O espírito natalino parece ter quebrantado os corações nesse final de ano. Só ele mesmo para juntar o governador Renato Casagrande (PSB) e alguns dos seus mais críticos opositores na Assembleia num almoço no Palácio Anchieta, que ocorreu na tarde de quarta-feira (21).
Dos 30 deputados estaduais, 24 compareceram, entre eles o presidente da Casa, Erick Musso (Republicanos) – que há muito tempo (cerca de dois anos) não comparecia a eventos públicos com a presença do governador –; os deputados Torino Marques (PTB) e Danilo Bahiense (PL), que fazem parte da oposição; e o deputado Capitão Assumção (PL), o mais ácido nos ataques a Casagrande na Ales, respondendo, inclusive a processos na Justiça movidos pelo governador.
Assumção foi um dos alvos da operação da Polícia Federal que mirou acusados de criar e compartilhar fake news e de fazer ataques ao STF, assim como a seus ministros, e ao Estado Democrático de Direito. Contra ele, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão e medida cautelar de colocação de tornozeleira eletrônica, entre outras medidas. As petições foram feitas pelo Ministério Público do Estado (MP-ES).
Na última segunda-feira (19), Assumção compareceu à diplomação. Ele foi reeleito como o segundo deputado estadual mais votado (98.699 votos) e houve dúvidas se ele poderia estar na solenidade, uma vez que uma das medidas seria o não comparecimento em eventos públicos.
Porém, a chefe do MP-ES, Luciana Andrade, disse que a ida dele à diplomação não acarretaria em descumprimento judicial. Questionado se o deputado poderia ter participado da solenidade, ela respondeu: “Poderia sim. Ato legal que ele tem de participar, é responsabilidade dele enquanto parlamentar eleito. E trata-se de uma solenidade judicial”, avaliou.
Abacaxi? Só na sobremesa
Deputados procurados pela coluna disseram que o clima do almoço foi de confraternização. O governador cumprimentou todos os deputados, agradeceu pelos projetos do governo que foram aprovados na Assembleia, citou que há divergências de ideias, mas que sempre prezou pelo respeito. Erick sentou na mesa dele.
“O que me fez ir (ao almoço) foi a responsabilidade institucional e a credibilidade que os deputados depositaram em mim por três vezes. O almoço não foi com os deputados da base (aliada) e sim com a Assembleia e eu, até dia 31 de janeiro, sou presidente (da Ales)”, justificou Erick.
O chefe da Casa Civil, Davi Diniz, estava presente. Foi ele quem fez o convite para todos os deputados e fez questão de telefonar para Assumção reforçando o convite. Faltaram os deputados: Hércules Silveira, Sergio Majeski, Carlos Von, Marcos Mansur, Theodorico Ferraço e Renzo Vasconcelos.
Procurados, Majeski disse que não quis ir e Hércules, mais incisivo, respondeu: “Não fui e nem irei a eventos com o governador”. Majeski sempre foi independente e não muito chegado a esses encontros. Mas Hércules ainda está chateado por conta da eleição. Ele culpa o governador e o PSB de não tê-lo ajudado e, por isso, não ter sido reeleito.
O cardápio contou com frango desfiado, carne de porco, chester e bacalhau. Além de torta de abacaxi de sobremesa. Mas o rega-bofe também serviu para alinhar o projeto da Mesa Diretora da Ales que aumenta os salários do governador, do vice, dos secretários e dos deputados estaduais. O projeto foi votado e aprovado na sessão da tarde desta quinta-feira (22).
O governador também alinhou com os deputados que a partir da semana que vem vai abrir as discussões sobre a Mesa Diretora. Os parlamentares serão chamados para uma conversa com Casagrande e com Davi Diniz, para passar suas impressões, a quem apoiam e ver quem se viabiliza.
Hoje, quatro nomes estão cotados: Dary Pagung (PSB), João Coser (PT), Marcelo Santos (Podemos) e Tyago Hoffmann (PSB). E há a formação de um blocão que contaria com cerca de 20 deputados eleitos (entre novatos e reeleitos). Se o blocão vingar, facilita a vida do governo na distribuição das comissões da Ales, principalmente as mais importantes como Finanças e Justiça.