O deputado estadual Sergio Majeski (PSB) ainda não definiu qual cargo vai disputar em outubro. O parlamentar mais votado da Assembleia em 2018 (com mais de 47 mil votos), não deseja, como primeira opção, tentar novamente a reeleição. Mas também não descarta. Diz que pode disputar o Congresso, mas não definiu se para deputado ou senador. De uma coisa porém ele tem certeza: que não fica mais no PSB, partido do governador Renato Casagrande.
Em entrevista para o programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, na rádio Jovem Pan News (90.5 MHz) nesta quinta-feira (10), Majeski bateu o martelo sobre sua saída do partido, algo que já vem ensaiando há algum tempo, e contou detalhes sobre um episódio de 2018 – quando ele desistiu de disputar o Senado. Segundo o deputado, ele foi “obrigado” a recuar porque o PSB o teria abandonado.
Ele falou sobre o assunto ao ser questionado se havia algum arrependimento por não ter disputado o Senado em 2018. “É muito difícil falar que eu me arrependo. Eu fui obrigado, praticamente, a recuar. Fui para o PSB com a proposta de ser candidato ao Senado e o PSB me deixou sozinho, ainda na época da pré-candidatura”.
Majeski contou que na pré-campanha cobrava do partido uma posição e o PSB, segundo ele, o “enrolava”. “Era uma coisa que o partido estava fazendo propositalmente, porque não tinha coragem de dizer: ‘Olha, a gente precisa que você desista, porque precisa dar essa vaga para outra pessoa’. Aí eu acabei desistindo, porque as pessoas começaram a dizer que o partido iria me deixar sozinho, que eu ia acabar não me elegendo, porque a campanha para o Senado é uma campanha mais forte”, alegou.
O cenário da época também contribuiu para o recuo de Majeski. Algumas pesquisas davam como certa a reeleição do ex-senador Magno Malta e colocavam, com boa pontuação, o hoje deputado federal Amaro Neto, que também era pré-candidato ao Senado e acabou desistindo – sob orientação do seu partido, o Republicanos – após a saída de Majeski. “Amaro desistiu 10 dias depois de mim. Se o Amaro tivesse desistido antes, talvez eu tivesse peitado o partido e ido para a campanha sozinho. Por isso, não é uma questão que eu me arrependo, porque de certa forma eu fui forçado a desistir”, conta Majeski, denotando no tom de sua fala, uma mágoa contra o ninho socialista.
Mágoa essa que aumentou após o imbróglio que se formou no partido para a escolha do nome que iria disputar a Prefeitura de Vitória. Há exatamente dois anos, o PSB de Vitória convocava prévias para decidir quem iria disputar a Prefeitura da capital pelo partido: o deputado Sergio Majeski ou o então vice-prefeito Sérgio Sá.
Antes mesmo da realização da consulta, Majeski se posicionou contrário, afirmando que as prévias não tinham amparo legal e que o nome do candidato deveria ser decidido na convenção. Mas, foi em vão. As prévias ocorreram e ele saiu perdedor. Depois dali, a relação azedou de vez.
Saudade do ex?
Majeski disse que ainda não decidiu para qual partido irá, mas que está com conversas bastante avançadas com duas legendas: o PDT e seu ex-partido, o PSDB. Majeski era tucano quando se elegeu no primeiro mandato, em 2014, e deixou o ninho também com muitas críticas ao partido que, na época, era comandado pelo então vice-governador, César Colnago.
Questionado o que teria mudado no partido ou em sua percepção para cogitar voltar ao ninho tucano, Majeski disse que o partido “melhorou”. “Não existe partido perfeito, todos os partidos têm pessoas boas e ruins. O PSDB daqui do Estado melhorou nos últimos anos. O fim do governo Hartung foi importante também, porque isso pesou naquela época. Houve um desgaste muito grande com relação à disputa para presidente do partido aqui”, disse o deputado. Majeski deve decidir nos próximos 30 dias seu novo abrigo partidário.
Majeski já foi petista
O deputado disse que, embora tenha críticas à forma de organização dos partidos no Brasil, defende o fortalecimento das legendas e que, por acreditar nos partidos, se filiou ainda jovem. E o primeiro partido a abrigar o deputado foi o PT.
“Nós que criamos o diretório do PT em Santa Maria de Jetibá. Cheguei a ser candidato a vereador pelo PT, na primeira eleição de Santa Maria, em 1988. Tínhamos o projeto de eleger ao menos um vereador, eu entrei para fazer a soma de votos e conseguimos eleger um vereador. Mas o PT era outro partido, outra história, a gente tinha um projeto, a gente tinha sonhos, eu acreditava veementemente no PT como um partido puro, afinado com as questões sociais, com as questões de transformação de país, sobretudo da eliminação da pobreza e combate à corrupção, eu acreditei”, disse Majeski.
Ele conta que o PT foi sua maior decepção política. “Acho que fui muito ingênuo. Fui muito romântico, durante muito tempo, nessa crença de pureza de um partido. O PT se transformou numa grande decepção pra mim. Politicamente, foi minha maior decepção em função dessa história de como eu acreditei. Porque, a partir do momento em que chega ao poder, o PT, em grande parte, se iguala a outros partidos, em termos de fisiologia, patrimonialismo, enfim”.
Candidatura a governador descartada
Embora tenha ocorrido uma cotação com o nome do deputado Sergio Majeski à disputa pelo Palácio Anchieta, o parlamentar descartou. Ao menos por enquanto e para esse ano.
“Eu poderia me candidatar ao governo do Estado, mas eu teria que fazer uma construção mais longa. Com pessoas, partidos, segmentos para construir um projeto. Porque não vale a pena você investir numa candidatura aos trancos e barrancos, como tem sido, numa disputa de poder! Eu gostaria de fazer isso, mas com tempo mais significativo de construção, para aí sim, chegar ao governo, com um projeto bem construído. Esse ano, acho que não tem mais tempo hábil para aquilo que acredito como uma candidatura sólida, com um projeto efetivo, unindo pessoas que realmente tenham interesse no desenvolvimento do Estado”, explicou.
Questionado sobre sua relação hoje com o governador Renato Casagrande, Majeski foi sucinto. “Relação institucional, educada e só isso. Não tenho aproximação nenhuma com o governo, muito raramente falo com o governador, muito tempo que eu não o vejo”.
Na íntegra
O deputado Sergio Majeski também fez uma avaliação sobre a gestão educacional do Estado e do MEC, sobre as pautas ideológicas que têm invadido a Educação, falou do passaporte da vacina, sobre a ação que tramita no Tribunal de Justiça contra ele e sobre a Ales nesse ano eleitoral. Ouça aqui a entrevista na íntegra: