Termo pertencente ao universo do futebol, que representa o jogador que ocupa uma posição no centro da linha de ataque, a expressão acabou se tornando apelido debochado usado pelo candidato ao governo do Estado, o ex-deputado federal Carlos Manato (PL), em referência ao atual governador e candidato à reeleição, Renato Casagrande (PSB), durante debate realizado nesta quinta-feira (20) pela Rede Vitória.
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A alcunha é uma referência ao ex-jogador e comentarista Walter Casagrande Júnior, cujo sobrenome é o mesmo do engenheiro florestal e atual chefe do Executivo estadual. Mas a conotação vai muito além, é claro, do que abrange a paixão nacional.
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O título de centroavante ainda não havia sido usado, em outras ocasiões, por Manato, para atacar o adversário político. Porém, no debate da Rede Vitória, o médico o repetiu diversas vezes, como forma de provocação.
O apelido foi dado ao socialista no escândalo da Odebrecht, em que, durante delação premiada feita em mais um desdobramento da Operação Lava Jato, em 2017, foi revelada uma planilha com nomes e apelidos de políticos que teriam recebido propina por parte da empreiteira.
Apesar disso, o governador negou, por nota, à época, ter tratado sobre repasse de dinheiro para campanhas eleitorais com a Odebrecht ou com qualquer outra empresa no Palácio Anchieta. Segundo ele, “as reuniões relatadas pelos delatores sempre abordaram assuntos institucionais e de interesse do Estado”.
Manato diz que Casagrande é culpado por facções e milícias
No debate da Rede Vitória com os candidatos ao governo do Estado no segundo turno das eleições, Renato Casagrande e Carlos Manato, saíram do campo das propostas, por diversos momentos, para protagonizarem um embate tenso e repleto de acusações entre os dois políticos.
À certa altura do encontro entre os dois políticos, Manato chegou a afirmar que o mandatário era responsável por facilitar o tráfico de drogas entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
“Você é o único responsável pela ação do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu as ações da polícia nas comunidades do Rio de Janeiro, permitindo que elas se armassem. Essas armas do Rio de Janeiro se espalharam para o Espírito Santo. Facções se infiltraram aqui. Se hoje temos milicianos, a culpa é do ‘centroavante’, afirmou o candidato do PL.
Ao responder sobre a fala do ex-deputado, Casagrande afirmou que o governo tem atuado de forma a combater o crime organizado no Estado com veemência, com o uso das forças de segurança capixabas.
“Nossas forças de segurança são competentes. Fui um dos responsáveis, junto com as igrejas, OAB e outras lideranças políticas, de retirar o crime organizado das instituições públicas. Mas o candidato pertencia à Le Cocq. Como se não bastasse isso, em 2017, para tentar se colocar como candidato a governador, fez uma manobra de coordenação na greve da polícia. Se colocou como salvador da pátria e causou prejuízo à vida das pessoas”, ressaltou à autoridade do executivo estadual.
Segundo Casagrande, somente o fato de Manato ter sido filiado à Le Cocq, apontada como uma organização paramilitar que, ainda que não fosse à época clandestina, teve ligação com diversos assassinatos, já seria prova suficiente de que o opositor foi parte do crime organizado.
O candidato à reeleição chegou a afirmar, ainda, que nesta quarta-feira (19) uma ex-assessora do ex-deputado denunciou um esquema de “rachadinha” no gabinete, além de ter apontado Manato como “uma das lideranças da greve da Polícia Militar”.
Com a deixa, Renato provocou o ex-parlamentar por ter supostamente comandado a greve que matou mais de 200 pessoas em 22 dias, tendo sido o maior episódio de violência no Estado. “É hora de alertar o capixaba quem de fato é capaz de combater o crime organizado”, finalizou.
Casagrande acusa Manato de envolvimento em greve da PM
O crime organizado voltou a ser o pano de fundo da discussão entre os dois políticos, com Casagrande afirmando que Manato teria sido um dos responsáveis e articuladores da greve da Polícia Militar (PM), ocorrida em 2017 no Estado.
“Nunca combateu o crime organizado e coordenou a greve de 2017, a greve que matou mais de 200 pessoas em 22 dias, o maior caso de violência do Estado”, disse Casagrande ao responder a ataques de Manato, que iniciou o debate chamando o socialista de “centroavante”, em referência ao suposto apelido do governador do Estado na planilha da Odebrecht, em que surgiam nomes de políticos que teriam recebido propina da empreiteira.
Já Manato rebateu voltando a citar o crime organizado, afirmando que o ex-secretário de Segurança Henrique Herkenhoff, que teve como missão dissolver a Scuderie Le Cocq, teria afirmado que o ex-deputado nunca teve participação na organização criminosa, como tem afirmado a campanha de Casagrande e como o próprio governador voltou a afirmar no debate desta quinta-feira. O candidato ainda frisou que, quando a greve da PM aconteceu, ele estava em Brasília.
“A greve de 2017, quando começou, eu estava em Bras´ília. Fizemos projeto de anistia, isso está nos anais. O que aconteceu foi o lockdown que o senhor fez, acabou com o Estado do Espírito Santo. O senhor matou o CNPJ, tirou emprego das pessoas. As pessoas ficaram sem emprego e sem renda”, disse Manato.