O ex-deputado Carlos Manato (sem partido) já se decidiu: vai disputar o Palácio Anchieta no ano que vem. Já tem equipe de marketing contratada e trabalhando e uma outra equipe, de voluntários, ajudando na construção do plano de governo. Está viajando o estado e tendo reuniões com lideranças. A única coisa que Manato não tem ainda é um partido para chamar de seu.
Não é nem por falta de convite. O PTB convidou o ex-deputado para se filiar, mas Manato quer entrar na mesma legenda que Bolsonaro (sem partido). E está sendo mais fácil acertar na loteria do que adivinhar o rumo partidário que o Presidente vai tomar.
Na semana passada, o PL se tornou a bola da vez dos partidos cotados para abrigar Bolsonaro. A cotação já passou por PP, Patriota, PSL, PTB – não necessariamente nessa ordem, com alguns sendo cotados por mais de uma vez. A cúpula do PL já se reuniu com o Presidente e já teria feito o convite, com os presidentes nacional e estadual da sigla, Valdemar Costa Neto e Magno Malta, respectivamente, cuidando pessoalmente das tratativas.
Mas, caso Bolsonaro vá para o PL, Manato vai precisar contornar algumas dificuldades para levar adiante seu projeto. Isso porque não seria do interesse do partido ter uma candidatura própria para o governo, para não dividir os recursos (dinheiro e tempo de TV) com outra candidatura majoritária que não a de Magno Malta, candidatíssimo ao Senado. E Manato sabe disso.
“Não vou medir esforços para estar no mesmo partido do Presidente. Eu já conversei com Magno. Ele é candidatíssimo a senador. Já está com a chapa de federal bastante adiantada. Se Bolsonaro fechar mesmo no PL vou tentar convencê-lo (Magno) que é importante ter um candidato ao governo. E para compensar a questão da divisão do tempo de TV eu posso me comprometer a levar um partido junto, para somar no tempo. A única coisa que não vou fazer é ir por cima”, disse Manato, referindo-se a forçar uma entrada no partido e uma candidatura via interferência nacional.
Questionado sobre qual partido poderia levar numa eventual formação de coligação com o PL, para aumentar o tempo de TV, Manato citou três legendas: PTB, Patriota e PSC. “Tem o PTB e posso tentar levar outros também, como Patriota e o PSC. Podemos conversar com eles, tenho uma boa amizade com Reginaldo (Almeida, presidente do PSC). É questão de diálogo. Só não abro mão de ser candidato ao governo. A não ser que me mostrem com pesquisas que alguém do mesmo grupo tem mais chance do que eu”.
Políticos que querem disputar um cargo eletivo precisam estar filiados há pelo menos seis meses antes do pleito. Ou seja, Bolsonaro e Manato podem se filiar somente no ano que vem. A dificuldade ficará, porém, para o dirigente partidário montar chapas e coligações em cima da hora. E não custa lembrar de uma máxima na política: “Quem chega primeiro, bebe água limpa”.
A coluna tentou contato com o ex-senador Magno Malta, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
Questão Soraya
Além da sua pré-candidatura ao governo, Manato também precisará arranjar um abrigo para sua esposa, a deputada federal Soraya Manato. Ela está hoje no PSL que, com a fusão com o DEM, passará a se chamar União Brasil. Segundo Manato, haveria espaço para ela continuar na sigla e disputar a reeleição, junto com a deputada Norma Ayub (DEM).
A questão é que ninguém sabe ainda qual será o rumo da União Brasil: se apoiará Bolsonaro, se lançará candidatura própria – o ex-ministro Henrique Mandetta e o apresentador Datena são cotados para a disputa –, ou se apoiará outro candidato à Presidência.
A questão é: se a União Brasil não decidir por Bolsonaro, ficaria Soraya no partido? Já pensando nisso é que Manato também quer levá-la para onde ele for. Porém, algumas legendas estão resistentes, por já estarem com as chapas adiantadas e com os pré-candidatos alinhados a não aceitarem mais nomes com mandato, para não tirar a chance dos demais. A leitura feita é que concorrer a uma cadeira contra um parlamentar é uma disputa desigual.
Manato encontrou essa dificuldade no Patriota. “Eu conversei com o Rafael Favatto, ele disse que teria espaço pra mim, mas para a Soraya ficaria complicado, por causa da chapa que ele já está montando para federal”, disse.
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!
Questionado sobre a possibilidade aventada por Manato, de ser carregado para uma coligação com o PL, o presidente do PSC-ES, Reginaldo Almeida, soltou um “calma aí”.
“Conversar é uma coisa, levar o partido, é outra. Hoje, está muito distante de levar o PSC para o PL. Não houve nenhuma conversa. E outra, essas coisas passam pela chapa de federal, onde estarão os candidatos federais de Manato? No PL ou no PSC? União Brasil, onde está a deputada Soraya, vai fechar com Manato?”, questionou Reginaldo. Hoje, a prioridade do PSC passa pela reeleição da deputada federal Lauriete Rodrigues (ex-PL).
“Quanto mais, melhor!”
Manato disse também que tem conversado com outros pré-candidatos ao governo e os incentivado a disputar. “Conversei com o Guerino umas duas vezes e com o Audifax também umas duas vezes. Estou convicto que, quanto mais candidatos, melhor para a oposição. Temos que dividir o lado de lá. Eu já passei por isso, por cinco pontos eu não fui para o segundo turno”.
Na eleição de 2018, Casagrande venceu a disputa ao governo no 1º turno, com 1.072.224 votos (55,49% dos votos válidos) e Manato teve pouco menos da metade: 525.973 (27,22% dos votos válidos).
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PT e PDT no congresso do PSB de Vitória
O ex-prefeito de Vitória João Coser (PT) e a filha, a vereadora Karla Coser (PT), além do presidente do PDT-ES, Weverson Meireles, marcaram presença no congresso municipal do PSB de Vitória, no domingo (24), para a posse do novo diretório. No evento, também compareceram o governador Renato Casagrande (PSB) e a vice, Jacqueline Moraes (PSB).
Fabrício Pancotto assumiu a presidência do ninho socialista na capital no lugar de Juarez Vieira. Nos bastidores, Fabrício, que é advogado, é cotado para disputar uma vaga de deputado federal. Ele já foi presidente do Conselho Estadual de Juventude do Estado (Cejuve) e diretor jurídico do Conselho Popular de Vitória (CPV).
Já as presenças de PT e PDT no evento do PSB sinalizam a aproximação entre os três e reforçam a possibilidade do trio estar junto nas eleições do ano que vem. No sábado, o presidente do PSB-ES, Alberto Gavini, disse à coluna que o PSB estuda um palanque duplo para as eleições. Uma das possibilidades é fechar com PDT e PSDB. A outra seria com PT e PDT.
PSB em Viana
Nesta segunda-feira (24), o PSB de Viana escolhe seu novo diretório. O professor, sociólogo e subsecretário estadual de Políticas sobre Drogas, Carlos Lopes, será o novo presidente. Ele já estava interinamente no posto há dois meses. A vice-governadora, Jacqueline Moraes, estará presente no evento que acontece na Câmara de Vereadores, às 19 horas.