O pleito de 02 de outubro colocou o atual governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), que tenta a reeleição, e o ex-deputado Carlos Manato (PL), que concorre ao Palácio Anchieta pela segunda vez, no segundo turno, marcado para o dia 30 deste mês. Nas urnas, o socialista recebeu 976.652 votos (46,94%), enquanto Manato contou com 800.598 votos (38,48%).
Passada a ressaca do primeiro turno, os dois candidatos agora partem para as estratégias que nortearão suas respectivas campanhas em busca do voto dos eleitores que escolheram outros nomes nas urnas; além disso, conforme os especialistas, esse também será o momento em que Casagrande e Manato brigarão pelo apoio de políticos que saíram da eleição com votação expressiva, mesmo não tendo sido eleitos.
“Manato e Casagrande, com certeza, já estão em busca de alianças políticas para se fortalecer nessa disputa do segundo turno. No entanto, não dá para dizer que, mesmo com os candidatos derrotados manifestando apoio a um dos dois concorrentes do segundo turno, os seus eleitores farão a mesma escolha. Então, o segundo turno será um tira-teima entre quem está satisfeito com o governo atual – o eleitor satisfeito, que aprova o governo, vai votar em Casagrande -; o eleitor que pretende uma mudança na forma de governar, que está insatisfeito, ele tende a votar no candidato de oposição. Então, essa é a primeira questão”, explicou Lucas Margotto, analista político.
O analista ainda cita a capacidade de mobilização que os dois candidatos precisarão ter para arregimentar eleitores que comprem as suas propostas de governo para os capixabas, agora em um cenário de disputa mais enxuto, com menos opções.
“Além das alianças locais, os dois candidatos também precisarão contar com uma grande capacidade de mobilizar eleitores. Então, é fundamental que cada um deles mantenha, minimamente, o eleitorado que os escolheu no primeiro turno”, pontuou.
Margotto destaca que a importância de manter o eleitorado do primeiro turno está diretamente ligada ao fato de que, historicamente, o índice de abstenções no segundo turno acaba sendo maior, uma vez que uma parte considerável dos eleitores desiste de ir às urnas sem o candidato de sua preferência disputando o pleito.
“O eleitor que escolheu um outro candidato no primeiro turno, pode não se interessar por ir votar no segundo, porque o candidato que ele queria ver eleito já perdeu. Nós podemos ter uma abstenção bem maior do que tivemos no primeiro turno, que ficou na casa dos 21%. Eu faço uma estimativa que, no segundo, a abstenção vai passar dos 25%, por conta desse fenômeno”, destacou.
Por fim, o especialista frisa que a disputa no campo ideológico exigirá ainda mais dos dois candidatos.
“O grande desafio de Casagrande é mobilizar o eleitorado do centro, que não quer votar em Manato, por entender que ele está na extrema-direita; ao mesmo tempo, Manato vai buscar mobilizar e trazer para si os eleitores que preferem os candidatos de direita”, disse Margotto, que concluiu sua análise afirmando que os postulantes ao cargo de chefe do Executivo estadual também precisarão investir em articulação política e diálogo com outras frentes partidárias no Espírito Santo.
A análise de Margotto é corroborada pelo sociólogo Carlos Lopes, que, durante entrevista para a TV Vitória, nesta terça-feira (04), também avaliou que, além de fidelizar os eleitores que os apoiaram no primeiro turno, os candidatos também precisarão conquistar novos no segundo. Lopes ainda frisa que essa não será uma tarefa fácil de ser cumprida.
“Pode parecer fácil, mas não ´é tão automático assim. Os candidatos também precisarão convencer os eleitores que votaram branco ou nulo, a irem às urnas”, disse.
Veja o perfil dos candidatos ao Governo do ES
RENATO CASAGRANDE
Nascido em Castelo, no Sul do Estado, Casagrande é formado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, e em Direito pela Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim.
Casado, pai de dois filhos e atual governador do Espírito Santo, Casagrande já atuava na esfera política antes de ocupar o Palácio Anchieta.
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Durante sua vida pública, Casagrande já exerceu os cargos de senador, deputado federal, vice-governador e deputado estadual. Também já foi secretário de Estado da Agricultura, secretário de Meio Ambiente da Serra e de Desenvolvimento Rural, em Castelo.
Além da atual gestão, Casagrande já foi governador do Estado de 2011 a 2015. De 2015 a 2018, o atual chefe do Executivo estadual foi presidente da Fundação João Mangabeira, dedicada a discutir e difundir o socialismo democrático (se opondo ao capitalismo).
CARLOS MANATO
Nascido em Alegre, o médico e ex-deputado federal Carlos Manato segue na disputa pela posição de governador do Estado. Presente na política capixaba desde 2003, Manato já ocupou o posto de deputado federal por quatro vezes.
Com a vida acadêmica voltada à área da Saúde, Manato é pós-graduado em Medicina do Trabalho, pela Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (Emescam), e em Colposcopia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O candidato também é pós-graduado em Administração Hospitalar e especialista em Ginecologia e Obstetrícia.
Na Câmara dos Deputados, já foi membro das seguintes comissões: Turismo, Agricultura, Pecuária, Abastecimento, Desenvolvimento Rural, Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, entre outras.
Em sua carreira, o político já trabalhou como professor na Emescam, médico no Instituto Estadual de Saúde Pública. Ele também foi diretor-clínico e diretor-geral do Hospital Dório Silva, além de diretor-clínico e diretor-presidente do Hospital Metropolitano.