O padre Ivo Amorim, vigário geral da Arquidiocese de Vitória, que teve o carro roubado por três homens e ficou na mira de um revólver, no último sábado (13), diz não guardar mágoa ou rancor dos suspeitos.
“Rezei por eles, não os condenei em momento algum, porque Deus sabe o que os levou àquela ação”, declarou.
O sacerdote saía de uma reunião com representantes de paróquias de Cariacica e de Viana, que acontecia na paróquia Santíssima Trindade, no bairro Vila Capixaba, em Cariacica.
“Era por volta das 10h30. Os párocos e representantes dessas paróquias faziam um balanço do que tinha sido o ano de 2021 e um planejamento das atividades para 2022. Foi um encontro muito proveitoso e fraterno. Saí da igreja e fui abordado quando entrava no carro que estava estacionado em frente”, relembra.
Ele diz que tudo foi muito rápido e só teve tempo de perceber um homem descendo do lado do carona de um veículo de cor preta, que se aproximou, e já gritou exigindo que ele entregasse as chaves.
“Fique sob a mira de um revólver. Havia outros dois naquele carro com ele. O rapaz, que desceu e me abordou, estava muito nervoso, querendo as chaves. Ainda tive calma de me identificar como padre e pedi que, se possível, deixasse eu retirar o que estava no carro. Eram vestes e objetos litúrgicos, material pessoal de anotações, pois eu tinha compromisso em outras paróquias naquele dia. Mas, eles não quiseram saber. Levaram o carro, que não pertence a mim, e, sim, à paróquia Maria Mãe da Igreja, do bairro São Geraldo, em Cariacica”, recorda.
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Naquela tarde, ele iria celebrar uma cerimônia de Crisma, na paróquia Nossa Senhora das Graças, em Jucutuquara, Vitória. Passado o susto, analisando o assalto, Amorim agradece à Deus por ter saído ileso.
“Deus me livrou de muitas coisas: de ter sido levado por eles, sofrido um sequestro-relâmpago. Sem contar que havia outras pessoas que eles poderiam ter abordado também. Enfim, agradeço a Deus por essa proteção. E repito: não os condeno em momento algum porque Deus é que sabe o que os levou a essa ação. Eles podem ter sido educados a fazer boas ações, a ter respeito ao próximo, enfim, nós não sabemos e não devemos julgar”, aponta.
Agenda do padre é recuperada, mas carro ainda não
Aos 65 anos, o sacerdote diz que nunca tinha passado por uma situação de violência. Ficou traumatizado pelo episódio, mas vida que segue.
“Naquele domingo mesmo, celebrei três missas e fiz uma palestra para um encontro de noivos à nível paroquial. A gente encontra forças em Deus para seguir em frente, apesar do susto”, reforça.
Sua agenda pessoal e algumas chaves, que estavam no porta-luvas, foram encontradas num dos campinhos de futebol de areia, em frente ao prédio da Prefeitura de Cariacica, em Alto Lage, naquele domingo (14).
“Uma pessoa levou o filho para brincar por lá e achou os objetos. Estava sabendo do assalto pela imprensa e fez contato comigo”, relatou.
Foi feito boletim de ocorrência ainda no sábado (13). A Polícia Civil continua investigando o caso e nenhum suspeito até o momento foi preso.
O carro, que não tem localizador, e demais objetos não foram recuperados.