Sessão na Assembleia vai homenagear Golpe Militar de 1964

Ales: mais 3 cargos na Mesa Diretora / crédito: divulgação

A pedido do deputado estadual Capitão Assumção (PL), acontece na quinta-feira (31) na Assembleia Legislativa, uma sessão solene em homenagem ao Golpe Militar de 1964. A data – 31 de março – faz alusão à deposição do governo do presidente João Goulart, pelos militares, e ao início do regime militar, que durou mais de duas décadas no Brasil.

O pedido de Sessão Especial, “em alusão aos 58 anos da revolução de 31 de março de 1964” passou pelo plenário e foi aprovado pelos deputados presentes. A votação ocorreu no dia 8 de fevereiro e contou com a aprovação de 11 deputados, que estavam presentes na sessão, e oito que acompanhavam a sessão virtualmente, segundo consta no site da Ales Digital.

A sessão está marcada para às 10 horas da próxima quinta-feira (31) e, segundo a assessoria do deputado Capitão Assumção haverá entrega de honrarias da Assembleia aos homenageados.

Segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, instalada pelo governo federal para trazer à luz os crimes cometidos pelo Estado brasileiro durante o regime militar, 434 brasileiros morreram ou desapareceram durante a ditadura. Partidos foram extintos e foram suspensas as eleições diretas. Parlamentares que faziam críticas e oposição ao regime militar foram cassados, muitos tiveram que ir para o exílio, e o Congresso foi foi fechado (em 1966).

Entre os mortos e desaparecidos, está o caso do jornalista Vladimir Herzog, que comandava o jornalismo na TV Cultura. Herzog foi chamado para prestar esclarecimentos na sede do DOI-Codi no dia 24 de outubro de 1975. No dia seguinte, compareceu, espontaneamente, ao prédio do órgão para prestar esclarecimentos e, de lá, não saiu mais. Ele foi torturado e morto. Em 2013, sua família recebeu uma nova certidão de óbito – já que a primeira dizia que ele havia se suicidado – afirmando que ele morreu em decorrência de “lesões e maus-tratos sofridos durante os interrogatórios em dependência do II Exército (DOI-CODI)”.

Indignação

Servidores da Secretaria de Comunicação da Assembleia Legislativa foram convocados para fazer a cobertura da sessão solene e muitos estão indignados. De forma reservada – já que são funcionários e precisam do emprego –, alguns servidores disseram à coluna “De Olho no Poder” que se sentem mal e coagidos para atuar numa sessão que vai homenagear “quem torturou e perseguiu jornalistas, cidadãos que lutavam pela democracia”.

A coluna entrou em contato com a assessoria do deputado e pediu a lista de homenageados e qual o tipo de honraria – já que medalhas, placas e comendas são feitas com recursos públicos – será entregue, mas a assessoria respondeu que “não iria passar a lista dos homenageados”.

A assessoria da Assembleia disse que a sessão não é da Casa, mas sim do deputado, embora seja realizada nas dependências do Legislativo.