O deputado federal Felipe Rigoni está com as malas prontas para o União Brasil, conforme a coluna De Olho no Poder noticiou ontem. Ele se filia no próximo dia 7 e já sabe que terá voz ativa tanto no Estado, quanto nacionalmente – aliás, essa era uma das condições para sua escolha partidária.
Em entrevista para a coluna, ele disse que o partido pode ter candidato ao governo, e o nome dele está à disposição, ou apoiar um dos nomes postos – incluindo o do governador Renato Casagrande (PSB). Nacionalmente, com a falta de Eduardo Leite na disputa, ele acredita que o União ficará mais próximo do ex-ministro Sergio Moro. Leia a entrevista na íntegra:
DE OLHO NO PODER – O senhor decidiu se filiar ao União Brasil. Por quê?
FELIPE RIGONI – Estava conversando há muito tempo com muitos partidos. O que mais me atraiu para o União foi justamente a junção de dois partidos gigantescos que deixam seu protagonismo individual de lado para construir um projeto maior para o nosso país. E de fato a ideia é construir algo mais conciliador e com muita gente. Não tem definido candidatura nacional, mas o importante é que o União vai fazer um diálogo grande para tirar o país dessa polarização. Inclusive o nome do partido já propõe isso. Esse foi o grande atrativo pra mim.
Quando a junção for homologada o União terá a maior bancada. Isso também te atraiu?
Não, isso não foi o principal. O principal motivo é de união mesmo, para tirar o país dessa polarização Lula-Bolsonaro.
O senhor estava próximo ao PSDB também. O que o fez desistir do partido?
Estava conversando com vários partidos. Mas a conversa que mais avançou foi com o União.
Mas a desistência pelo PSDB foi motivada devido o Eduardo Leite perder as prévias?
Não. Já tinha tirado o PSDB da lista um pouco antes das prévias. Acho o Eduardo Leite um puta quadro, uma pena ele ter perdido, mas a minha decisão não veio por conta disso. Eu tenho conversado com ACM Neto desde o início do ano, hoje (ontem) fui lá prestigiar o lançamento da pré-candidatura dele. Tive conversa com Ferraço recente e vi que no União seria o melhor lugar para eu entrar. Acho que no União vou ter uma maior oportunidade de construir um projeto. Um partido novo que está topando construir ideias novas.
E você vai disputar o governo?
Isso não é algo definido por agora, vai ser definido com o grupo. O Espírito Santo vive ciclos, de 20 anos. Pega os últimos 100 anos e é fácil dividir em blocos de 20 anos. Esse ciclo que a gente está vivendo é um ciclo excelente. Saímos da série D, do campeonato, e fomos para a série A. Abrimos portas, fortalecemos as instituições, melhoramos a transparência, foi muito bom o ciclo Paulo-Renato. Eu acho que independente se esse ciclo vai continuar por mais quatro anos, a gente precisa construir o projeto do próximo ciclo, do Espírito Santo que a gente quer.
Lá no início dos anos 2000, quando Paulo foi eleito pela primeira vez, tinha muito claramente o que deveria ser feito: tirar as instituições do crime organizado, equilibrar as contas, melhorar a transparência, ter um governo que entrega, tudo isso a gente fez, foi um excelente ciclo. O que a gente precisa fazer é construir o projeto do próximo ciclo, se isso vai terminar numa candidatura minha ao governo ou não, não dá para saber neste momento, mas nós vamos montar esse projeto. Isso é o que eu sempre quis fazer, agora o União com certeza dá essa oportunidade para isso. Tudo vai ser dialogado, não sou muito de arroubos e imposições, acho que é um diálogo que tem que ser feito com a sociedade como um todo.
E como deve ser o próximo ciclo?
Acho que tem que focar muito num eixo de prosperidade, economia e educação. Com foco em educação profissional que é pouco feito no Estado ainda, apesar de ter melhorado. Tem algo que acho ser importante fazer na economia que é o adensamento de cadeias industriais. A gente produz uma série de coisa que a gente vende tudo in natura, desde produtos agrícolas a produtos industriais, e é importante fazer um adensamento de cadeias industriais para agregar valor às coisas.
Um outro eixo é o tecnológico. O Espírito Santo é um estado pequeno, então não vai criar produtividade por volume de consumo, tem que criar produtividade por tecnologia. A gente tem muita empresa de tecnologia, mas tem um déficit muito grande. Tem muita coisa a ser feita. Agora mais importante de fazer o que é juntar as pessoas que querem pensar sobre isso. Não é uma pessoa que vai chegar e dizer o que deve ser feito.
Você disse que iria para um partido onde pudesse ter voz ativa. Vai fazer parte do comando do partido?
Vou. A posição não está definida ainda. Até pelo fato do União ser um partido novo, serão formadas comissões provisórias. Naturalmente vai ser uma liderança compartilhada, com aqueles que já estão, o (Ricardo) Ferraço, o Quintino. Nacionalmente também devo ter algum espaço para construir o partido. Porque a ideia é construir um partido com programa, com ideias de Brasil.
O PSL tem muitas pessoas ligadas a Bolsonaro, qual será a cara do União Brasil?
Sem sombra de dúvida, o União Brasil vai ser um partido de conciliação e de projeto, eu não acredito que as pessoas que são extremamente radicais vão se sentir confortáveis de ficar no União, porque não é o estilo. Não sei o que vai acontecer com os bolsonaristas, mas com certeza, não vai ser estilo radical, de conflito, que a gente vai ter. É um partido moderado.
Quem vai ficar como presidente aqui?
Fechou um acordo que vai ser o Ricardo Ferraço. É uma figura super importante, além de ter sido um excelente senador, super moderado. O Quintino deve ter uma posição também. Só vai ser definido quando for homologada a junção, em janeiro ou fevereiro.
Quais nomes o União estuda apoiar para a Presidência?
Todos da terceira via: Pacheco, Moro. Não sei se tem uma proximidade com Doria. Mas a gente quer colocar um projeto que seja viável para o Brasil porque não acho que o projeto Bolsonaro-Lula seja viável.
Se o partido não tiver candidato próprio, quem você apoia para presidente?
Minha preferência era pelo Eduardo Leite, já se mostrou um excelente governador. Como não foi a escolha do PSDB, o que está discutindo agora é a candidatura do Moro. O que vai precisar ver se ele se viabiliza, não eleitoralmente falando, mas se ele tem time, se tem estofo político. Economicamente já mostrou que o Pastore vai coordenar, é um excelente nome, resta saber como será a coordenação política dele. Acho que pode ser um excelente nome.
Está batido o martelo que o partido lá na frente não irá apoiar Bolsonaro?
No primeiro turno, não.
E no segundo?
Aí não sei.
E como ficaria aqui, já que o União Brasil caminha com Casagrande?
Não tem nada definido. O diretório estadual que vai definir.
Mas você estará no mesmo palanque que Casagrande?
Estou aqui para montar um projeto de estado. Se isso vai virar uma candidatura ou apoio, vamos ver depois.
Há alguma resistência da sua parte ao governador?
Não. Casagrande é uma pessoa admirável, é meu amigo. Isso será definido em conjunto. O União pode ter uma candidatura ou pode apoiar um dos candidatos.