Política

Camila vai disputar reeleição e defende Psol fora do palanque de Casagrande

Deputada disse que é preciso fortalecer candidaturas de esquerda. Ao Senado, ela defende que o Psol lance candidato e também apoie Contarato (PT)

Camila Valadão durante sessão na Ales (foto: Ellen Campanharo/Ales)
Camila Valadão durante sessão na Ales (foto: Ellen Campanharo/Ales)

Em 2022, um recorde foi quebrado na eleição para deputados estaduais. A então vereadora de Vitória Camila Valadão (Psol) foi eleita e conquistou o título de mulher mais votada da história da Assembleia Legislativa. Ela recebeu 52.221 votos e, a quarta mais votada entre os 30 parlamentares.

Embora esteja em seu segundo mandato – o primeiro cumpriu como vereadora, por dois anos –, Camila não é uma neófita na política.

Doutora em Política Social e com forte militância desde os tempos de estudante na Ufes, Camila já disputa mandatos eletivos há mais de 10 anos, começando com a corrida pelo Palácio Anchieta em 2014, passando pela disputa à Câmara de Vitória em 2016 e à Assembleia, em 2018.

Pela votação que teve em 2022 e por ter um mandato bastante atuante, o mercado político já dava como certo que Camila alçaria voos maiores no ano que vem, como uma disputa à deputada federal.

Mas, em reunião com os militantes do Movimento Esquerda Socialista no Espírito Santo (MES-ES) – uma das quatro correntes internas do Psol, da qual a deputada faz parte –, foram definidas algumas prioridades e a primeira delas é a manutenção do mandato de Camila na Assembleia Legislativa.

“Sou candidata à reeleição. Considero que antes de alçar voos maiores preciso interiorizar mais minha intervenção”, disse a deputada estadual à coluna De Olho no Poder. E para Camila ser mais conhecida fora da Grande Vitória um plano já foi traçado.

O grupo político de Camila está organizando e lança em breve o “Caravana Movimento”, que é um projeto para expandir a presença da deputada no interior – tradicionalmente bastante conservador –, com encontros itinerantes e formação de núcleos e lideranças locais.

“É uma iniciativa para estruturar núcleos políticos em diferentes municípios, organizando militantes e ativistas dispostos a fortalecer o projeto socialista no Estado”, explicou Camila.

Mas, outras decisões também foram tomadas na conferência, que ocorreu entre os dias 11 e 14 deste mês.

Fora do palanque de Casagrande

Outro ponto discutido e aprovado na conferência da MES, foi que o partido deve focar em fortalecer candidaturas de esquerda para o governo do Estado e para o Senado em 2026, seja com nomes próprios ou apoiando outros candidatos desse espectro político.

E, para a militância que acompanha Camila – e para a própria deputada –, os pré-candidatos hoje que receberiam a benção do Palácio Anchieta para as duas disputas não representariam o campo progressista.

Embora o Psol faça parte, na Assembleia, da base aliada do governador, Camila joga, para o campo da direita, as possíveis candidaturas de Ricardo Ferraço (MDB), ao governo do Estado, e do próprio Casagrande (PSB), ao Senado.

Por isso, é grande a possibilidade do Psol apoiar uma eventual candidatura do PT ao governo do Estado. Hoje, o mais cotado para a disputa seria o deputado federal Helder Salomão – que foi o parlamentar do Estado mais votado à Câmara Federal em 2022, conquistando 120.337 votos.

No caso do presidente Lula disputar a reeleição, o PT vai precisar montar um palanque próprio para fazer campanha e pedir votos para o Presidente.

“Segundo a avaliação do grupo, diante da consolidação de nomes da direita como Lorenzo Pazolini (Republicanos) e Ferraço (MDB), a possibilidade de uma candidatura encabeçada por Helder Salomão (PT) seria uma excelente aposta para enfrentar o avanço conservador”, diz nota encaminhada pelo Psol à coluna. Camila endossa:

A gente acha que a esquerda precisa ter um nome ao governo do Estado com capacidade de disputar um projeto político e levar essa eleição para um segundo turno, o que seria muito importante para o Espírito Santo. A gente entende que o nome do Helder tem todas as condições de cumprir essa tarefa com qualidade, já que é o deputado federal mais bem votado do Espírito Santo”, explicou Camila.

No Senado, a mesma coisa. Como duas vagas estarão em jogo, o grupo político de Camila aposta no lançamento de uma candidatura própria, para a 1ª vaga, e no apoio ao senador Fabiano Contarato (PT), para a 2ª vaga. A reeleição de Contarato é prioridade para o PT.

Embora Casagrande seja do PSB – partido que está na vice-presidência da República, governando o País junto com Lula –, a leitura que Camila faz é que a candidatura de Casagrande não representará a esquerda: “Casagrande ainda não definiu sua candidatura ao Senado, deve definir. Mas me parece que não será uma candidatura pela esquerda. Essa é a análise que eu faço nesse momento”.

Nas eleições de 2022, Casagrande montou uma frente ampla para sua campanha à reeleição, com partidos de esquerda, centro e direita em seu palanque. Embora declarasse voto em Lula, Casagrande não pediu votos e muito menos ligou seu nome ao Presidente. Fez uma campanha independente da disputa nacional. Tudo indica que 2026 será da mesma forma.

Os cotados

Dois nomes já estariam sendo trabalhados para disputar as eleições majoritárias pelo Psol no ano que vem, segundo Camila. Um é o servidor do Incaper Luiz Bricalli e o outro, é o médico e 1º suplente de vereador da Serra Thiago Peixoto. “Eu defendo que lancemos uma candidatura (ao Senado) e que o Contarato seja nosso outro voto”.

Além do Senado, o Psol pode ter candidatura própria ao governo do Estado, caso não haja acordo numa candidatura comum no campo progressista.

“É importante dizer que esse debate ainda não foi fechado dentro do Psol, pelo contrário, está iniciando. Então, essa é a posição do meu grupo, do que vamos defender dentro de um cenário que não está fechado. Até 2026 tem muita coisa que ainda vai se mover nesse tabuleiro político, mas a partir das análises que temos feito é que a direita e a extrema-direita têm se movimentado na discussão e a esquerda precisa também realizar o seu debate e se movimentar”, disse Camila.

Embora a deputada tenha ponderado sobre as decisões serem pertinentes ao seu grupo, como já dito, ela é a principal liderança do Psol e a tendência é que as definições partidárias passem por ela. Oficialmente, não se pode dizer que é uma decisão do Psol estar fora do palanque de Casagrande, mas nos bastidores, é o que deve ocorrer.

Em tempo: É claro que essa definição seria para o primeiro turno da eleição. Num eventual segundo turno, a coisa muda de figura e os partidos tendem a se aproximar e a juntar forças do lado que mais têm afinidade. No 2º turno de 2022, Camila apoiou Casagrande ao governo.

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.