A companhia aérea Azul afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ficou sete segundos sem máscara facial dentro de um avião, no Aeroporto de Vitória, no Espírito Santo, e comparou o incidente, de desrespeito da norma sanitária, com a possibilidade de hidratação dos passageiros ou alimentação de idosos.
As informações constam em documento enviado à CPI da Covid no Senado e de caráter sigiloso, ao qual o R7 Planalto obteve acesso. O episódio gerou críticas de membros da comissão, que requisitaram informações da companhia aérea – o requerimento foi feito pelo senador Humberto Costa (PT-PE).
“Nota-se, pelo vídeo veiculado na mídia, que o presidente da República adentrou a aeronave fazendo uso correto da máscara e permaneceu na maior parte da visita utilizando-a corretamente, mas em um momento a retirou, o que durou um total de sete segundos, voltando a colocá-la logo na sequência, ocasião em que a tripulação estava pronta para orientá-lo acerca de sua correta utilização, caso o evento tivesse se estendido por tempo maior, conforme procedimento padrão em todos os voos”, afirma a companhia aérea.
“A Azul salienta que o episódio sobre o uso incorreto da máscara teve uma duração mínima, sendo que até poderia se comparar às exceções temporárias ao uso de máscara, como por exemplo, a possibilidade de hidratação ou alimentação de idosos e viajantes que sejam portadores de doenças que requeiram dieta especial”, acrescenta.
O episódio ocorreu no dia 11 deste mês no Aeroporto de Vitória no Espírito Santo. Na ocasião, Bolsonaro entrou em um avião comercial que estava em solo, antes de um voo, cumprimentou passageiros e posou para fotos. No entanto, retirou a máscara por um momento, mas não para se hidratar ou se alimentar.
O chefe do Executivo não foi bem recebido por todos os passageiros, e alguns gritaram “Fora, Bolsonaro”. Na sequência, criticou os passageiros. “Quem fala isso devia estar viajando de jegue, não de avião. É ou não é? Para ser solidário ao candidato deles”, disse o presidente.
A companhia aérea informou que a entrada de Bolsonaro no avião foi autorizada pelo comandante. No documento, a Azul não mencionou o nome do funcionário.
Ainda segundo o documento, Bolsonaro estava desembarcando da aeronave presidencial na posição ao lado daquela que o avião da Azul se encontrava para realizar o voo.
A companhia relatou também que, após a ocorrência, “os fatos e as evidências passaram a ser cautelosa e minuciosamente analisados, mediante entrevista dos tripulantes e terceiros envolvidos, revisão de imagens e vídeos, justamente para entender os detalhes da situação, uma vez que não foi uma situação planejada pela companhia.”
Comandante da Azul sem máscara
No documento, a companhia reconheceu que o próprio comandante da aeronave estava fazendo uso de máscara de forma adequada, mas, diante de Bolsonaro, “deixou de conter o ímpeto de manter-se com a máscara no momento em que tirou uma foto”.
Questionado sobre as providências adotadas e responsabilidades da tripulação, a Azul disse que todos foram novamente orientados acerca da obrigatoriedade do uso adequado das máscaras faciais no interior dos terminais aeroportuários e da própria aeronave. Afirmou, ainda, que foram “aplicadas as medidas disciplinares cabíveis à copiloto e ao comandante do referido voo, proporcionais às responsabilidades, conforme políticas internas”. A companhia rechaçou o não uso da máscara, mas disse ser um fato “totalmente isolado”.
A reportagem procurou a Azul, que disse que não fará nenhum comentário adicional além do que já foi respondido à CPI.
Leia também
>> VÍDEO | Bolsonaro dança ao som de “o mito chegou” no estilo pisadinha em São Mateus
>> No ES, Bolsonaro defende cloroquina e diz ser ‘imorrível, imbrochável e incomível’
>> “Quem fala ‘fora Bolsonaro’ devia estar viajando de jegue”, diz Bolsonaro em voo
>> Michelle Bolsonaro ganha casaca, panela de barro e come moqueca em visita ao ES
Com informações do Portal R7