O ex-vice-governador e presidente do PSD capixaba, César Colnago, disse que ainda não foi batido o martelo sobre quem será o candidato ao governo do partido e que a decisão será tomada na convenção – que deve ocorrer até dia 5 de agosto. Colnago e o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon disputam ser o nome do partido na corrida ao Palácio Anchieta.
“Vai ser escolhido na convenção, todo mundo agora é pré-candidato”, disse Colnago após ser questionado quem seria o candidato do partido no programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, veiculado ontem (28) na Jovem Pan News Vitória (90.5 MHz).
Colnago deixou o PSDB após 30 anos por não encontrar espaço na sigla para viabilizar uma candidatura ao governo. Disse que chegou a levar a questão para o PSDB nacional, mas não encontrou apoio. O partido não chegou a negar a possibilidade dele concorrer, mas também nunca admitiu que poderia ter uma candidatura própria.
“Não respeitaram a minha história. Eu percebia o partido com tendências claras de fazer uma aliança com o atual governo, que eu tenho lá as minhas críticas. Isso pode até acontecer, mas que fosse feito no momento certo, nas convenções. Porque no jogo político, o partido ter candidatura própria o fortalece até para negociar posições mais estratégicas”, disse Colnago.
Pela proximidade que tem com Zé Carlinhos, Colnago disse que decidiu se abrigar no PSD, mas admitiu que não foi prometida a ele a candidatura ao governo. “Minha conversa com Zé Carlinhos foi colocada de que eu iria disputar a majoritária, que pode ser governo, vice ou Senado. Claro que se perguntar o que eu prefiro, eu prefiro ser candidato a governador. Mas isso vai depender das conversas internas. A entrada do Guerino já era previsível. Já fui para lá sabendo que ele iria para o PSD e poderia disputar o governo”.
Guerino renunciou à Prefeitura de Linhares e deixou o MDB, partido em que esteve filiado por 26 anos, para também disputar o governo. Ele se filiou ao PSD e já protagonizou propaganda partidária do PSD subindo as escadarias do Palácio Anchieta. Ao que tudo indica, Guerino deve ser o candidato ao governo do partido.
Mas se não tinha a garantia de disputar o governo, por que Colnago resolveu deixar o PSDB e se filiar ao PSD? A situação não seria agora a mesma encontrada no ninho tucano?, questionou a coluna a Colnago. O ex-vice-governador, porém, disse que “não”, que a situação é diferente.
Ele contou que não foi dada a ele nem a opção de disputar o Senado ou a vice, numa possível composição com o governo Casagrande. “No PSDB não estava colocada nenhuma candidatura majoritária pra mim, nem governo, nem vice, nem Senado. Se no PSD, o candidato ao governo for Guerino, ótimo, vamos tentar outro espaço”.
Apesar da incerteza, Colnago disse que não se arrepende de ter trocado de partido e mostrou ainda ter ressentimento do antigo ninho. “Pela minha história no PSDB o trato não foi o que eu merecia. Eu merecia ser tratado como um potencial candidato”.
Alianças
Colnago também foi questionado sobre possíveis alianças com o PT ou com o PSB, uma vez que os presidentes dos dois partidos – Jackeline Rocha, do PT, e Alberto Gavini, PSB – disseram que já teriam conversado com lideranças do partido e com Guerino Zanon. O presidente do PSD disse que não participou de nenhuma conversa, mas descartou que o partido possa fazer uma composição com Casagrande e abrir mão da candidatura própria.
“Caminhar com o governador, uma vez que o PSD tem colocado uma candidatura própria, acho pouco provável. Casagrande está na função dele, de tentar fazer a aliança maior possível, mas acho que o PSD vai tentar até mais que uma candidatura majoritária”.
Quanto a uma aliança com o PT, Colnago não fechou as portas. “Não tenho a informação de uma possível aliança. Não acho que seja algo simples ou fácil. Mas, em política, muitas vezes a gente consegue buscar o que nos converge. Por uma ação estratégica, podemos juntar, não é impossível”.
Culpa do Neucimar?
Como agora presidente estadual da legenda, Colnago disse que está à procura de uma sede física para o partido. “Estou começando a estruturar as coisas. Vou colocar sede, uma secretária, porque não tem nada, se procurar a sede do PSD, você não acha. Mas a culpa não é do Zé Carlinhos não”. Perguntado então se a culpa seria do ex-presidente da sigla Neucimar Fraga, Colnago riu e depois respondeu: “É de quem estava na presidência, né? Zé Carlinhos entrou agora e eu estou começando”.
Em tratamento
Durante a entrevista, Colnago teve de fazer algumas pausas por conta de sua condição de saúde. Ele está concluindo ainda um tratamento após pegar uma virose que evoluiu para uma infecção respiratória das vias aéreas superiores. Ele está à base de antibióticos e a entrevista precisou ser feita pelo telefone.
“Não daria anistia”
Ao ser questionado sobre o episódio da greve da PM, em que estava como governador interino, Colnago disse que foi um momento tenso e desafiador, mas que tudo que precisava ser feito, foi feito. Questionado se teria dado anistia geral a todos os policiais envolvidos no movimento, Colnago disse que não. “Foi um momento muito desafiador, tentei me portar com muito equilíbrio e determinação. É uma categoria importante, mas a Constituição não prevê esse movimento. Eu não tive acesso à análise e ao processo interno (para dar a anistia). A principio, não sei se eu naquele lugar (governador) faria isso. Provavelmente eu não teria dado a anistia”.
Tudo pacificado
Colnago também foi questionado sobre a disputa acirrada que teve com o ex-prefeito Max Filho pelo comando estadual do PSDB que, na época (2017) gerou ruídos. Segundo ele, tudo já foi superado e pacificado. “Foi uma das disputas mais bonitas que fizemos, completamente limpa. Nunca tivemos nenhum problema pessoal por isso. Ele lutou para ser presidente e eu também. Disputamos e ganhei por muito pouco, mas não chegamos a romper”, disse Colnago.
Na íntegra
A entrevista do ex-vice-governador César Colnago na íntegra com essas e outras questões, como seu hobby de tocar saxofone e as articulações nacionais do partido, apoio a presidenciáveis, influência do ex-governador Paulo Hartung e o rumo que a sigla vai tomar no Estado estão aqui: