Política

Bolsonaro vinculou troca na PF à proteção dos filhos, dizem investigadores

Profissionais avaliam que o material é ‘devastador’ para o Presidente e entendem que a gravação confirma acusações do ex-ministro da Justiça

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Investigadores que acompanharam nesta terça-feira (12) a exibição do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril no Palácio do Planalto avaliam que o conteúdo da gravação ‘escancara a preocupação do Presidente com um eventual cerco da Polícia Federal a seus filhos’ e que Jair Bolsonaro ‘justificou a necessidade de trocar o superintendente da corporação no Rio de Janeiro à defesa de seus próprios filhos’ alegando que sua família estaria sendo ‘perseguida’.

Os investigadores avaliam que o material é ‘devastador’ para o Presidente. Entendem que a gravação confirma cabalmente as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro que atribui ao presidente tentativa de interferência na corporação.

“O vídeo é ruim para Bolsonaro, muito ruim”, anotou um dos investigadores.

O registro da reunião foi exibido nesta terça, a um restrito grupo de pessoas autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello, relator do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF. A exibição foi realizada no Instituto Nacional de Criminalística da corporação em Brasília, ‘em ato único’ – conforme determinado por Celso de Mello – com participação de Moro, integrantes da Advocacia-Geral da União e procuradores e investigadores que acompanham o caso.

Após a exibição o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, afirmou que o material ‘confirma integralmente’ as declarações dadas pelo ex-juiz tanto no anúncio de sua demissão quanto no depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 2. Em nota, o advogado afirmou ainda que o vídeo ‘não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional’ e defendeu que a íntegra da gravação seja tornada pública.

Nos bastidores, a defesa de Moro classifica a frase de Bolsonaro como ‘confissão’ de interferência política e o vídeo como ‘prova material’ para as acusações que Moro fez de interferência política na PF.

Outra forte expectativa é quanto aos depoimentos dos três generais do Planalto, na tarde desta terça-feira: Braga Neto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Segundo Moro, os três testemunharam as pressões do presidente para intervir politicamente na Polícia Federal.