Prefeito perde dois aliados e ganha dois opositores na Câmara de Vitória

Câmara de Vitória

As eleições de domingo não mudaram apenas as configurações da Assembleia e do Congresso. A Câmara de Vitória também terá três novos vereadores a partir do ano que vem, já que os vereadores Denninho Silva (União) e Camila Valadão (Psol) foram eleitos à Assembleia e Gilvan da Federal (PL), à Câmara dos Deputados.

A base aliada do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), perde dois de seus aliados mais aguerridos e ganha dois opositores de peso, que prometem fazer barulho e dar um pouco mais de equilíbrio no jogo de forças entre base e oposição.

No lugar de Camila entra o advogado André Moreira (Psol), seu primeiro suplente. André tem 49 anos, é de Vitória, atua com advocacia trabalhista e previdenciária. Foi conselheiro da OAB e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem por duas vezes, denunciando as celas-contêineres de Novo Horizonte (Serra). Presidiu também o Conselho da Criança e do Adolescente e foi o responsável pela denúncia de fraudes em contratos do Iases que levou à prisão da então diretora do instituto à época (2012).

André Moreira em encontro do Psol

Advogou em favor dos ocupantes no movimento “Ocupa Ales”, em 2013, foi candidato ao Senado em 2014, candidato a prefeito de Vitória em 2016, candidato a governador em 2018 e candidato a vereador em 2020. Sempre pelo Psol. Organizou manifestações contra o governo Paulo Hartung e contra Bolsonaro, mobilizando outdoors contra o Presidente por toda a Grande Vitória.

“Faço militância em defesa desses movimentos e participei de várias manifestações. Organizei as carreatas contra Bolsonaro junto com alguns amigos. Presto assistência também em casos de racismo e homofobia”, disse André, que também é mestrando em Filosofia.

De perfil combativo, já entrou até em brigas contra a Mesa Diretora da Câmara de Vitória, para fazer cumprir lei que reduzia gastos dos vereadores por gabinete. Depois entrou com outra ação contra o vereador Gilvan da Federal, na Casa, por ter sido xingado pelo vereador.

Já no lugar de Denninho, entra o professor de História e ex-vereador de Vitória Vinícius Simões, 45, primeiro suplente do Cidadania – partido do qual Denninho foi eleito em 2020. Vinícius foi vereador por dois mandatos e chegou a ser presidente da Câmara de Vitória.

Em 2020 tentou a reeleição, mas ficou na suplência. De lá pra cá, juntamente com o deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania) – que perdeu a eleição para a Prefeitura de Vitória em 2020 – assumiram o papel de oposição ao prefeito Pazolini, com Gandini discursando na Assembleia e Vinícius com vídeos em redes sociais.

Vinícius Simões na Câmara de Vitória

Nesse ano, Vinícius ensaiou disputar uma cadeira à Câmara Federal, mas recuou para comandar a campanha à reeleição de Gandini, que foi reeleito com 16.948 votos. Com a ida de Vinícius para a Câmara, o Cidadania passa a ser a maior bancada partidária, com três das 15 cadeiras.

Questionado como seria sua atuação de volta ao parlamento, Vinícius respondeu: “Diante da precariedade atual dos serviços públicos, vou para a Câmara defender a população de Vitória. Faltam professores nas escolas, o atendimento na saúde está péssimo, o trânsito da cidade desorganizado, recorde de população de rua, além do desrespeito da prefeitura com nossos aposentados. Vou defender a cidade”.

André e Vinícius devem fazer marcação cerrada na oposição ao prefeito Pazolini, juntamente com Karla Coser (PT). A oposição aumenta, assim, de duas para três cadeiras. Até o momento. Isso porque não se sabe ainda como será a presidência do vereador Armandinho Fontoura (Podemos), que já foi contrariado pelo prefeito com um orçamento menor do que gostaria para gerir a Casa.

Já no lugar de Gilvan entra o assessor parlamentar da Câmara de Vila Velha Leonardo Monjardim, 49, que é também o presidente do partido Patriota em Vitória. Leonardo é formado em Direito, pós-graduado em Gestão Pública, Gestão de Cidades e Planejamento Urbano. Já foi subsecretário de Cultura, Turismo e Desenvolvimento Econômico de Vila Velha. E também já atuou na Casa Civil do governo do Estado.

Monjardim e Pazolini em encontro na terça (04)

Monjardim disse que terá postura “republicana” com o prefeito. “Minha postura na Câmara vai ser republicana, vou apoiar o prefeito em tudo que for bom para a cidade e quando compreender que não é algo que a sociedade entenda ser bom, vou tomar minha posição. Não vejo a política como (ter) adversário e inimigo, temos que ser propositivos, contribuindo dessa forma, apontando e fiscalizando”.

No Instagram, Monjardim postou uma foto com o prefeito. Questionado, disse que foi um encontro casual ao participar de um evento no auditório da Prefeitura na última terça-feira (04). Porém, interlocutores do prefeito disseram que Monjardim pediu a agenda para afirmar que quer fazer parte da base aliada de Pazolini.