Seja para fortalecerem a chapa do partido, ou por não quererem mais ficar à sombra dos prefeitos, ou ainda por terem brigado com o grupo do qual foram eleitos, muitos vice-prefeitos vão enfrentar as urnas novamente neste ano para tentar uma cadeira no Parlamento.
Nos quatro maiores municípios da região metropolitana do Estado, todos os vices irão disputar. E no interior há diversos casos também. Alguns chegaram a trocar de partido.
É o caso da vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane, que foi eleita pelo Republicanos, mas deixou o grupo após ruídos e desentendimentos com o partido e com o prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos). O marido da vice chegou a questionar, publicamente, a postura do prefeito. Estéfane se filiou ao Patriotas e vai disputar uma vaga de deputada federal.
O Patriota ainda não bateu o martelo sobre quem vai apoiar na disputa ao governo. O presidente da sigla, deputado Rafael Favatto, é próximo ao governo do Estado – tanto que o PSB conta com o partido no apoio à reeleição de Casagrande –, mas o presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos), que também é pré-candidato ao governo, tem se aproximado e ajudou a construir a chapa do partido. Se o Patriota decidir por apoiar Erick, isso deixaria Estéfane, novamente, próxima ao grupo de onde saiu.
Na Serra, prefeito e vice vão ficar em lados opostos. Nos bastidores, a relação entre Sergio Vidigal e seu vice, Thiago Carreiro, também não seria das melhores, embora não tratem publicamente como ocorreu em Vitória. Carreiro mudou de partido, deixou o Cidadania e entrou no União Brasil, onde irá disputar uma vaga também à Câmara Federal. O União Brasil tem um pré-candidato ao governo – o deputado federal Felipe Rigoni – e o PDT, de Vidigal, tem outro: Casagrande.
Outro que brigou com o prefeito e vai disputar a eleição também é o vice-prefeito de Barra de São Francisco, Gustavo Lacerda. Ele se filiou ao PSC e vai disputar uma vaga à Assembleia. A briga com o prefeito Enivaldo dos Anjos (PSD) foi motivada, principalmente, por conta da pré-candidatura de deputado estadual.
Nos bastidores, Enivaldo queria articular apoio da região para a pré-candidatura do seu sobrinho, o ex-vereador de Vitória Mazinho dos Anjos – que se filiou ao PSDB –, mas Gustavo estava costurando apoio com as lideranças regionais ao seu nome. O desentendimento custou a permanência de Gustavo à frente da Secretaria Municipal de Saúde.
Em Cariacica não chega a ter uma situação de briga, mas prefeito e vice também não andam muito alinhados com relação às eleições de outubro – e muitas vezes nem com relação à gestão do município. O prefeito Euclério Sampaio (União) bateu o martelo que irá apoiar o governador Casagrande – embora seu partido tenha pré-candidato ao governo (Rigoni) –, já a vice, Enfermeira Edna, não tem o mesmo compromisso. Ao menos, não publicizou.
Ontem, no último dia de prazo de filiação, ela deixou o Solidariedade, partido que estava próximo ao grupo de Euclério em Cariacica, e vai para o Patriota, onde irá tentar uma vaga à Assembleia.
Em Vila Velha, a situação é mais cômoda. O vice-prefeito Victor Linhalis (Podemos) vai disputar uma vaga à Câmara Federal, mas o principal motivo da disputa é fortalecer a chapa federal do partido, que estava com dificuldades. Claro que Linhalis vai disputar pra valer. Se for eleito, está no lucro. Se não for, também, uma vez que vice não precisa se afastar e nem renunciar ao cargo para concorrer.
As consequências
Caso os vices sejam eleitos, terão de renunciar ao cargo na prefeitura para assumir a vaga parlamentar, seja na Assembleia ou na Câmara Federal. Isso coloca os presidentes das Câmaras de Vereadores na linha sucessória direta para assumir a prefeitura em caso de afastamento do prefeito eleito.
Em Vitória, se Estéfane for eleita, quem assumirá a prefeitura na ausência de Pazolini a partir do ano que vem será o presidente da Câmara de Vitória, posto ocupado hoje pelo vereador Davi Esmael. Em Vila Velha, o presidente é o Bruno Lorenzutti. Em Cariacica, é o vereador Lelo Couto. E, na Serra, o presidente é Rodrigo Caldeira.