O presidente do PSB capixaba, Alberto Gavini, pretende abrir novas conversas com o PT a partir da semana que vem. A retomada das reuniões vem após o PSB nacional oficializar, em evento nesta sexta-feira (08), o nome do ex-governador paulista Geraldo Alckmin para ser o vice na chapa do ex-presidente Lula. Embora a questão ainda tenha que passar por votação interna no PT, a indicação do nome socialista dá o start para os arranjos na esfera estadual.
“O PSB ficou de acertar o vice para o Lula. Fizemos nossa parte, o Alckmin foi filiado e agora vamos aguardar a decisão do PT. Mas, enquanto eles ajustam lá, nós ajustamos cá”, disse Gavini, indicando que o “ajuste” tem a ver, principalmente, com a candidatura ao governo do Estado.
O assunto já foi pauta entre os dois partidos, mas quando ainda se discutia a possibilidade de uma federação entre o PSB e o PT. Como o casamento não vingou, as duas legendas passaram a discutir uma aliança, mais light, que consistiria numa coligação nacional, mas sem uma imposição obrigatória nos estados. A parceria em cada ente da federação passaria a ser debatida, caso a caso.
Questionado se a indicação de Alckmin, para uma aliança nacional com o PT, dava sinal verde para que o PSB cobrasse apoio dos petistas em alguns estados, Gavini disse que isso está no radar. “O PSB está conversando sobre isso. Em alguns lugares não será possível, como em São Paulo e em Pernambuco. Mas, aqui, nós vamos retomar nossa conversa com os petistas na semana que vem, para ver se a gente encontra uma saída que satisfaça o PSB e o PT”.
“Qual saída poderia satisfazer o PSB?”, questionou a coluna “De Olho no Poder”. E Gavini respondeu: “Nós não temos nenhum problema com a candidatura do Contarato, mas seria muito bom se não tivesse a candidatura dele. Mas, não quer dizer que isso seja um problema, porque nós entendemos o processo democrático, entendemos que havendo um segundo turno, estará todo mundo junto. Evidentemente que nós poderíamos reunir mais forças se ficássemos juntos”, avaliou o presidente socialista.
Gavini admite que o projeto do PSB é ganhar a eleição no primeiro turno. “Da nossa parte queremos simplificar ao máximo as coisas, ter um processo eleitoral mais rápido, reduzir custos de campanha, encerrar no primeiro turno. O PSB respeita todos os movimentos, não tem nenhum problema em ter uma candidatura do PT, mas estamos conversando para ter um caminho melhor, essa é a ideia”.
Além dos motivos elencados pelo presidente socialista, há outro em jogo. Duas candidaturas do mesmo campo ideológico têm o potencial de dividir votos e, de quebra, fortalecer uma candidatura do campo oposto. É esse cálculo político que MDB, PSDB, Cidadania e União Brasil estão fazendo nacionalmente, aparando as arestas para apresentarem um candidato único do bloco à Presidência da República.
Mas, se a avaliação é que Contarato tira votos de Casagrande e o ideal para o PSB seria que os dois estivessem juntos, o que poderia oferecer o PSB, em troca da retirada da candidatura de Contarato, para satisfazer o PT?
Majoritária no jogo?
Gavini deixou claro qual a “saída” que satisfaz o PSB. A coluna perguntou, então, o que o PT teria em troca se aceitasse retirar a candidatura de Contarato, além do apoio nacional a Lula. “A indicação de nomes na chapa majoritária estaria na mesa de negociações? O PT poderia indicar o vice ou o senador na chapa de Casagrande?”, questionou a coluna.
“Vamos iniciar essa conversa. Antes, não tinha nada resolvido nacionalmente, era um outro tipo de conversa. Agora, tivemos esse avanço nacional. É um novo momento. Acho que aqui no Espírito Santo não será problemático de resolver. Vamos chegar a um bom termo aqui”, disse Gavini.
Embora não tenha nem admitido e nem descartado ter o PT na indicação de nomes para a chapa majoritária, só a avaliação da possibilidade já deixa outros aliados de cabelo em pé. A indicação ao Senado, que é o posto mais concorrido, tem pelo menos três nomes na disputa: o deputado federal Da Vitória, pelo PP; a senadora Rose de Freitas, hoje dona da vaga em disputa, pelo MDB; e o ex-secretário da Segurança Pública Coronel Ramalho, pelo Podemos.
Ramalho chegou a ensaiar migrar para o União Brasil para poder disputar o Senado, mas o Podemos e o governador entraram em campo para segurar Ramalho no partido da base aliada. O Podemos garantiu que Ramalho terá a vaga. Já se terá o apoio do governador, são outros quinhentos.
Mesmo que sejam colocados na mesa, dificilmente quem herdará o apoio do Palácio Anchieta na disputa ao Senado Federal e o nome do vice na chapa do governo serão definidos agora. Mas, o PSB tem margem para negociar. O PT estaria disposto a abrir mão da candidatura própria ao governo do Estado? A conferir na próxima coluna.