Uma denúncia de maus tratos contra idoso é registrada, em média, todos os dias em Vitória. A informação é do Centro de Referência Especializado de Assistência (Creas) da capital.
Nesta quarta-feira (15), Dia Mundial da Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, autoridades envolvidas no assunto se reuniram na Casa do Cidadão, em Vitória, para discutir ações de combate a esse tipo de crime.
Segundo a diretora do Centro Municipal de Referência ao Idoso, Renata Madureira, os números de denúncias só têm aumentado na capital. Diante dessa triste realidade, a diretora alerta que a pessoa deve procurar ajuda antes que o problema se agrave.
“A principal forma de enfrentamento da violência é justamente quebrar o silêncio. A maioria dos idosos que sofrem violência são idosos que estão isolados do convívio social. Então quando alguém faz uma denúncia, mesmo que não seja de algo confirmado, mas uma suspeita, só isso já é uma medida efetiva para o combate à violência”, salientou Renata Madureira.
De acordo com a Polícia Civil, por mês são recebidas cerca de 100 denúncias na Delegacia de Atendimento e Proteção ao Idoso. Mais da metade corresponde a crimes de abandono, uso indevido da renda e maus tratos. Já os casos de agressão verbal correspondem a 30% das ocorrências.
É o caso de uma senhora de 66 anos, que diz sofrer, há quatro anos, com ameaças feitas pelo próprio neto e, por medo do rapaz, preferiu não se identificar. Ela conta que já procurou a Delegacia do Idoso três vezes e chegou a registrar um boletim de ocorrência. A última ocorrência foi registrada nesta terça-feira. Assim que chegou em casa, a vítima mandou trocar a fechadura do portão, para evitar que o neto entre e permitir que ela tenha um pouco de paz.
O jovem, hoje com 22 anos, morou com a avó durante a infância e depois se mudou para a Bahia. Aos 18 anos, ele voltou para Vitoria e, desde então, a idosa diz sofrer com as ameaças do neto que, segundo ela, é usuário de drogas.
“Ele fala: ‘vou te matar’, ‘você não merece viver’, ‘vou te acertar’, ‘vou quebrar suas pernas’, ‘vou te jogar escada abaixo’. Fora os nomes pesados que ele xingava direto. Um dia ele botou o dedo na minha cara e falou: ‘a partir de hoje, não vou mais trabalhar. Vou vender droga, vou roubar, mas trabalhar eu não vou'”, contou a vítima.
O problema do envolvimento do rapaz com as drogas fez com que a idosa tivesse que trancar tudo dentro de casa, até mesmo a geladeira, para que ele não entre e leve tudo embora. Ela conta que tem uma geladeira na cozinha e outra dentro do quarto, que permanece fechado.
“O dinheiro estava sumindo. Eu botava dinheiro na bolsa e, quando eu ia procurar, não estava lá. E eu via que ele estava futucando minha bolsa. Pensei que, se ele está futucando a bolsa, daqui a pouco vai começar a pegar as coisas dentro de casa para vender”, disse.