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O Major Rogério, comandante da Companhia Independente de Missões Especiais (Cimesp), coordenou a operação de resgate de um bebê, feito refém pelo pai durante 17 horas, no domingo (28), no bairro Resistência, em Vitória. Na manhã desta segunda-feira (29), o major deu detalhes sobre a ocorrência.
“Tratava-se de uma situação crítica, com um indivíduo tomador de reféns. Foi uma ocorrência demorada. A Polícia Militar se fez presente com policiais do Cimesp, cuja estrutura é formada por uma equipe de negociadores, uma equipe de resgate e, obviamente, pela equipe das operações de choque, que fez o cerco lá no local”, relatou.
“A maior dificuldade (durante as negociações) foi a instabilidade emocional do causador do evento crítico. Tratava-se de um indivíduo mentalmente perturbado, que ao longo do processo de negociação, aparentava aceitar as condições de rendição […] mas, de uma hora pra outra a situação zerava. De uma situação de calma, ele entrava em uma situação de extrema instabilidade emocional e esse foi o fator mais difícil que a nossa equipe de negociadores teve que enfrentar ao longo do processo”
Questionado sobre o tempo da operação de resgate, o major disse que foram 17 horas de negociação. Eu acredito que tenha sido a ocorrência de gerenciamento de crise mais longa que nós participamos, mas vale ressaltar que, apesar do desgaste, o tempo é favorável à ação policial. Pois nós podemos trocar os policiais negociadores, enquanto o causador do evento se mantém confinado e fica submetido ao desgaste físico da própria ocorrência”.
Segundo o major, a pouca idade da vítima causou temor na equipe de resgate e influenciou na tomada de decisões. “O fato de (a vítima) ser uma criança, com apenas dois meses de vida, teve bastante influência naquela ocorrência, pois diferente de outras operações que nós participamos, o trato que nós temos que dar em uma ocorrência com um bebê causa um certo temor para a gente, principalmente no planejamento de como fazer em uma ação daquela natureza. Então o fato de ser um bebê influenciou muito no processo de tomada de decisões na ocorrência”, pontuou.
Sobre a presença de atiradores de elite na ocorrência, o major destacou. “Nós priorizamos as ações de negociação […] mas na estrutura de gerenciamento de crise, nós temos que estar preparados para o uso da força, inclusive força letal, que seria na situação em que a vida do refém estivesse na iminência de sofrer um atentado contra sua vida. Então, nossa prioridade ali na ocorrência seria, obviamente, salvar a vida do bebê no primeiro momento. E se pra isso fosse necessário neutralizar a ameaça, que no caso é o pai da criança, nós assim faríamos. Mas a prioridade nesse processo é a negociação, a solução pacífica”, afirmou.