Além de todos os desafios que 2021 impôs, principalmente com a pandemia de Covid-19, o crime de feminicídio aumentou e acendeu o sinal de alerta no governo. Foram 38 casos durante o ano, o que representa um salto de 46,2% em relação a 2020, quando foram registrados 26 crimes.
A maior parte das regiões (três, de cinco) apresentou aumento no número de crimes, incluindo a Grande Vitória, que tem o maior número de casos absolutos (14). Na Região Metropolitana, o registro de feminicídio – quando a mulher é assassinada por questão de gênero, geralmente pelo companheiro ou pelo ex – subiu 75%, pulando de 8 para 14 assassinatos.
A região Sul também registrou aumento no número de casos – foi de 5 para 8, um salto de 60%. Mas foi a região Noroeste que bateu um triste recorde e ficou no topo do ranking do feminicídio no Estado. O aumento desse tipo de crime na região foi de 300%, subindo de 2 casos, em 2020, para 8, no ano passado.
A região Serrana, que já esteve no topo do ranking, conseguiu reduzir em 20% o número de assassinatos de mulheres, caindo de 5 para 4 casos. E a região Norte reduziu em 33,3%, de 6 feminicídios praticados em 2020 para 4, no ano passado.
Raio-X
O mês mais violento para as mulheres no Estado foi junho, quando 6 foram vítimas de feminicídio. O mês passado (dezembro) registrou um feminicídio, o que mostra uma tendência de queda, já que em outubro foram registrados cinco crimes e em novembro, quatro.
Na maior parte dos casos, o perigo estava dentro de casa. O marido foi o autor de 26,3% de feminicídios ocorridos no Estado em 2021. Já em 21,1% dos assassinatos de mulheres, o autor foi o ex-marido. Em 15,8%, foi o namorado.
O principal meio para cometer os crimes foi o uso de arma branca (como faca, por exemplo), que responde por 47,4% dos casos. Já a arma de fogo foi utilizada para cometer 31,6% dos assassinatos.
Os dias da semana em que mais ocorreram os crimes foram terça-feira e sábado, concentrando 21,1% dos casos em cada dia. E a faixa horária mais violenta foi entre 18h e 19h, o que corresponde, geralmente, ao horário de saída do trabalho das mulheres.
Outras motivações
Ao todo, 106 mulheres foram mortas no Estado ao longo de 2021. Os feminícios (38 casos) correspondem a 36% dos assassinatos. O números gerais também representam aumento em comparação ao ano passado, quando foram registrados 102 assassinatos (aumento de 3,9%).
O último trimestre, porém, vem apresentando tendência de queda, já que outubro registrou 18 assassinatos de mulheres, contra 7, em novembro (redução de 61,1%), e 2 em dezembro (redução de 71,4% em relação a novembro). Já nos crimes gerais contra mulheres – que entre as principais motivações está o tráfico de drogas – o uso de arma de fogo esteve presnte em 61% dos crimes.
O município de Vila Velha registrou o maior número de assassinatos de mulheres: 13. Ele é seguido por Cariacica, com 10 crimes, e Serra, com 8.
Reforço no combate
Na entrevista que deu à TV Vitória na manhã deste domingo (02), o governador Renato Casagrande disse que está previsto para o primeiro trimestre desse ano a contratação e disponibilização de uma nova ferramenta para auxiliar no combate à violência doméstica. Trata-se do uso de um smartphone, por parte da vítima, que seria ligado a uma central policial e que avisaria quando o agressor, que irá usar tornozeleira, se aproximar da mulher. A nova ferramenta foi noticiada pela coluna.
“Este é mais um serviço. Tem a patrulha Maria da Penha, da PM, o programa “Homem que é homem”, da Polícia Civil, o trabalho das Guardas Municipais. Devemos concluir em janeiro a contratação, para ver se começa a instalar a partir do primeiro trimestre. Claro que a Justiça é que vai determinar quem vai receber. Trata-se de um desafio para o Estado. O sentimento que alguns homens tem de propriedade das mulheres é muito forte ainda. Temos que investir em educação e punição para mudar essa realidade”, disse o governador.
Geral
Já com relação aos números totais de homicídios, incluindo homem e mulher, o Estado registrou ao longo do ano passado, 1.060 assassinatos, o que representa queda de 4,2% com relação a 2020, quando foram registrados 1.107 crimes. Assim como nos feminicídios, a região Noroeste também apresentou aumento nos homicídios gerais. Foram 160 assassinatos em 2021 contra 130, de 2020 (+ 23,1%). A maior redução foi na Grande Vitória, que de 604 crimes cometidos em 2020 caiu para 519, em 2021 (queda de 14,1%). Seis municípios não registraram nenhum assassinato.