Quem vai receber o apoio dos 10 maiores partidos do ES? Parte I

Símbolos dos partidos / crédito: Câmara dos Deputados

A Justiça Eleitoral divulgou o tamanho de cada partido com representação no Estado, segundo o número de seus filiados. A coluna “De Olho no Poder” mostrou, na última terça-feira (05), que o PT foi o partido que mais cresceu em dois anos (14,58%) e que o MDB, apesar dos perrengues, é a maior legenda do Estado, com 36.927 filiados. Já o União Brasil foi o que mais diminuiu (37%), se comparado à junção dos membros do PSL e do DEM em 2020.

Somados, os 10 maiores partidos – MDB, PDT, PT, PP, PSDB, PSB, PTB, União, Cidadania e PL – têm 231.014 filiados e, desses, apenas quatro anunciaram candidatura própria ao governo para as eleições deste ano – sendo que um deve retirar seu pré-candidato para apoiar outro.

A coluna “De Olho no Poder” traz um panorama com a situação de cada um dos 10 maiores partidos do Estado, com suas articulações, dilemas e o rumo que devem tomar – principalmente a quem apoiarão – nas convenções partidárias que começam daqui a 10 dias.

1º – MDB

O MDB é o maior partido do Estado em número de filiados. Tem 36.927 membros em suas fileiras, uma militância de fazer inveja a qualquer dirigente partidário. Tem tradição, uma trajetória relevante na política capixaba e, para ficar só na história recente, abrigou o ex-governador Paulo Hartung e fez a maior bancada de deputados na Assembleia.

Rose de Freitas, Casagrande e Jacqueline

Porém, a disputa pelo poder e pelo comando da sigla virou uma briga sem fim. A brigalhada, que rachou a legenda ao meio, foi parar na Justiça e o desgaste enfraqueceu a legenda no cenário político, embora ela seja ainda bastante atraente, tendo em vista que é a sétima maior bancada do Congresso – tamanho da bancada se reverte em tempo de TV e quantidade de recursos dos fundos públicos para bancar as campanhas.

O MDB sofreu uma debandada de seus principais nomes de peso na composição das chapas de federal e estadual e não terá candidato próprio ao governo – não por falta de nomes, já que o ex-prefeito Guerino Zanon tentou até o último minuto ter a legenda para a disputa.

A única aposta da legenda para ter algum protagonismo nas eleições deste ano depende de conseguir o apoio do Palácio Anchieta à candidatura à reeleição da senadora e presidente estadual do MDB, Rose de Freitas. Entre tantos pré-candidatos ao Senado buscando o apoio de Casagrande, o governo parece mesmo estar mais próximo de Rose que, na via de mão dupla dessa parceria, leva seu partido para o apoio à candidatura à reeleição do governador Renato Casagrande.

2º – PDT

Com seus 29.371 filiados, o PDT é a segunda maior sigla do Estado e abriga o prefeito da maior cidade capixaba – Sérgio Vidigal, da Serra, que é também a maior liderança do partido. O PDT faz parte da base aliada de Casagrande e Vidigal já declarou apoio ao governador. Nos últimos eventos oficiais do governo estadual na Serra – e foram muitos –, não faltou troca de elogios entre os dois.

Vidigal e Casagrande / crédito: Secom-ES

PDT tem um presidenciável – Ciro Gomes – que foi quem recebeu apoio de Casagrande em 2018 para a disputa presidencial. Esse ano, por conta da aliança fechada entre PT e PSB, Casagrande já declarou que vai votar em Lula, mas não descartou dar palanque para Ciro. Aliás, Casagrande tem dado como justificativa – de seu palanque não ser exclusivo para o petista – justamente a presença de aliados como o PDT. E põe aliado nisso.

Além das entregas no município – só na última semana de eventos oficiais foram pelo menos quatro entregas e ordens de serviço para a Serra –, o governo socorreu o PDT na formação de suas chapas. O PSB cedeu Sérgio Sá, que disputou a Prefeitura de Vitória, para compor a chapa federal. O pai de Serginho, o deputado estadual Zé Esmeraldo, também foi para a sigla, após deixar o União Brasil – que foi para as mãos de Felipe Rigoni, oposição ao governo de Casagrande.

Os deputados estaduais casagrandistas Adilson Espíndula e Alexandre Quintino também foram para o PDT e, nos 45 do segundo tempo, também por uma movimentação do governo, o jornalista e ex-apresentador Philipe Lemos deixou o Avante e se tornou pedetista para disputar vaga à Câmara Federal.

PDT é um dos poucos partidos aliados que, pelo menos por ora e publicamente, não está cobrando do governador indicar alguém para um posto de destaque na majoritária. Também nunca ameaçou deixar a base para negociar o apoio com outro pré-candidato ao governo. Não que essas conversas não possam estar ocorrendo nos bastidores, mas o partido dá sinais de que está “bem, obrigado” do lado que escolheu.

3º – PT

Poucos partidos têm uma militância tão aguerrida quanto o PT. O partido pulou de quinto para o terceiro lugar em número de filiados (de 24.522 para 28.098) e vem com ânimo redobrado – após o abatimento causado pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff – para a campanha de Lula à Presidência.

Na onda gerada pelo primeiro lugar nas pesquisas e com a justificativa de se ter um palanque à altura da estrela do partido, o PT lançou pré-candidatos ao governo em muitos estados, inclusive aqui. E os petistas capixabas lutam por manter a candidatura, que no caso é do senador Fabiano Contarato, mesmo com a aliança nacional com o PSB e mesmo com Casagrande tendo a preferência na disputa, por já estar no cargo.

Nos bastidores, a decisão nacional já estaria tomada – do PT fechar com Casagrande – e ganhou mais força após o ex-governador paulista Márcio França (PSB) se retirar da disputa em São Paulo para apoiar Fernando Haddad (PT). Mas o PT capixaba não quer sair da disputa sem nada, por isso, há discussão ainda sobre as indicações de vice, nome ao Senado e suplentes.

Outro ponto que deve pesar na união de PT e PSB é a federação formada pelos petistas com o PV e o PCdoB. No Estado, os verdes e os comunistas apoiam a reeleição de Casagrande e são a favor que o PT retire sua pré-candidatura própria para que se forme uma frente ampla em torno do governador. O presidente do PSB-ES, Alberto Gavini, disse que a definição não deve passar dessa semana.

4º – PP

Crédito: Assessoria Da Vitória

O Partido Progressista se tornou uma das siglas mais robustas no Estado após atrair diversos parlamentares. Vai para a eleição com nomes de peso, com a intenção de conquistar pelo menos três cadeiras na Câmara Federal e com uma militância que soma 27.177 filiados – o que faz do PP o quarto maior partido do Estado.

Aqui, a legenda sempre esteve na base do governador. Mas seu crescimento exponencial o colocou no páreo para também cobrar um lugar de destaque na mesa de negociações. Um dos principais partidos da base de sustentação do governo Bolsonaro, o PP também abriga o poderoso presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, que, em visita ao Estado, já deixou claro o que espera que o governo dê ao partido: protagonismo. Em outras palavras, a vaga ao Senado ou de vice.

O coordenador da bancada federal, deputado Da Vitória, é o nome a disputar esse “protagonismo” com outras legendas que buscam a mesma coisa. No PP, porém, não há unanimidade com relação ao apoio ao governador Casagrande.

O deputado federal Evair de Melo, vice-líder do governo Bolsonaro e pré-candidato à reeleição, faz oposição ao governador e tem se aproximado de outro pré-candidato ao governo: Guerino Zanon (PSD). O ex-prefeito de Linhares tem tentado a todo custo levar o PP para sua chapa.

Mas, por ora, com a garantia do presidente estadual da legenda, Marcus Vicente, que foi secretário de Casagrande, os progressistas continuam na base aliada do governo.

5º – PSDB

O PSDB tem em seu ninho 25.324 tucanos, é a quinta maior sigla em número de filiados no Espírito Santo e agrega também nomes de peso para a disputa eleitoral. Trouxe de volta o ex-senador Ricardo Ferraço, que estava no DEM/União, e o deputado estadual Sergio Majeski, que deixou o partido do governador (PSB).

No início do governo de Casagrande, o PSDB caminhava na direção oposta ao Palácio Anchieta. O deputado estadual Vandinho Leite, presidente da sigla, chegou a fazer uma oposição ferrenha ao governador na Assembleia, mesmo com outros dois deputados – Emílio Mameri e Marcos Mansur – na base do governo.

Mas, tudo mudou após as eleições de 2020, quando Vandinho e Casagrande começaram a se aproximar. O deputado então levou de vez o PSDB para a base aliada, participa dos eventos do governo – chegando até de helicóptero junto com o governador – e faz elogios à gestão Casagrande.

Vandinho Leite / crédito: Ellen Campanharo

Mas, é aquela história: amigos, amigos. Eleições à parte. Mesmo antes de voltar para o PSDB, já havia nos bastidores uma conversa em andamento cotando Ricardo Ferraço para ser vice de Casagrande. À época, Ricardo estava à frente do União Brasil e havia a possibilidade de levar o partido para a base de Casagrande. Mas, o jogo virou, Ricardo perdeu o partido para o deputado federal Felipe Rigoni, que lançou sua pré-candidatura ao governo.

Ainda assim, a cotação para ser vice migrou com Ricardo para o PSDB e tem sido explorada pela sigla. Vandinho, como político experiente que é, sabe valorizar o passe e já deixou claro que a aliança com o partido não sairá de graça.

Primeiro anunciou no mercado que o PSDB poderia lançar candidatura própria ao governo. Agora, assinou uma resolução – junto com o Cidadania, com quem está federado – condicionando fechar parceria apenas com quem garantir um espaço de destaque à federação.

Então, hoje a situação dos tucanos capixabas é a seguinte: fazem parte da base aliada e dão governabilidade para Casagrande na Assembleia. Mas só irão bater o martelo e apoiar a reeleição do governador se puderem fazer parte da chapa majoritária (Senado ou vice). Correndo por fora, o ex-prefeito e pré-candidato ao governo Audifax Barcelos já convidou o PSDB para ser vice em sua chapa.

 

Na próxima coluna, a situação dos outros cinco maiores partidos capixabas com relação à eleição.