Política

Ana Rita diz que PT errou ao não declarar apoio a Casagrande e agora defende candidatura própria ao Governo

Senadora petista defende que o partido lance candidatura própria com o nome do presidente regional da sigla, João Coser já que aliança com Casagrande ficou inviável

CAS – Comissão de Assuntos Sociais
CAS – Comissão de Assuntos Sociais
Senadora quer candidatura própria do PT Foto: Agência Senado

A senadora Ana Rita (PT) é uma das defensoras dentro do partido para que a sigla lance candidatura própria ao governo do Estado. A ideia foi reforçada desde que o governador Renato Casagrande (PSB) confirmou o apoio ao presidenciável Eduardo Campos (PSB). Durante a entrevista, a parlamentar também comentou a polêmica Lei da Palmada, aprovada no Senado na semana passada. 

Confira na íntegra a entrevista:

Folha Vitória: Por que a senhora defende candidatura própria do PT ao Governo?

Ana Rita: A candidatura já era cenário previsto desde fevereiro/março. Trabalhamos com ideia de aliança própria ou com (o governador Renato) Casagrande. Mas não conseguimos, então agora eu defendo que tenhamos uma candidatura própria com o nome do João Coser, que no encontro do partido no dia 15 de março teve o nome escolhido para a majoritária.

FV:  Como Casagrande já declarou apoio ao presidenciável Eduardo Campos é possível que o PT apóie a candidatura de Paulo Hartung?

AR: A aliança com Paulo Hartung é difícil de concretizar. Primeiro porque queremos garantir palanque para a Dilma (Rousseff) no Espírito Santo e parte do PT não acredita nessa possibilidade (de apoiar Paulo Hartung). Na eleição passada ele não fez campanha para a Dilma. Esse é o primeiro problema. O segundo é que o PT tem como prioridade também a vaga ao Senado e possivelmente a Rose (de Freitas) não vai abrir mão de concorrer ao Senado. Vejo que um apoio ao PMDB seria complicado, por isso defendo a candidatura própria.

FV: O PT errou ao não apoiar Casagrande quando ele ainda se declarava neutro na disputa presidencial?

AR: A direção do partido trabalhou com um prazo que não era possível. No momento que deveria tomar uma decisão, não tomou. O PT perdeu o tempo, perdeu o time. No momento certo o PT não confirmou o apoio a Casagrande. Ele (Casagrande) chamou o presidente do PT (João Coser) ofereceu o Senado e garantiu a neutralidade (na disputa presidencial), tínhamos todas as condições, mas o PT não tomou a decisão e Casagrande não podia mais esperar e decidiu não ficar mais neutro.

FV: Não seria natural a senhora tentar a reeleição? Há algum ressentimento com Coser pelas decisões que ele vem tomando?

AR: Seria natural. Coloquei o meu nome à disposição do partido, mas o partido tomou outra decisão majoritária. Eu não podia mais ficar esperando e hoje sou candidata a deputada estadual. As decisões foram tomadas em conjunto com os delegados filiados. Eu tinha uma boa avaliação do mandato, tinha condições, cumpri meu papel, mas os delegados deliberaram o nome dele (Coser) e eu acatei a decisão do partido. Agora vamos trabalhar para ser deputada estadual.

FV: O PT não está isolado? Como fica a eleição nas proporcionais se o partido lançar candidatura própria?

AR: O cenário não está simples. Mas tem tempo que o PT não lança candidatura própria ao governo. Já são 20 anos, a última foi com Vitor Buaiz e por isso devemos lançar uma chapa própria. Como o apoio ao Casagrande não se confirmou.. O PSB sempre foi um aliado histórico, mas o (Eduardo) Campos decidiu mudar e lançar candidatura. A direção do partido tem feito esse diálogo sobre as proporcionais, não significa que vamos ficar isolados.
Estamos conversando com o PDT, com o PV e buscando uma aliança no Estado onde o PT seria cabeça de chapa.

FV: Mas há também rumores de aproximação do PT com o DEM.

AR: Não vejo a menor chance dessa aliança com o DEM. Isso não tem a menor chance de se concretizar. A direção nacional já deliberou para que não sejam incluídas nas alianças políticas do PT, o PSDB nem o DEM.

FV: A senhora foi uma das defensoras da “Lei da Palmada” aprovada no Senado. Acha que uma palmada pode ser considerada agressão grave?

AR: Temos de esclarecer que essa lei vem sendo conhecida com o nome errado. A Lei Menino Bernardo defende as crianças contra castigos cruéis e maus tratos que crianças podem sofrer. Não se trata só de uma palmada. As crianças devem ser respeitadas. Muitas famílias usam a surra como pedagogia, quando deveria haver a possibilidade de diálogo. Isso não impede que “gestos educativos” sejam aplicados.

FV: Palmada não seria proibido então?

AR: Nós não queremos as surras, maus tratos e castigos. Mas uma palmada na bundinha, um puxãozinho de orelha são gestos educativos que cada família deve decidir. O que se fez na Câmara é que um grupo de parlamentares dizia que a lei iria interferir nas famílias. E não é nada disso. A lei visa a proteção das crianças não só contra pais, mas responsáveis e educadores também. Somos contra o castigo cruel, temos de mudar nosso tipo de cultura e ter valores mais humanos.

FV: A senhora é contra a redução da maioridade penal?

AR: Sou a favor da implementação na íntegra do que prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. Reduzir a maioridade penal não vai reduzir a violência. Precisamos de mais espaços socioeducativos. O Estatuto não permite a impunidade. Ele diz que esses menores devem ter medidas socioeducativas, mas estamos longe disso. Temos de cobrar dos governos que se criem esses espaços adequados para recuperar esses menores.