O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou neste domingo, 23, que é “otimista e preocupado” com o crescente uso da inteligência artificial (IA).
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Segundo Barroso, essa tecnologia oferece inúmeros benefícios à sociedade, mas também apresenta riscos significativos que devem ser discutidos, como a propagação da desinformação. A declaração foi feita durante o evento “Brazil Forum UK 2024”, em Oxford.
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Barroso destacou que a IA possui uma capacidade de tomada de decisão superior à dos humanos em algumas áreas, devido à sua habilidade de processar grandes volumes de informações rapidamente. Ele também mencionou outras vantagens, como a automação de atividades e a geração de linguagem, conteúdos, textos e imagens.
Por outro lado, o magistrado expressou preocupações quanto ao impacto da IA no mercado de trabalho, incluindo a perda de profissões atuais. Ele também apontou os riscos associados ao uso bélico da tecnologia, a violação da privacidade devido ao extenso uso de dados e a discriminação algorítmica. Um dos maiores receios, segundo Barroso, é a massificação da desinformação, especialmente com o uso de fake news e deep fakes.
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“Há o risco da massificação da desinformação, e essa preocupação, do ponto de vista de um juiz preocupado com a democracia, é uma das principais preocupações: o uso de fake news e deep fakes, alguém me colocando aqui dizendo coisas que eu nunca disse, sem que seja possível distinguir o real do falso”, afirmou Barroso.
O ministro expressou esperança de que a IA, se programada adequadamente, possa ajudar a combater preconceitos e discriminações.
“Tenho uma expectativa real de que a IA possa superar preconceitos humanos se for programada de forma correta. Juízes, como todos os humanos, têm opiniões, preconceitos e ideologias. A IA pode ser programada para evitar isso”, avaliou.
Barroso acrescentou que a IA pode trazer benefícios ao Judiciário, como maior celeridade, eficiência e isonomia, mas enfatizou que a tecnologia não substitui o papel do “juiz responsável”. Em sua visão, a IA deve atuar como uma ferramenta auxiliar, e não de forma autônoma.
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“Vejo, sem muito preconceito, essa ascensão da IA no processo decisório, desde que exista um juízo humano responsável. O que dá legitimidade à decisão de um juiz é sua capacidade de demonstrar, racionalmente, que a solução é justa e constitucionalmente adequada. Mesmo que a decisão seja auxiliada pela IA, o juiz não se desobriga desse dever”, concluiu Barroso.