Política

Autoridades reagem à tentativa do PL de Bolsonaro de anular votos da eleição

Em resposta ao pedido, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, deu 24 horas para que o PL apresente auditoria referente ao primeiro turno

Foto: Reprodução

Políticos, autoridades e partidos se manifestaram após o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e o dirigente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, pedirem a anulação dos votos computados em determinados modelos de urnas eletrônicas na eleição presidencial. O chefe do Executivo alega ter vencido o pleito com 51% dos votos.

Em resposta ao pedido, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, deu 24 horas para que o PL apresente auditoria referente ao primeiro turno, alegando que os modelos de urna citados na representação foram utilizados em ambas as rodadas da eleição. 

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Seguindo esse argumento, as supostas falhas nas urnas invalidariam a vitória de candidatos bolsonaristas eleitos para o Legislativo. O magistrado determinou que o pedido seja atualizado para abranger o primeiro turno dentro desse prazo, sob pena de indeferimento da petição inicial.

Sobre o caso, o PSDB classificou a representação enviada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como “insensatez” e afirmou que a iniciativa “terá a objeção das nossas instituições, da comunidade internacional e da sociedade brasileira”. Em nota, o partido liberou diretórios e filiados no segundo turno das eleições para votar como decidissem.  

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Enquanto figuras históricas apoiaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o diretório municipal paulistano da sigla agiu para eleger Tarcísio de Freitas (Republicanos), então candidato de Bolsonaro para o governo de São Paulo.

“O momento é de colaborar democraticamente com a transição de governo. O brasileiro já elegeu líderes de centro, de direita e de esquerda utilizando a urna eletrônica. Eleição após eleição, o sistema eleitoral brasileiro prova a sua segurança e confiabilidade”, afirmou o partido.

O PSOL chamou a atitude de “golpista” e pediu que o resultado das urnas seja respeitado. “A manobra da vez dos golpistas é pedir a anulação de votos em ‘urnas antigas’. Outro pretexto para não respeitar o voto popular. Avisem o PL, partido de Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto, que não adianta espernear: Lula vai tomar posse em 1º de janeiro”, afirmou a agremiação.

O deputado federal eleito pelo PSOL Guilherme Boulos relembrou o fato de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) se distanciou dos holofotes após perder no segundo turno. “Reaparece agora pra respaldar a tentativa ridícula de golpe do PL. VAGABUNDO E GOLPISTA!”, escreveu em rede social.

O deputado federal André Janones (Avante-MG) descreveu a representação como “vexatória” e afirmou que Bolsonaro faz “birra” para deixar a cadeira de presidente. “Não satisfeito em fazer um mandato medíocre, a saída agora é ainda mais vexatória. Bolsonaro nunca teve tamanho pra sentar na cadeira de presidente e agora faz birra para deixá-la.”

Na mesma linha do ministro Alexandre de Moraes, a deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-PR) questionou o motivo de o PL também não ter lançado suspeitas sobre o resultado do primeiro turno, quando o partido elegeu a maior bancada na Câmara dos Deputados e 14 governadores.

A presidente do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) declarou que a ação de Bolsonaro e do PL deve ser punida como “litigância de má fé”. “Chega de catimba, de irresponsabilidade, de insultos às instituições e à democracia.”

Oposição

A resposta de Moraes foi criticada por apoiadores do presidente Bolsonaro, entre eles a deputada federal Bia Kicis (PL-DF). “Quem decide o que quer pedir ao juiz é a parte e não o juiz. Ao juiz cabe analisar o pedido e seus fundamentos, que no caso são técnicos e não retórica jurídica”, defendeu.

O ex-secretário da Cultura no governo Bolsonaro Mario Frias defendeu que a “transparência nas eleições” deve ser respeitada mesmo que “custe o mandato dos já eleitos”.

O deputado federal eleito Mauricio Marcon (Podemos-RS) e o deputado estadual de São Paulo Gil Diniz (PL) afirmaram que vão aceitar se, em uma eventual recontagem de votos do primeiro turno, perderem os cargos.

O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) afirmou que os questionamentos sobre as urnas não estariam ainda ativos se o TSE não tivesse “se intrometido para impedir o voto impresso”. A PEC do voto impresso foi rejeitada pela Câmara dos Deputados por 229 votos favoráveis, 218 contrários e uma abstenção, em agosto de 2021. Com esse cenário de votação, a matéria foi arquivada por não ter atingido quantidade suficiente de votos.

Dentre os filhos políticos do presidente, o único que comentou o caso nas redes sociais foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O parlamentar compartilhou que o anúncio seria feito pelo PL e alguns tuites favoráveis à ação, além de ter publicado uma foto sorrindo ao lado do pai.