Não foi só no governo do Estado que a bancada dos ex-prefeitos encontrou abrigo. Nesta quarta-feira (19), cinco gestores que deixaram suas respectivas prefeituras no ano passado foram nomeados para cargos comissionados da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.
As nomeações foram publicadas no Diário Legislativo de hoje e são todas para o mesmo cargo: assessor júnior da secretaria (AJS) da Secretaria da Assembleia Legislativa. Os nomeados foram:
- Hilário Roepke (PSB), o Hilário Gatinha: ex-prefeito de Santa Maria de Jetibá
- João Paulo Schettino Mineti (sem partido), o Paulinho Mineti: ex-prefeito de Venda Nova do Imigrante
- Hélio Carlos Ribeiro Cândido (PSB), o Cacalo: ex-prefeito de Muqui
- Robertino Batista da Silva (PDT), o Tininho: ex-prefeito de Marataízes
- Jaime Santos Oliveira Junior (PSB), o Jaiminho: ex-prefeito de Ponto Belo
Segundo consta no Portal de Transparência da Ales, o cargo de assessor júnior de secretaria tem como salário o valor de R$ 3.688,13, para 40 horas semanais de trabalho. Todos os servidores do Legislativo também recebem auxílio-alimentação no valor de R$ 1.949,45, além de auxílio-saúde.
Os cinco ex-prefeitos são figuras experientes em seus redutos políticos. Hilário Gatinha terminou seu segundo mandato consecutivo no ano passado. Não chegou a apoiar um sucessor publicamente.
Paulo Mineti foi eleito vice-prefeito em 2016, mas em 2019 assumiu o município com a morte do então prefeito Braz Delpupo. Em 2020 foi reeleito e ficou no mandato até o ano passado.
Cacalo foi prefeito por um mandato (2021-2024). No ano passado, ele poderia ter tentado a reeleição, mas apoiou o ex-prefeito Frei Paulão (PSB), que acabou perdendo a disputa para o atual prefeito Camarão (PL).
Tininho já teve três mandatos à frente da Prefeitura de Marataízes, sendo os últimos no período de 2017 a 2024. No ano passado, ele tentou eleger seu sucessor, Luiz Almeida (Republicanos), mas sem sucesso.
E Jaiminho, que deixou a Prefeitura de Ponto Belo no ano passado, já teve também três mandatos à frente do município. O atual prefeito, Marcos Coutinho (MDB), faz parte do seu grupo político.
A tendência é que os ex-prefeitos concorram nas eleições do ano que vem, disputando vaga à Assembleia ou à Câmara Federal. Mas, nos bastidores, outras motivações estariam por trás das nomeações.
Acordo com o governo?
Durante as negociações entre o governo do Estado e o presidente da Assembleia, Marcelo Santos (União), sobre a eleição da Mesa Diretora, alguns pontos teriam sido acordados entre os dois.
Um deles, seria a Ales nomear algumas lideranças e ex-prefeitos da base aliada que tinham acabado de deixar o mandato. Nas negociações, o acordo teria sido firmado, embora Marcelo já tenha negado, para a coluna, tal tratativa.
No entanto, entre os cinco nomeados na Ales, hoje, três são filiados ao PSB – partido do governador Renato Casagrande (PSB) –, o que reforça a tese de que, nos bastidores, haveria um acordo para abrigar aliados políticos do governo que ficaram sem mandato.
Casagrande também abriu espaço na administração para ex-prefeitos. Conforme noticiado pela coluna, sete ex-gestores entraram no governo desde o início do ano, sendo que três – Sergio Vidigal (PDT, Serra), Victor Coelho (PSB, Cachoeiro) e Guerino Balestrassi (MDB, Colatina) – foram para cargos no 1º escalão: viraram secretários.
Além de retribuir o apoio que esses líderes deram a Casagrande, o governo também está formando um time para atuar a seu favor nas eleições do ano que vem.
As eleições de 2026 e as intenções de Marcelo
Não é só o grupo de Casagrande que está de olho e montando estratégias para 2026. O presidente da Assembleia, Marcelo Santos, é pré-candidato a deputado federal e também vai precisar de aliados nos municípios para conquistar uma cadeira na Câmara Federal.
Como a expectativa é que o próximo pleito seja mais difícil e acirrado para todas as disputas, cada voto, em cada cantinho desse Estado, será precioso e poderá fazer a diferença. E o presidente da Ales tem ciência de que o apoio das lideranças regionais é essencial.
Marcelo já vinha, desde o ano passado, se articulando pelo Estado afora, dialogando com lideranças, negociando migrações partidárias e apoios. As movimentações foram tão intensas que chamaram a atenção do governo, chegando a causar um mal-estar e colocando em risco sua reeleição no comando da Ales.
Pacificada a eleição da Mesa Diretora, com Marcelo e Casagrande alinhados novamente e caminhando na mesma direção, as eleições de 2026 se tornaram um objetivo comum, assim como a estratégia de preparar um grupo que poderá fazer diferença nas urnas.
Em tempo: Marcelo Santos foi procurado para se manifestar a respeito das nomeações, mas não retornou aos contatos da coluna até o fechamento desta publicação.
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