O carro utilizado pelo pastor George Alves – pai e padrasto dos irmãos Joaquim Alves Sales, de 3 anos, e Kauã Sales Burkovsky, de 6, mortos em um incêndio no último dia 21, em Linhares, norte do Estado – passará por uma nova etapa da perícia da Polícia Civil nos próximos dias. Nessa nova análise será utilizada a substância conhecida como luminol, que permite a identificação de vestígios, como marcas de sangue.
O veículo, um Corsa Classic preto, apreendido na última segunda-feira (30), já havia sido periciado na última quarta (02). De acordo com informações do site Norte Notícia, o automóvel chegou a ser levado para a garagem de uma concessionária, devido à necessidade de um ambiente escuro para o uso do Bluestar, tipo de reagente semelhante ao luminol. O trabalho durou cerca de duas horas e meia.
Nesta quinta-feira (03), o proprietário do veículo esteve na 16ª Delegacia Regional de Linhares, onde prestou depoimento. O dono do carro é membro da mesma igreja de George Alves e, segundo testemunhas, emprestava o veículo com frequência ao pastor.
O teor do depoimento, no entanto, não foi divulgado pela Polícia Civil, uma vez que as investigações sobre o caso estão sob segredo de justiça. Após sair da delegacia, o homem preferiu não falar com a imprensa.
Mãe presta depoimento
Também nesta quinta-feira prestou depoimento na delegacia de Linhares a pastora Juliana Salles, mãe de Joaquim e Kauã. Ela chegou à unidade policial por volta das 7h30, acompanhada de uma advogada. Por volta das 11h30, a pastora saiu da delegacia visivelmente abalada e chorando muito.
Após quatro horas de depoimento, nem Juliana nem a advogada quiseram conversar com a imprensa. O delegado que investiga o caso também não fez qualquer comentário. Segundo ele, tudo corre em segredo de justiça e qualquer declaração pode atrapalhar as investigações.
Veja o vídeo do momento em que Juliana deixa a delegacia:
A reportagem da TV Vitória/Record TV chegou a receber a informação de que o celular de Juliana Salles teria sido apreendido durante o depoimento, mas ela não foi confirmada pela Polícia Civil.
Por determinação da Justiça, o sigilo telefônico de George e Juliana foi quebrado e, com isso, será possível para a polícia ter acesso a mensagens trocadas entre os dois e saber o que eles conversaram após o incêndio que culminou na morte dos dois irmãos.
Defesa do pastor
Um grupo de cinco advogados de Minas Gerais e do Espírito Santo se uniu para defender voluntariamente o pastor George Alves. Um dos advogados responsáveis pela defesa é Rodrigo Duarte, que também é pastor e vice-presidente da Igreja Batista Ministério Vida e Paz, onde George ministra cultos. À reportagem da TV Vitória/Record TV, os advogados disseram que só vão se manifestar sobre o caso após terem acesso ao inquérito policial.
George está preso em uma cela separada no Centro de Triagem de Viana desde o último sábado (28), onde cumpre mandado de prisão temporária. A Justiça decretou a prisão do pastor por 30 dias, para evitar que ele atrapalhe nas investigações.
Perícias
Na tarde de quarta-feira (02), a Polícia Civil realizou a quinta etapa da perícia na casa onde ocorreu o incêndio que matou Joaquim e Kauã. Durante a perícia, foi coletado material genético dentro do quarto onde os dois irmãos morreram na madrugada do último dia 21. A coleta desse material é necessária para esclarecer etapa por etapa o que aconteceu antes e durante o incêndio na casa.
O estado dos corpos de Joaquim e Kauã impossibilitou a identificação e eles foram levados para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, onde serão identificados a partir de exames de DNA. O resultado do exame está previsto para sair na próxima quarta-feira (09). Também nesses exames será possível saber se as crianças foram agredidas ou dopadas.
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