Há dois anos, Júlio de Souza é motorista de aplicativo. Fica o dia inteiro trabalhando e já passou por situações difíceis. “Quatro e quarenta da manhã eu peguei uma passageira em Nova Almeida, ela fez uma alteração de destino. Veio três rapazes. Meu carro sempre travado, não pensei duas vezes: arranquei com o carro”, contou o motorista de aplicativo.
É o mesmo caso do Eliezer. Motorista há um ano, nunca foi assaltado, mas já ficou com medo de ser vítima dos criminosos.
“No meio do caminho eu percebi que algo não estava legal, então isso me incomodou. Dentro disso aí, eu tenho o apoio da equipe e rapidamente fui atendido. No momento que ele viu que a gente estava sendo monitorado com as informações passadas e as confirmações, quando eu parei no posto, eles evadiram o local”, relatou Eliezer.
Só que muitos outros motoristas de aplicativo não conseguiram escapar da violência. Nos jornais da Rede Vitória, foram noticiados vários casos. Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, viveu uma noite de terror na semana passada.
Ele foi rendido por dois homens – um deles armado – em Cidade Continental, na Serra. Os bandidos o levaram até uma região deserta de Campinho da Serra, onde o carro foi incendiado. “Minhas filhas lá em casa, sempre que saem dão “tchau, pai”, “bença, pai”, e eu só pensei nelas”, desabafou.
Em meados de dezembro, um outro motorista de aplicativo também foi sequestrado. Quando estava na Rodovia Leste-Oeste, ele acelerou. O bandido tentou tomar o controle do carro e, na confusão, o veículo acabou capotando. O criminoso foi arremessado para fora do veículo.
Para evitar casos de violência como esses, um grupo de motoristas de aplicativo criou um clube para aprender sobre segurança e evitar a violência. Logo quando o passageiro entra no carro, antes da viagem começar, é ouvida essa mensagem: “Caro passageiro, você está em um veículo com sistema sofisticado de monitoramento. E o seu motorista é devidamente treinado para que você tenha uma viagem tranquila e segura”.
Deste momento em diante, até o final da corrida, há outros mecanismos de segurança, tanto para o motorista quanto para o passageiro.
O Márcio Lima foi o idealizador desse projeto em 2018, quando se tornou motorista por aplicativo. “Nós desenhamos processos de segurança, tivemos apoio, orientação de pessoas especializadas na área e também, o principal: treinamento. Nós elevamos o nível do motorista para que ele consiga fazer uma avaliação correta da situação de risco”, explicou o fundador do Clube do Motorista.
Atualmente, 50 motoristas da Grande Vitória fazem parte do grupo. Eles pagam uma mensalidade de R$ 50 para manter o funcionamento dos aplicativos de segurança.
Em dois anos, apenas duas vezes membros do clube foram assaltados e o Márcio acabou com o tabu de que a violência contra os motoristas só acontece em bairros pobres da Região Metropolitana. “Os meliantes não são ingênuos. Eles sabem como os motoristas evitam os bairros mais humildes, então fazem abordagem em bairros mais elitizados”, disse Marcos.
Para os motoristas, as dicas de segurança valem a pena e trazem mais tranquilidade para o trabalho.
Com informações do repórter Mateus Brum, da TV Vitória/Record TV.