Com a aparente definição do presidente Bolsonaro de ingressar no PL, a vida do ex-deputado Carlos Manato também começa a se resolver. Ou não. Nacionalmente, não haveria empecilho para Manato se filiar ao PL e ser candidato ao governo do Estado. Mas, regionalmente, Manato precisa puxar o banco, sentar com o ex-senador e presidente do PL-ES, Magno Malta, e acertar. O que Manato, inclusive, já está buscando fazer.
Na tarde de ontem (09) começou a circular no mercado político que Manato já teria acertado, por cima, e se filiaria ao PL no mesmo dia que Bolsonaro – a previsão é que seja no dia 22, em Brasília. Questionado pela coluna, Manato disse que não irá a Brasília enquanto não conversar com Magno Malta.
“Não vou para Brasília, me filiar, sem falar com Magno Malta. Ele é o presidente estadual. Não gostaria que fizessem isso comigo, não vou fazer com ninguém. Vou conversar com ele, olho no olho, e vamos decidir o que fazer. Minha ideia é ir para o PL. Se a deputada Soraya puder agregar, gostaria muito que ela fosse também, não só eu. O Presidente (Bolsonaro) quer que a gente vá com ele para o mesmo partido que ele for”, disse Manato. Questionado sobre qual a chance hoje de fechar com o PL, Manato respondeu que é de “80%”.
Soraya também tem o mesmo desejo. “Estou há quatro anos acompanhando o Presidente e pretendo acompanhá-lo na nova sigla escolhida. Mas, ainda preciso me reunir com a Executiva estadual do partido que ele for ingressar, para saber se terei algum espaço nas próximas eleições. Não quero atrapalhar nenhuma candidatura já batida o martelo. Quero agregar. Vou aguardar a decisão do nosso presidente Jair Bolsonaro, para definir o meu futuro na política”.
Manato contaria com a simpatia do vice-presidente nacional da legenda, Capitão Augusto. Em entrevista para a coluna, horas antes de Bolsonaro anunciar que está “99% fechado com o PL”, Augusto disse que as composições regionais serão definidas pela Executiva nacional, junto com Bolsonaro e os presidentes locais. “Temos que aguardar Bolsonaro, porque ele vai querer alguns espaços para seus aliados. O Manato é uma expressão política muito forte, elegeu prefeitos, a esposa, é um nome excelente, mas tem que compor com Magno Malta”, disse ele.
Pedra no sapato
A questão do PL é justamente essa: compor duas candidaturas majoritárias – a de Senado, já que Magno é candidatíssimo, e a de governo, que Manato não abre mão. Capitão Augusto disse que não há nenhum impedimento em ter, no partido, candidato ao governo e ao Senado. Mas, normalmente, o mesmo partido não tem dois nomes na disputa majoritária, até mesmo para atrair aliados para a coligação, o que é importantíssimo para a soma do tempo de TV e dos recursos dos fundos públicos para a campanha. Os três postos – candidato ao governo, a vice e ao Senado – são definidos, então, levando-se em conta os aliados da coligação e o que eles têm a oferecer.
Outra questão também é que, com dois candidatos majoritários, o tempo de TV e o recurso financeiro do partido precisarão ser divididos. E, nos bastidores, isso estaria preocupando o ex-senador. Como a prioridade das legendas tem sido a de eleger deputados federais – que é o que conta na hora da distribuição das verbas e do tempo de TV – o investimento em candidaturas ao Senado já deve ser menor. E tende a reduzir se tiver candidato ao governo.
Também há a questão de ter que abrigar uma candidata com mandato (a deputada Soraya Manato) na chapa federal. Muitos presidentes partidários estão formando suas chapas e uma das estratégias para atrair mais nomes é não ter candidatos com mandato, já que ninguém quer servir de escada.
Plano B
Manato reafirmou, à coluna, que leva o PTB com ele se fechar com o PL. “Agrega no tempo de TV”, disse ele. O ex-deputado também disse que Soraya foi convidada a continuar no PSL, que vai se juntar com o DEM. “Eu conversei com o Ricardo Ferraço, ela vai ter espaço lá, mas o problema é que não terá material casado, foto ao lado do Bolsonaro, porque o União Brasil (novo partido da junção DEM + PSL) não deve apoiar o Presidente. Eu não gostaria, mas fazer o quê?”. Manato também trabalha com um plano B para a esposa. “Ela já foi convidada pelo PTB e pelo PSC para disputar a reeleição com eles”.
“Tudo pode acontecer”
O PL foi demandado pela coluna, mas não respondeu sobre as movimentações do casal Manato. O tesoureiro da sigla, pastor Carlos Salvador, disse apenas que com a possível ida de Bolsonaro para o PL, o partido deve se tornar uma “vitrine”. “A tendência é ter uma procura maior pelo partido, mas é muito cedo para cravar alguma coisa, tudo pode acontecer”. O presidente do PL-ES, Magno Malta, não retornou aos contatos da coluna.
“Calibre 22”
Manato disse que a filiação de Bolsonaro ao PL deve ocorrer mesmo no próximo dia 22 por conta do número da legenda na urna, que é 22. “O calibre 22 é fraquinho, mas Bolsonaro está indo para fortalecer”, brincou Manato fazendo uma comparação com armas de fogo.
Trio desfeito?
Na eleição de 2018, PL, Republicanos e PSL ficaram juntos. Manato, à época, comandava o PSL, e foi candidato ao governo. Não obteve êxito (Casagrande venceu no 1º turno), mas conseguiu eleger a mulher, Soraya (PSL), à Câmara Federal. Amaro Neto (Republicanos) foi eleito o deputado federal mais votado (181.813 votos) e Lauriete, que à época estava no PL (ex-PR), também foi eleita. Já Magno Malta (PL) não conseguiu se reeleger ao Senado.
Tudo indica, porém, que o Republicanos não deve formar a trinca dessa vez. Pelo menos, não com os mesmos partidos. Republicanos está mais próximo de outros pré-candidatos ao governo: o prefeito Guerino Zanon (de saída do MDB) e o ex-prefeito Audifax Barcelos (Rede) e provavelmente terá candidatura própria ao Senado.
Tudo em paz?
Após a eleição de 2018, teve um ruído entre Manato e Magno Malta. Uma revista nacional publicou um “desabafo” de Manato, com colegas da Câmara Federal, em que ele atribuía sua derrota ao governo do Estado a Magno Malta e a derrota de Malta, a Deus. “Deus castigou ele”, teria dito Manato. Na ocasião, Manato negou o suposto desabafo, mas o fato é que ele e o ex-senador não tiveram mais o mesmo entrosamento.
Condição
O deputado estadual Alexandre Xambinho (PL), que já teria tido conversas com outros partidos para mudar de legenda, disse que só sai da legenda “se não tiver chapa”. Ele é o único deputado (estadual e federal) do partido, já que Lauriete, que se elegeu pela sigla, mudou para o PSC.
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Ministro da Saúde no Estado
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vem ao Estado nesta quinta-feira (11) para visitar hospitais e terá também um encontro com o governador Renato Casagrande. Segundo Manato, o ministro chega ao Estado às 9h e segue para o Pavilhão de Carapina, onde participa do “Simulado de Incidentes com Múltiplas Vítimas/SAES/MS”.
Após o evento, ele segue para o Hospital Evangélico, em Vila Velha, onde visita as obras do novo complexo oncológico e almoça no hospital. Em seguida, está programada uma visita à Santa Casa, em Vitória, e logo, depois, Queiroga terá um encontro de uma hora (das 16h às 17h) com o governador, no Palácio Anchieta, partindo para Brasília logo depois.