A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (24), a segunda fase da operação Corsários que apura crimes cometidos na Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa). Entre os alvos estão o primeiro suplente da senadora Rose de Freitas (MDB), Luiz Pastore (MDB), um ex-assessor da senadora e um ex-servidor da Codesa. A informação foi confirmada pela própria senadora.
Foram expedidos oito mandados de busca e apreensão para o Espírito Santo, São Paulo e Distrito Federal por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão do envolvimento de autoridades com foro privilegiado. Desses, três foram cumpridos no Estado.
A Polícia Federal não informou o nome dos alvos, mas a coluna De Olho no Poder apurou com a senadora Rose de Freitas, que falou exclusivamente com a coluna. Ela confirmou que um dos alvos de um mandado expedido para São Paulo foi contra seu suplente.
“Os mandados não foram só aqui. Teve em São Paulo também, contra o Pastore. Eu não sei o motivo”, disse a senadora que também admitiu conhecer outros dois alvos dos mandados expedidos no Estado. “Falaram que são meus assessores, mas não são. Um trabalhou comigo há mais de 15 anos e o outro atuou na Codesa, uma pessoa seríssima, mas também não atua mais”.
No Estado, os alvos dos mandados de busca e apreensão seriam três pessoas físicas ligadas à senadora. Um deles atuou na Codesa e foi exonerado em março de 2019. Na época, ele ocupava o cargo de coordenador de arrendamentos e contratos. O outro teria sido assessor da senadora e também com passagens pela companhia. Ele também foi demitido em março de 2019.
Rose não citou o nome de atuais assessores alvos dos mandados, mas a coluna apurou que entre os oito também estaria um dos motoristas da senadora, o que atua em Brasília. A Polícia Federal teria apreendido dois celulares do profissional.
Segundo a Polícia Federal, a operação apura supostos desvios de dinheiro público em contratos firmados com a Codesa e os “investigados devem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de peculato, crimes licitatórios, corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro”, segundo nota da Polícia Federal.
Na primeira fase da operação, deflagrada em maio de 2021, um irmão e um assessor da senadora Rose foram presos por supostamente fraudarem contratos na companhia. Os dois teriam influenciado na escolha de empresas que prestariam serviços à Codesa e promovido desvio de dinheiro por meio de superfaturamento de contratos. Segundo as investigações, a organização criminosa atuou na Codesa entre os anos de 2015 e 2018.
A senadora também foi alvo da operação na primeira fase, quando foi cumprido um mandado de busca e apreensão em seu apartamento funcional, em Brasília. Na época, a senadora negou qualquer envolvimento no esquema criminoso.
Hoje, ela também disse que não teve acesso ao processo, por correr em sigilo, e que não sabia dizer detalhes sobre as ações da Polícia Federal. Também disse ser inocente e negou qualquer irregularidade.
“Fui surpreendido”
Pastore chegou a assumir duas vezes o cargo de senador. A primeira, em novembro de 2019, com a licença médica de Rose que durou até março de 2020. A segunda foi no ano passado, quando a senadora se licenciou para a disputa eleitoral.
Após a publicação da coluna, Pastore enviou uma nota afirmando que foi surpreendido pela operação policial em sua residência. Ele também disse que nada foi apreendido e que não tem conhecimento do que teria motivado a operação.
“Na data de hoje (24) fui surpreendido com a realização de busca e apreensão em minha residência, cumprida na mais absoluta normalidade, com menos de meia hora de duração, sendo que nada foi apreendido. Ressalto que estou à disposição da Justiça, não tendo mais o que comentar até ter acesso ao teor da decisão que decretou a medida, sobretudo considerando que não tenho conhecimento das razões desta ordem ou do processo onde foi proferida”, diz a nota.
A Codesa também foi procurada e também se manifestou por meio de nota: “O Porto de Vitória informa que a investigação conduzida pela Polícia Federal (Operação Corsários) está relacionada a períodos anteriores ao processo de desestatização. Cumpre esclarecer que supostas ilicitudes praticadas, ora objeto de escrutínio e apuração, ocorreram antes que a companhia fosse transferida à gestão privada, em setembro de 2022. O Porto de Vitória se colocará à disposição das autoridades competentes para colaborar irrestritamente com as investigações em curso”. O local não foi alvo da operação.
Os demais alvos não foram localizados. Assim que houver manifestação dos citados, a coluna será atualizada.
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