A possibilidade de uma articulação política em torno do protesto realizado na noite da última segunda-feira (31), em Vitória, não foi descartada pelo secretário Estadual de Segurança Pública, André Garcia.
Em entrevista exclusiva à Rede Vitória, na manhã desta terça-feira (01), ele destacou articulações relacionadas ao protesto do ano passado, e disse que há possibilidade de que a estratégia esteja se repetindo.
“Nas últimas manifestações verificamos a presença de pessoas filiadas a partidos políticos, e não creio que o perfil tenha mudado. Não posso afirmar que haja uma articulação intensa do partido, da organização em si nesses protestos, mas que pessoas filiadas a partidos participam, isso é fato”, explica.
Identificação
De acordo com o secretário, na noite da última segunda-feira (31), cerca de 40 pessoas foram fotografadas pela polícia para registro. A partir desta terça-feira (01) terá início o processo de identificação. “Acho que teremos algumas figuras repetidas”, disse o secretário, remetendo-se aos integrantes das manifestações de julho de 2013.
Garcia afirmou ainda que não há um período específico para cessar as investigações. “Essas investigações começaram desde as últimas manifestações. Coletamos uma série de materiais, e alguns indivíduos já estão sendo identificados. É um processo contínuo. Na semana que vem, vamos identificar outros e, sucessivamente, vamos encaminhando os inquéritos para a Justiça”, explicou.
O aumento do número de câmeras de videomonitoramento nas ruas da Capital também deverá facilitar as investigações. “Há um diferencial dessa vez. Nós instalamos 100 câmeras de videomonitoramento nas vias públicas de Vitória, e temos muitas imagens. Uma equipe de delegados e de policiais do setor de inteligência foi destacada para identificar esses indivíduos, e chamar essas pessoas à responsabilidade”
Mascarados utilizam novas estratégias
Caso ocorram novas manifestações, a polícia também já se prepara para adotar novas técnicas que possam combater as ações de vândalos. No protesto da última segunda-feira, os policiais identificaram uma nova estratégia utilizada por manifestantes durante as depredações: a criação de pequenos grupos com possibilidade de fuga rápida.
“Eles estão utilizando uma tática nova, e dividem-se em pequenos grupos para realizar os atos de depredação, e sumirem dos locais. Isso dificultou um pouco a ação da polícia, mas nós já estamos revendo as nossas ações, dando mais mobilidade à tropa, não só utilizando o BME (Batalhão de Missões Especiais), mas também outras unidades especializadas. Da próxima vez que isso acontecer, eles serão surpreendidos”, disse Garcia.
No próximo final de semana, secretários de Segurança de todo o país estarão reunidos em um evento no Rio de Janeiro, onde discutirão formas de punir e identificar manifestantes que utilizam máscaras durante os protestos. Uma das possibilidades inclui a proibição do uso de máscaras e detenção. “Uma das medidas que devem ser adotadas é essa: ou a proibição, ou a detenção para averiguação. Esses indivíduos devem ser identificados e qualificados, mas isso deve vir associado a outras medidas, como, por exemplo, a necessidade de aviso prévio das manifestações e a designação de locais para que evite transtornos para a população”.
Ações da polícia e aumento do efetivo
Rebatendo críticas, o secretário disse que não houve demora da polícia para conter as ações de depredação. “Nesse tipo de situação não demoramos a agir. Ontem nós tivemos entre 100 e 150 indivíduos, e muitos deles com pedras e materiais que poderiam causar prejuízo à integridade física das pessoas. Eles estavam distribuídos em várias ruas da cidade com o propósito de promover a baderna. Muitos foram abordados, e tínhamos um efetivo considerável”.
Segundo Garcia, o efetivo policial contará com reforço, caso ocorram novas manifestações. “O que posso afirmar é o seguinte: nas manifestações que tiverem, nós teremos um efetivo muito maior que o número de manifestantes, podem ter certeza disso. Quando falo de manifestantes, falo dos que têm interesse de depredar, não daqueles quem têm interesses pacíficos. Infelizmente, não tínhamos manifestantes pacíficos na data de ontem [segunda]. Tínhamos pessoas com propósito único, e exclusivamente, de promover a baderna, de depredar o patrimônio público e privado”, afirmou.
Policiais poderão usar óculos com filmadoras
Sem dar um prazo específico para o início dos testes, o secretário também afirmou que a polícia capixaba “já estuda a possibilidade” de utilizar óculos com câmeras acopladas, capazes de ações de combate, mesmo durante a noite. A tecnologia começou a ser utilizada por policiais do Rio de Janeiro, no último final de semana, em ações na favela Nova Holanda.
O protesto
O movimento “Se a Grande Vitória não mudar, a Ilha vai parar”, foi organizado pelas redes sociais. A concentração teve início por volta das 17 horas, da última segunda-feira (31), na Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).
Ruas e avenidas que dão acesso ao pedágio da Terceira Ponte foram interditadas. A fachada de uma agenda bancária e uma lanchonete da Reta da Penha foram apedrejadas. Homens do Batalhão de Missões Especiais (BME) acompanharam toda a manifestação.
Os manifestantes lutam contra a Copa do Mundo e a discriminação dos movimentos sociais, em favor do meio ambiente e em repúdio ao Golpe Militar.
Não é por 20 centavos
No ano passado, foram realizadas várias manifestações. Uma delas chegou a reunir mais de 100 mil pessoas pelas ruas da Capital. A população foi às ruas protestar por melhores serviços públicos e o fim do pedágio da Terceira Ponte. No entanto, as manifestações acabaram sendo esvaziadas por causa das cenas de violência e quebradeira.