Ao menos cinco capixabas – quatro homens e uma mulher – que saíram do Espírito Santo em caravanas para Brasília estariam presos na capital federal por envolvimento nas invasões e atos de vandalismo às sedes dos Três Poderes. Eles teriam sido autuados em flagrante e já transferidos para o Complexo Penitenciário da Papuda e para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal.
O número de capixabas presos, porém, pode ser maior, já que outros 15 passageiros não teriam aparecido no acampamento desde a noite de domingo (08).A informação é de um dos organizadores da caravana que, sob anonimato, deu uma entrevista exclusiva para a coluna De Olho no Poder.
Ele contou que seis ônibus saíram do Estado rumo à capital federal, sendo que dois tiveram como ponto de partida o “QG da Prainha”, em Vila Velha, e outros quatro saíram da Grande Vitória e do interior do Estado, passando por Cachoeiro, Colatina, Aracruz e Linhares. Um deles passaria para pegar passageiros em Minas Gerais também.
Os cinco presos seriam do interior do Estado (Cachoeiro e Linhares) e iriam passar por audiência de custódia ainda nesta segunda-feira (09). Dois advogados de Brasília estariam à frente da defesa dos capixabas e estaria acompanhando as audiências que teriam começado na manhã de hoje.
Segundo um dos organizadores, os ônibus deixaram o Estado lotados entre quinta-feira e sábado. Os que passaram pelo interior e por Minas contariam com 167 passageiros, com cada ônibus tendo de 39 a 44 passageiros cada. Os dois que saíram da Prainha também teriam na faixa de 40 passageiros cada um.
Cada ônibus custou R$ 18 mil. E quatro, dos seis ônibus, foram patrocinados por empresários. A passagem ficou entre R$ 400 e R$ 580 (com hospedagem para dois dias). Algumas pessoas (mais velhas) ficaram hospedadas em hotel e a maioria foi recebida no acampamento bolsonarista montado em Brasília.
Segundo um dos organizadores, o objetivo, desde que a caravana saiu do Estado, era ocupar os prédios dos Três Poderes, mas sem depredação. Porém, durante a invasão, a situação teria saído do controle.
“A convocação foi nacional e a ideia era ocupar e ficar ali dentro, uns quatro, cinco dias até ter um posicionamento do Exército. Mas sem depredar nada. Mas a situação saiu do controle, teve gente que urinou e defecou lá dentro. Outros roubaram armas, tinha mais de 100 armas, muitas Ponto 40 (modelo) lá. Nós vimos os furtos, mas nosso grupo não depredou e nem roubou nada”, disse um dos organizadores da caravana que é também o líder de um dos movimentos que apoia Bolsonaro no Espírito Santo.
Segundo ele, dois dos ônibus que saíram do Estado estariam retidos em Brasília. “Nós íamos sair de lá ontem à noite (domingo), mas algumas pessoas se perderam e teve essas que foram presas. Os outros ônibus conseguiram sair, mas dois ainda estão aqui. Eu mesmo estou escondido. O bicho está pegando”.
Questionado, ele não passou o nome dos presos e nem o perfil. Disse apenas que a maioria dos passageiros dos ônibus era formada por aposentados. Segundo ele, os cinco foram presos na garagem do Supremo Tribunal Federal.
“Eles estavam lá dentro, tirando foto e fazendo vídeo. Aí a polícia entrou e fechou tudo, eles não conseguiram sair. Foram detidos na garagem. Foi burrice deles ter ficado lá dentro e ainda ter feito vídeo”, disse o organizador que não soube dizer em que os presos foram autuados.
A Polícia Civil do Distrito Federal foi acionada pela coluna, mas disse que, por estar numa força-tarefa autuando mais de 400 detidos nos atos em Brasília, não poderia confirmar a região de todos os detidos e autuados.
A Secretaria de Justiça e Cidadania foi acionada e ainda não retornou ao contato da coluna e a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape) do DF disse que ainda está recebendo os autuados e que não teria condições de confirmar a origem do Estado na data de hoje. O sistema prisional do DF já teria recebido 176 dos 204 autuados até o momento.
Também foi questionado à Seape se os presos de outros estados seriam transferidos. A assessoria de imprensa da Secretaria disse que ainda é cedo para tal avaliação.
Em breve mais informações.