Uma corretora de imóveis foi vítima de sequestro-relâmpago em uma rua de Jardim da Penha, em Vitória. Ela havia parado o carro para ler uma mensagem no celular quando foi abordada pelo suspeito na tarde da última segunda-feira (27).
Sem levantar nenhuma suspeita, o jovem caminhava pela rua do bairro quando, de repente, tira uma arma da mochila e rende a motorista do carro branco. Ele abre uma das portas da caminhonete e entra no veículo.
Lorena Boechard ficou em posse do suspeito por duas horas. “Eu tava filmando uma obra nossa e, com isso, terminei de filmar e entrei no carro, liguei, só que recebi uma mensagem. Automaticamente, antes de sair com o carro, fui responder essa mensagem, foi o erro que todo mundo comete. No que eu fui responder, o bandido veio na minha direção, viu uma presa fácil e me abordou, foi aí que já apontou a arma para mim, e entrou no carro”, contou.
Na mira da arma, ela foi obrigada a dirigir até a orla de Camburi e teve que entregar o celular para o suspeito fazer uma ligação.
“Ele pulou para o banco da frente e falou: ‘Me dá seu telefone que eu tenho que ligar para um amigo meu’. Ele ligou para o amigo, que estava no Terminal de Vila Velha e ele falou: ‘Agora a gente vai andar com o carro até o meu amigo chegar'”, disse.
Enquanto o outro suspeito não chegava, o jovem ordenou que a corretora dirigisse até outro ponto da cidade. Amedrontada, ela perguntou se ele queria assumir a direção do carro e a resposta surpreendeu a vítima.
“Eu falei: ‘Você quer dirigir? Você quer levar o carro? Pode levar, leva tudo, não precisa falar não, só leva o carro’. Aí ele: ‘Não, eu não sei dirigir’, ele falava: ‘Não, eu tenho 17 anos, eu não tenho nada a perder’. Eu falei: ‘Por que você tá fazendo isso?’. Ele: ‘Ah, porque eu tenho uma filha, eu preciso cuidar da minha filha'”, relatou.
A pressa pela presença do segundo assaltante também foi justificada. “Nisso, ele disse: ‘Vou ter que esperar meu amigo chegar, meu amigo que sabe fazer isso tudo’. Por saber fazer tudo era fazer Pix, era pegar meu cartão, era mexer nas coisas. Esse menino parecia inexperiente”, contou.
O momento tenso ficou ainda pior com a chegada do parceiro do jovem. Enquanto um dos suspeitos foi sacar dinheiro, o outro permaneceu armado, vigiando a corretora no carro.
A vítima contou que é casada e mãe de uma adolescente de 13 anos. Durante todo o tempo, tentou acalmar o assaltante e pediu para que ele não a matasse. Ela só foi liberada após os suspeitos terem acesso aos cartões de banco dela. Lorena afirmou que eles roubaram dinheiro, cartões e um notebook.
“Pegou meu cartão, pegou meu notebook, pegou meu fone de ouvido, pegou o dinheiro e foi no caixa, aí virou o amigo que já estava comigo e falou o seguinte: ‘Oh, só libera ela depois que eu sacar o dinheiro'”, disse.
Antes de fugir, ela lembra que um dos suspeitos ainda deixou um conselho a ela. “Ele ainda virou para mim rindo, falando: ‘Tia, você é muito gente boa, não vacila porque você vacilou, você tava ali, uma presa fácil para mim’. A forma como ele falou, fui uma presa fácil. Sentimento hoje é pânico, medo, vou para academia com aquele medo de alguém vai entrar, alguém vai me abordar, alguém vai me levar de novo, é o sentimento que eu não desejo nem para o meu pior inimigo”, contou.
A vítima não registrou um boletim de ocorrência, o que é necessário para que o caso comece a ser investigado.
*Com informações da repórter Suellen Araujo, da TV Vitória/Record TV