O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, disse que o nome do ex-governador Paulo Hartung será considerado na discussão para a escolha de um novo presidenciável da legenda. Ele falou com a coluna “De Olho no Poder” na noite de ontem (28), horas depois do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, recusar ir para o PSD e dizer que tem “confiança” de que estará junto com o capixaba.
“O Paulo Hartung é um quadro que valoriza qualquer partido. Na vida pública brasileira, talvez não tenha ninguém tão qualificado. Com certeza, o Paulo sempre é um nome para ser considerado”, disse Kassab ao ser questionado pela coluna se o ex-governador ainda estava no radar da sigla, que perdeu dois presidenciáveis.
Na manhã de ontem, num evento do PSD em São Paulo, Kassab foi questionado por jornalistas locais sobre a desistência de Leite. “Para o PSD não muda em nada. Nós vamos ter candidatura própria. O PSD está tranquilo, assim como tivemos o momento do Pacheco, que foi discutido internamente antes de apresentar o seu nome, depois tivemos o momento do Eduardo Leite e agora vamos preparar uma nova candidatura que em breve será apresentada”, disse Kassab, porém sem citar nomes.
“Acho que discutir nomes agora seria muito prematuro. Acho que o que marca o PSD é sua discussão interna. Vamos discutir, os nomes serão trazidos, mas tenho certeza que teremos um excelente nome”, disse Kassab, em São Paulo.
Segundo Kassab contou à coluna, essa discussão já começa amanhã (30). Ele explicou porque ainda não crava quais os possíveis nomes que são cotados para a disputa à Presidência. “Os anos de experiência na vida pública me ensinaram a não emitir opiniões sobre hipóteses quando você está no comando de um processo. Até ontem (domingo), nosso candidato preferencial era o Eduardo Leite. Quarta-feira (30) estarei em Brasília para começar a discutir o novo contexto com nossas lideranças partidárias, com ou sem mandato”, disse Kassab.
Para o dirigente partidário, Hartung é uma das opções para o seu “plano C”. O que não se sabe, porém, é qual a disposição do ex-governador capixaba de aceitar a missão. Internamente o PSD está dividido. Há lideranças que apoiam a candidatura própria, mas também as que apoiam Lula e as que querem que a bancada seja liberada para apoiar quem quiser.
O diretório capixaba foi exemplo disso. O partido não conseguiu ainda chegar a um consenso sobre uma possível candidatura ao governo, sendo um dos motivos para o então presidente da sigla, o deputado federal Neucimar Fraga, ter abandonado o barco e ido cuidar da sua candidatura à reeleição, se filiando ao PP. Ele mesmo admitiu o clima de instabilidade na legenda.
Há quem diga que Hartung não teria nada a perder. Que só o fato de ser cotado para o posto de presidenciável já o colocaria num outro patamar, de visibilidade, força política, o que poderia render frutos também para o Espírito Santo – mesmo que, lá na frente, a candidatura não vingue. Mas, pode ser que outros planos estejam na agenda do ex-governador.
No final da tarde de ontem, Hartung teria sinalizado, para um colunista de um veículo nacional, que não topará ser o “plano C” de Kassab. A coluna tentou contato com ele, por meio de sua assessoria, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
“Estaremos juntos”
A coluna “De Olho no Poder” participou ontem da coletiva de imprensa do governador Eduardo Leite – foi o único veículo de comunicação capixaba que entrou na sala virtual, com a possibilidade de fazer perguntas ao gaúcho.
Leite anunciou sua renúncia do cargo de governador do Rio Grande do Sul, mas disse que fica no PSDB. “Vou renunciar ao poder para não renunciar à política”, ele disse. E por várias vezes repetiu que a renúncia não o tira nenhuma possibilidade, numa clara sinalização de que poderá disputar o Planalto, mesmo com seu partido já tendo pré-candidato a presidente. Leite perdeu para o governador paulista, João Dória, nas prévias do PSDB, e embora tenha dito que as prévias serão respeitadas, afirmou que estará à disposição para unir o centro democrático.
A coluna então perguntou a Leite sobre o encontro que teve, semana passada, com o apresentador Luciano Huck e o ex-governador Paulo Hartung. E se Hartung estaria com ele nessa nova empreitada ou se o capixaba seria o nome escolhido pelo PSD.
“Não vou me arvorar aqui a falar por ele (Hartung), mas posso dizer que percebi nele total sinergia com o que estou aqui mencionando. O interesse é a disposição de ajudar o Brasil a viabilizar uma alternativa. É o mesmo sentimento dele e do Luciano Huck, que esteve aqui jantando comigo junto com Paulo Hartung. Conversamos sobre futuro”, disse Leite.
O gaúcho ainda sinalizou que os dois, ou melhor, os três, estarão juntos. “Eu tenho muita confiança de que estaremos juntos. Paulo Hartung e Luciano Huck, que estiveram aqui comigo, e tantas outras lideranças dentro de um projeto comum para o Brasil. Sem pensar em projeto pessoal, individual, o que é legítimo a cada um que tenha. O ex-governador Paulo Hartung, ex-senador, com toda qualidade que tem, naturalmente sempre será lembrado dentro do rol de opções e alternativas que podemos buscar, mas eu também percebo nele o mesmo sentimento que eu tenho, que não é sobre atender as nossas aspirações individuais, é sobre construirmos juntos uma alternativa para o país, então eu tenho confiança que a gente construirá juntos um caminho”, afirmou.
Nos bastidores, uma das possibilidades de “estarem juntos” seria se Eduardo Leite se mostrasse viável e competitivo na disputa, a ponto de herdar o posto de Dória como candidato tucano à Presidência, e Hartung ser o nome indicado a vice, pelo PSD. Mas Kassab, ao menos por enquanto, não trabalha com essa hipótese.
“O PSD tem dimensão para apresentar nomes para governadores e para presidente da República, vamos continuar com nossa diretriz. É evidente que, quando nós lançarmos nosso candidato, não tem nenhum sentido achar que ele não será bem-sucedido. Se eu tenho uma candidatura, não posso admitir que não estarei no segundo turno”, disse Kassab na coletiva. Isso, porém, só será decidido na convenção.
Veja o trecho da coletiva de imprensa em que Eduardo Leite fala sobre Hartung: