Brasília – O Itamaraty convocou hoje a embaixadora da Nova Zelândia, Caroline Bilkey, para cobrar explicações sobre as informações de que o país espionou a correspondência eletrônica do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, durante a campanha para o cargo. O país usou tecnologia fornecida pelos Estados Unidos para espionar os e-mails e o trafego de internet do diplomata em 2013.
Em nota, o Itamaraty diz que o governo brasileiro tomou conhecimento “com surpresa” das informações. “O governo brasileiro expressa sua determinação de ver a questão devidamente esclarecida, no marco da amizade que sempre existiu nas relações entre os dois países”, diz o texto. A nota informa ainda que foi pedido a Bilkey que seu governo forneça as “explicações necessárias”. As informações foram reveladas pelo jornal neozelandês New Zeland Herald com base em documentos revelados pelo ex-agente da CIA Edward Snowden.
A eleição de 2013 para o cargo máximo da organização foi uma das mais disputadas da sua história. A Nova Zelândia apresentou Tim Groser, ministro do comércio, como um dos candidatos dos países desenvolvidos, contra a candidatura de Azevêdo, que reunia os emergentes e os em desenvolvimento. A operação, batizada de “Projeto OMC”, não visava apenas Azevêdo, mas os demais candidatos, do México, Indonésia e Gana. Os documentos são de 10 dias antes das eleições, quando já estava claro que Groser estava fora da disputa. Azevêdo afirmou ao Estado que não tinha ideia das interceptações.