Polícia

Sargento preso por se recusar a entregar colete se diz decepcionado com a PMES

Ronaldo Ribeiro Trugilho ficou preso por oito dias e foi solto neste fim de semana. Apesar da frustração, ele garante que seguirá com seu trabalho na corporação

O sargento conversou com a imprensa na manhã desta segunda-feira, na Associação de Cabos e Soldados Foto: TV Vitória

O sargento da Polícia Militar, Ronaldo Ribeiro Trugilho, que foi preso por se recusar a entregar um colete balístico após o fim do expediente, disse que ficou chateado com a atitude da corporação, mas garante que seguirá fazendo o seu trabalho. A Justiça determinou a soltura do policial na noite da última sexta-feira (16).

Na manhã desta segunda-feira (19), o policial voltou ao Quartel do Comando Geral (QCG) da PM, onde prestou depoimento. Em seguida, ele concedeu uma entrevista coletiva na Associação de Cabos e Soldados (ACS). Aos jornalistas, o sargento disse ter ficado bastante decepcionado por ter sido preso por causa de um colete balístico, após 20 anos de prestação de serviços à Polícia Militar.

“Com certeza é frustante, porque eu sempre primei pela legalidade, pelo bom tratamento à sociedade e pelo bom trabalho à servidão, não só à instituição, como também à sociedade. Quando isso acontece, infelizmente a gente fica um pouco frustrado, mas não deixarei de fazer meu bom serviço”, garantiu.

Trugilho disse que, durante o perído em que ficou preso, chegou a entrar em depressão. “Passou muita coisa na minha cabeça [nesses oito dias de prisão], inclusive fiquei muito deprimido. Mas a ajuda de amigos foi muito importante, além da cobertura da mídia. Tudo isso me deu muita garra para continuar na luta”, disse.

O policial afirmou ainda que ingressará com um recurso na Justiça contra a sua prisão. “Meus advogados já entraram com um pedido de legalidade quanto ao ato praticado e a gente vai pedir o devido ressarciamento quanto a isso”, garantiu.

Segurança

Durante a coletiva, o policial também explicou o que aconteceu no dia 8 de dezembro, quando foi dada a voz de prisão contra ele. Segundo Trugilho, o comando do 4º Batalhão da PM alegou que ele trabalhava no setor administrativo e não teria necessidade de usar o colete para ir embora.

“Eu recebi uma ordem, logo pela manhã, de que eu deveria devolver o colete, porque eu trabalhava administrativamente, ou seja, na atividade meio. Então eu justifiquei ao comando da P4 que eu não trabalho na atividade meio, mas na atividade fim, que é a atividade operacional. Mesmo assim ele discordou. Só que aí, durante a manhã, nada mais foi dito e eu continuei a trabalhar normalmente. No final da tarde, lá pelas 4 horas, eles me chamaram no setor judiciário do batalhão e fizeram a autuação por desobediência, porque eu não devolveria o colete”, explicou.

O sargento alegou que não devolveu o colete por medida de segurança. “Eu ando de moto e já sofri um atentado no passado. Então eu preciso desse tipo de equipamento. E eles não me deram outra escolha, a não ser dizer que eu precisava do colete e, por isso, eu não poderia entregá-lo. Eu não disse que eu não iria entregar [o colete]. Eu não poderia, devido a essa necessidade de defender a minha vida e também o direito da minha família. O não uso do colete é um fator de negligência”, destacou.

Falta de coletes

Já o presidente da ACS, Renato Martins, afirmou que a troca de coletes entre PMs, além de representar um risco de atentado, esbarra na questão da higiene. “É como eu chegar no serviço e vestir a roupa de outra pessoa. Nesse sentido, a gente defende que tem que ter o equipamento para cada militar”, frisou.

O presidente da associação disse ainda que, além da falta de coletes, alguns estão vencidos. Segundo ele, apesar do prazo de validade do equipamento ser de cinco anos, não há na corporação um planejamento para a troca dos coletes.

“Não é possível fazer uma programação em relação à aquisição desse equipamento. Se está para vencer, eu entendo que a aquisição de novos equipamentos já deveria estar sendo providenciada ou já ter sido feita”, ressaltou.

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que recebeu novos coletes balísticos na última semana. Segundo a PM, o material já foi distribuído nas unidades da corporação e o número de coletes é suficiente para atender à demanda dos policiais.