Ex-prefeito de Cariacica, Helder Salomão (PT), que também já atuou como vereador e deputado estadual, se prepara para assumir seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Conquistando 83.967 votos, Helder diz que buscará exercer um mandato municipalista. Quarto entrevistado da série especial do Folha Vitória, Helder comenta as polêmicas envolvendo o governo federal e o Espírito Santo, sua relação com o prefeito Juninho, e as expectativas para 2016. Confira:
Folha Vitória: Por ser do mesmo partido que a presidente Dilma, como o senhor avalia as críticas sobre isolamento do Espírito Santo?
Helder Salomão: Acho que a presidente Dilma foi reeleita pela bom mandato que fez. Os trabalhos realizados por ela e Lula resultaram em grandes mudanças estruturais. O país passou a ter mais inclusão social. A gente tem que admitir que o Espírito Santo precisa de mais apoio do governo federal. Mas acho que essas críticas são um exagero de algumas lideranças locais. Um erro que ela (Dilma) cometeu foi ter vindo pouco aqui. Mas, nem por isso, as políticas do governo federal deixaram de ser feitas aqui. Sei que alguns reclamam de gargalos, mas não foi por má vontade que esses investimentos não vieram, e sim por razões que fugiram à vontade do governo federal.
FV: Não houve falta de articulação da bancada para tentar resolver impasses?
HS: A atual bancada fez o papel dela, e nós temos que melhorar esse papel. A gente precisa canalizar forças para o que é importante para o Espírito Santo. Acredito que todos os eleitos precisam dialogar, porque a bancada pode dar um salto de qualidade, e melhorar os resultados.
FV: O que senhor espera da relação do governo federal com o Espírito Santo neste novo mandato?
HS: Creio que este segundo mandato será de muitas conquistas para o Espírito Santo. Não vejo possibilidade de retaliação. Queremos tocar junto com a bancada federal para conquistar esses recursos estratégicos para o Espírito Santo. Resolvido esses impasses, acredito em um saldo muito positivo para o Estado.
FV: Quais bandeiras o senhor pretende defender na Câmara?
HS: Quero defender prioritariamente as bandeiras municipalistas. Fui prefeito e sei que não dá para avançar sem fortalecer projetos do governo nos municípios.
FV: Como morador e ex-prefeito de Cariacica, existem recursos específicos que o senhor pretende trazer para o município? Quais?
HS: Eu vou atuar em defesa de todos os municípios capixabas. Vou priorizar Cariacica como representante, e olhar com um carinho especial. Há 24 anos Cariacica não tinha representante na Câmara. Vou defender meu município, mas não sou deputado de um município só.
FV: Atualmente a relação do senhor com o atual prefeito de Cariacica, o Juninho (PPS), está arranhada. Isso não prejudicaria o repasse de recursos e os interesses da cidade?
HS: De maneira alguma. Todos nós precisamos diferenciar gestão, eleição e mandato. Hoje somos adversários políticos. Mas vou trabalhar para tudo que for melhor para o município. Não misturo as coisas.O povo não pode ser penalizado por causa de diferenças políticas. Um gestor público mostra sua grandeza quando separa gestão de eleição.
FV: PT e PMDB estiveram em palanques opostos nestas eleições no Estado. Com fica a relação do senhor com o governador eleito Paulo Hartung, e os interesses do Estado?
HS: Sempre tive uma boa relação com o governador Paulo Hartung. Fui da base aliada no primeiro mandato, e não creio que teremos diferenças. Me coloco à disposição para que a gente faça todos os movimentos no Estado.
FV: O senhor pensa em entrar na disputa pela coordenação da bancada?
HS: Não conversei com nenhum deputado eleito sobre isso. A gente tem que dialogar e ajudar. Estou chegando agora como deputado federal, e quero participar ativamente. Não estou reivindicando cargo.
FV: Como o senhor avalia o cenário para 2016 no Estado? O senhor teria intenção em disputar a prefeitura de Cariacica?
HS: Por enquanto sou deputado federal e quero fazer um bom mandato. Tive quase 84 mil votos, sendo 62 mil em Cariacica. Tenho que dar uma resposta à população. Só posso agradecer e fazer o meu papel. Só será possível conversar sobre isso mais adiante, mas creio que teremos bons nomes.