A criança de 6 anos que foi internada após confundir cocaína com leite em pó, no bairro Novo Campo Grande, em Cariacica, disse à polícia que cheirou a droga porque frequentemente via os familiares utilizando o entorpecente na sua frente.
Após passar a noite no hospital, o menino recebeu alta do hospital na manhã desta terça-feira (31) e foi com a mãe à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), onde prestou depoimento ao delegado Lorenzo Pazolini.
“Ela [a criança] disse que rotineiramente era submetida a essas práticas de uso de drogas. Ou seja, ela presenciava rotineiramente pessoas maiores de idade, no interior de sua residência, fazendo uso de substância entorpecente”, contou o delegado.
De acordo com o titular da DPCA, a mãe do menino responderá criminalmente por negligência, por colocar a criança em exposição ao perigo, permitindo que ela presenciasse frequentemente o uso de drogas. A criança, por sua vez, ficará abrigada no conselho tutelar.
“A mãe, que permite que um filho presencie o consumo de substância entorpecente, negligencia o seu dever familiar, de conduta de educação com a criança. Por isso, essa criança vai ser abrigada, visando ao seu bem estar”, ressaltou o delegado.
Já o ex-namorado da mãe, Gerailto Alexandre da Silva, de 32 anos, apontado pela polícia como o dono da droga, fugiu e ainda não foi localizado. Há dois dias, ele teria abandonado a cocaína sobre a televisão, no quarto da dona da casa.
Durante esta tarde, a mãe da criança esteve na delegacia, junto com o Conselho Tutelar de Cariacica, mas saiu sem falar com a imprensa. De acordo com Pazolini, o menino chegou ao hospital com alucinações e, por conta do uso da droga, sofreu até uma arritmia cardiaca.
“Eu achei que ele poderia morrer, pois o coração dele estava muito acelerado quando eu cheguei. Ele estava branco, pálido e gelado. Ele me falou que pegou a droga e cheirou achando que era leite. Eu fiquei sem ação. Não sabia o que fazer, pois isso nunca aconteceu comigo”, contou a mãe do menino.
Overdose
De acordo com o médico especialista em dependência química, João Chequer, a criança teve sorte, já que, com a quantidade de droga inalada, as consequências poderiam ter sido ainda maiores.
“Isso é overdose. É uma dose tão alta, que leva às últimas consequências. E para ele qualquer dose é um risco gritante de overdose. Um cidadão que deixa uma droga com esse poder letal está cometendo um crime. Ultrapassa os limites do mau senso ou do mau juízo. É expor uma criança ao risco de morte”, comentou.