outros estados, como as milícias do Rio de Janeiro. Muitas armas e drogas podem chegar ao Estado por meio da ligação entre os criminosos das duas regiões.
“Tudo está no radar da inteligência. Sempre tivemos no Espírito Santo a vinculação dos nossos criminosos com os do Rio de Janeiro, principalmente para receber abrigo nas comunidades cariocas e, a partir daí, ocorre a comercialização de armas e drogas. Não tivemos a presença de criminosos do Rio de Janeiro, é uma possibilidade devido às operações que acontecem lá. A nossa inteligência está monitorando“, garantiu Ramalho.
POLICIAMENTO É REFORÇADO EM BAIRROS DE VITÓRIA
A Polícia Militar reforçou o patrulhamento nos bairros Itararé, Consolação, São Benedito e Bairro da Penha, em Vitória, após os dias de tensão. De acordo com o secretário de Segurança Pública do Estado, o trabalho da polícia é dedicado a garantir a segurança da população.
“São para a comunidade que nos dedicamos. A atividade policial é muito difícil. São locais de difícil acesso, que muitas vezes a viatura não sobe. O policiamento é na canela, percorrendo becos e escadarias. Estamos trabalhando o tempo todo no combate a criminalidade“, disse.
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Ramalho destacou ainda a importância da colaboração da população na busca e identificação de criminosos. O secretário pediu que, quem tiver informações que auxiliem no trabalho da polícia, que entre em contato com o Disque-Denúncia 181.
“Tem pessoas estranhas na sua comunidade? Que horas você percebeu isso? Estão de carro, de moto? Qual a placa do veículo? Estão com armamento diferente do ‘habitual’? Tem algo que chama a atenção? Essas questões nos interessam saber. Quem tiver informações deve entrar em contato com o Disque-Denúncia 181“.